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Zeo Guinle apresenta Zero Gravity Music, gravadora 100% Dolby Atmos, e comenta novos projetos

Unindo carreira global e raízes locais, Zeo Guinle aposta em tecnologia, colaboração e espiritualidade

  • Nazen Carneiro
  • 2 October 2025

Com mais de 20 milhões de streams acumulados e inúmeras apresentações por todo o Brasil e diversos países, Zeo Guinle ocupa um lugar central na música eletrônica brasileira. Em um momento de expansão criativa, o artista conecta carreira internacional, pesquisa tecnológica e iniciativas coletivas que ampliam sua atuação como produtor, DJ e empreendedor cultural.

A trajetória de Zeo Guinle combina experiências em palcos icônicos, de Tomorrowland Brasil a Rock in Rio no Rio e em Lisboa, Watergate, Sisyphos e Ritter Butzke, em Berlim. O artista da D-Agency, residente do consagrado club D-Edge desdobra-se no tempo e espaço para estar também à frente da gravadora Zero Gravity Music e da produtora Vortex Immersive. Ambas iniciativas de tecnologia de ponta, envolvendo o som espacial criado com Dolby Atmos aplicado tanto no cinema como na indústria fonográfica.

Criar uma gravadora 100% Dolby Atmos está chamando a atenção e já tem o primeiro lançamento marcado, com Majoness e também contrato assinado para um Remix do head chief da PIV Records, o holandês Prunk. Zeo Guinle, aposta no áudio espacial como caminho para posicionar a música eletrônica no mais alto nível do que está sendo feito no Brasil e lá fora.

Essa visão está também nas colaborações artísticas. O duo Mensageiros do Invisível, criado em parceria com Pérola Bonfanti, combina performance ao vivo, ancestralidade e música eletrônica em uma fusão que já se reflete em gravações e apresentações. Em paralelo, Zeo Guinle integra o projeto Batida de Todos os Santos, que conecta música, espiritualidade e eventos que exploram matrizes afro-indígenas e a diversidade cultural brasileira e global.

Entre os palcos internacionais e os projetos que lidera no Brasil, o artista e empreendedor constrói um percurso que equilibra carreira individual e iniciativas coletivas. O resultado é uma produção que circula globalmente, mas mantém vínculos profundos com a cena local e com novas tecnologias. É nesse contexto que Nazen Carneiro bateu um papo com Zeo Guinle que você confere com exclusividade na Mixmag Brasil! Confira a entrevista que aborda desde o impacto de sua trajetória até os rumos futuros de seus projetos e não esqueça de dar o play nesse set quentinho, gravado no D-Edge São Paulo.

Q+A: Zeo Guinle

Zeo, você faz parte do seleto grupo de artistas brasileiros com mais de 20 milhões de streams acumulados na carreira. Como você enxerga esse reconhecimento global e de que forma ele influencia suas escolhas como produtor e DJ?

Eu vejo esses números não apenas como uma métrica de sucesso, mas como a prova de que a música estabelece conexões reais, quebrando barreiras geográficas e culturais. É uma honra e uma grande responsabilidade.

Esse alcance global me incentiva a continuar explorando sonoridades autênticas e, ao mesmo tempo, universais. Na prática, isso me dá mais liberdade no estúdio para experimentar e a certeza de que existe um público receptivo a novas ideias. Como DJ, me motiva a criar sets que sejam uma jornada, refletindo essa diversidade de ouvintes que me acompanham ao redor do mundo.

Sua trajetória inclui passagens por festivais de peso e clubes icônicos como Watergate na Alemanha, o festival Rock in Rio muitas vezes, incluindo 1 edição em Lisboa... Qual experiência recente mais marcou você e de que forma ela reflete a fase atual da sua sonoridade?

Cada palco tem sua magia, mas a experiência que me marcou profundamente foi minha última turnê pela Europa em julho, passando por Berlim, Lisboa, Londres e Viena. Entre todas as apresentações, destaco a gig no Ritter Butzke, em Berlim, onde toquei por 6 horas para um público maravilhoso.

Esse long set me deu a liberdade de construir uma verdadeira jornada sonora, testando músicas inéditas e explorando camadas da minha sonoridade atual. A troca com a pista foi incrível e essa noite refletiu exatamente a fase que vivo: a de criar experiências longas e narrativas, onde a música tem tempo para respirar e envolver o público completamente.

Seu set de Setembro no D-Edge São Paulo chamou a atenção por sua energia e profundidade. O que você buscou transmitir nessa apresentação e como ela se conecta ao momento que você vive artisticamente?

O D-Edge tem uma atmosfera única que permite explorar camadas mais complexas da música. Como estava fazendo o warm up, tive duas horas e meia para construir a narrativa. Minha intenção foi criar uma jornada sonora que mesclasse momentos de introspecção com picos de energia, mas sem euforia.

Quis levar o público a uma viagem, usando faixas com muita textura e profundidade, que funcionam muito bem no sound system do club. Esse set é um retrato fiel do meu momento atual: focado em construir experiências, não apenas tocar faixas. É sobre profundidade, conexão e a busca por um som que te movimenta por dentro e por fora.

A música imersiva, ou áudio espacial, é para mim o futuro da experiência musical. Na música eletrônica, que é tão rica em detalhes e texturas, essa tecnologia permite criar um universo sonoro tridimensional, onde cada elemento tem seu espaço e movimento. O ouvinte deixa de ser um espectador e passa a estar 'dentro' da música.”

A gravadora Zero Gravity Music surge como um braço de extensão do seu trabalho criativo. Como essa iniciativa nasceu e de que forma ela dialoga com sua identidade como artista?

A Zero Gravity Music nasceu da necessidade de ter um espaço para materializar uma visão artística sem amarras.

Sempre fui movido pela inovação, e senti que era o momento de criar uma plataforma não só para a minha música, mas também para outros artistas que compartilham da mesma busca por um som que vá além do convencional.

A gravadora dialoga diretamente com minha identidade, pois ela se baseia na liberdade criativa e na exploração de novas fronteiras sonoras, especialmente com a tecnologia imersiva.

A escolha por lançar uma gravadora 100% em Dolby Atmos é ousada. Qual impacto você acredita que essa tecnologia pode trazer para a experiência da música eletrônica e para a cena brasileira?

A música imersiva, ou áudio espacial, é para mim o futuro da experiência musical. Na música eletrônica, que é tão rica em detalhes e texturas, essa tecnologia permite criar um universo sonoro tridimensional, onde cada elemento tem seu espaço e movimento.

O ouvinte deixa de ser um espectador e passa a estar 'dentro' da música. Para a cena brasileira, acredito que o impacto será imenso. Estamos posicionando o Brasil na vanguarda da produção de música eletrônica imersiva, abrindo um novo campo de exploração para produtores e oferecendo ao público uma forma completamente nova e mais profunda de se conectar com a música.

A Vortex Immersive une música e cinema em um mesmo espaço de produção. Como essa proposta amplia seu papel como produtor e abre caminhos para novas linguagens?

A Vortex Immersive é um projeto que nasceu da minha sociedade com o Fabio Carneiro, um profissional premiado e com vasta experiência em cinema. Nós somos sócios na infraestrutura física e tecnológica do estúdio, o que nos permite ter uma instalação de ponta. Juntos, realizamos projetos que se beneficiam dessa união, principalmente no campo do cinema e do audiovisual.

Paralelamente, os projetos focados em música e áudio imersivo são assinados e conduzidos pela minha empresa, a Zero Gravity Produções Artísticas, que opera dentro da Vortex Immersive. É através da Zero Gravity que oferecemos ao mercado serviços como produção musical, mixagem e masterização para outros artistas, desenvolvimento de instalações imersivas, projetos para eventos corporativos e, claro, toda a mixagem em Dolby Atmos para a nossa gravadora.

É um modelo que valoriza a colaboração e a expertise de cada um. Temos um hub criativo de altíssimo nível onde podemos tanto unir forças em projetos cinematográficos quanto desenvolver nossos trabalhos de forma independente, com total sinergia.

O duo Mensageiros do Invisível, formado em parceria com Perola Bonfanti, marca uma nova etapa da sua carreira e que ja conta com um hit de mais de 250 mil streams. O que podemos esperar dessa fusão entre live performance e música eletrônica?

Mensageiros do Invisível é a história de dois mundos que se encontram. De um lado, a energia pulsante da música eletrônica; do outro, a intensidade viva de uma performance humana.

Neste encontro, a Pérola surge como guia, com sua presença de palco magnética e uma voz orgânica que nos lembra que a música nasce do corpo e da alma. Eu, por minha vez, construo paisagens sonoras eletrônicas que dialogam com essa força, criando pontes entre o visível e o invisível.

O projeto nasce de uma pesquisa profunda e de uma reverência às matrizes afro-indígenas, à diversidade cultural brasileira e à riqueza espiritual que nos atravessa. Cada show é um ritual moderno: a estrutura e o impacto da música eletrônica se fundem com a ancestralidade, a vulnerabilidade e o coração de uma banda viva.

O público é convidado a embarcar nessa viagem. É música para dançar, mas também para sentir, se conectar, transcender. Mensageiros do Invisível é mais que som; é ponte, é experiência, é a energia que nos liga a outras dimensões

A estreia nos palcos terá músicas já lançadas e inéditas, e vai rolar esse sábado na Baiuca, no Rio de Janeiro. Como foi o processo de preparar esse repertório e qual atmosfera você pretende criar na estreia ao vivo?

Cada música do Mensageiros do Invisível carrega uma narrativa própria, construída junto a várias entidades - falanges que caminham conosco no nosso desenvolvimento espiritual. Nosso objetivo é honrar e homenagear essas presenças, transformando cada faixa em um canal de conexão entre o público e essas energias.

Na estreia, vamos apresentar quatro músicas já lançadas e três inéditas que fazem parte do nosso primeiro álbum e será lançado futuramente. O processo de preparar esse repertório foi de intenso diálogo entre a música eletrônica e a performance ao vivo, explorando como cada faixa pode evocar emoção, movimento e transcendência.

A atmosfera que queremos criar é imersiva e catártica: um espaço onde o público pode dançar, sentir e se conectar com algo maior, vivendo uma experiência que vai além da música, unindo energia, ancestralidade e sensibilidade contemporânea.

O selo e movimento Batida de Todos os Santos conecta música, espiritualidade e festa. De onde vem a inspiração para esse projeto e como ele se insere na cena atual do Rio e de São Paulo?

A inspiração é a própria fusão de mundos. A 'Batida de Todos os Santos' nasce do diálogo entre o ancestral e o moderno, o orgânico e o tecnológico. É um projeto que mergulha na riqueza da world music de todo o planeta e a conecta com a vanguarda da música eletrônica, resgatando nossa ligação universal com a celebração de uma forma que dialogue com nosso tempo. Essa não é uma jornada solo; é um movimento coletivo que tenho a alegria de construir ao lado dos meus sócios: Patricia Correa, Perola Bonfanti, Arthur Quadros e Raphael Beranger.

Juntos, estamos estruturando o projeto em várias frentes. Já nascemos como um evento, mas também seremos uma gravadora e temos muitos outros desdobramentos por vir. A ideia é criar eventos que sejam mais do que apenas uma festa; que sejam pontos de encontro, de troca de energia e de celebração da nossa diversidade. Em um momento em que as pessoas buscam mais propósito e conexão, acreditamos que esse movimento se insere perfeitamente na cena atual do Rio e de São Paulo, oferecendo uma experiência com mais alma e significado.

O evento de lançamento reúne artistas como Marta Supernova, Beranger, Arthur Quadros e o coletivo Atabloco no Baiuca, espaço já emblemático no Rio. O que essa estreia significa para você e para a consolidação da identidade do projeto?

A escolha do Baiuca DJ Bar para a nossa estreia é profundamente simbólica. O bar está localizado no Santo Cristo, em frente ao Terreirão do Samba, no coração da Pequena África carioca, uma região que é um caldeirão cultural. O Baiuca se tornou um ponto de referência justamente por sua curadoria musical apurada e por fomentar uma cena autêntica, fora do circuito óbvio. É exatamente esse o espírito que buscamos. Essa noite de lançamento será a materialização viva do conceito da 'Batida de Todos os Santos'. Teremos um mosaico de sonoridades que traduzem a fusão que propomos.

A Marta Supernova, uma artista que pesquisa e defende a diversidade na cena, apresentará seu aclamado set 'Slow Afrika', uma imersão em ritmos africanos ancestrais repaginados com a elegância do slow house. O coletivo Atabloco trará a força orgânica e a pulsação da terra, com a performance visceral de seus atabaques e vocais ao vivo.

A noite também marca um momento de grande significado para mim, com a apresentação de estreia oficial do 'Mensageiros do Invisível', meu projeto com a Perola Bonfanti. E, costurando todas essas experiências, eu, o Arthur Quadros e o Beranger, que somos parceiros nesta jornada, traremos a faceta eletrônica e tecnológica do movimento através de nossos DJ sets. Portanto, essa estreia é a nossa declaração de propósito. Reunir esses artistas, nesse local, é o passo fundamental para consolidar a identidade da 'Batida' como um ponto de união e vanguarda na cultura de pista.

Ao mesmo tempo em que mantém sua carreira artística em destaque, você se firma como empreendedor cultural, à frente de plataformas como a Zero Gravity e o Vortex. Como concilia esses dois lados da sua trajetória?

Para mim, esses dois lados não são separados; eles se alimentam. A minha carreira como artista me dá a visão e a sensibilidade para saber o que é relevante e o que falta na cena. O lado empreendedor me dá as ferramentas para construir as plataformas que podem preencher essas lacunas.

A chave para conciliar é ter uma equipe fantástica e uma visão muito clara. A Vortex Immersive e a Zero Gravity são a materialização do meu universo artístico. Elas não tiram o foco da minha música; pelo contrário, a potencializam, criando um ecossistema onde minha arte e a de outros artistas pode florescer.

Olhando para frente, quais são os próximos lançamentos ou colaborações que mais o empolgam e que seus fãs podem esperar?

O futuro próximo está muito empolgante e se desdobra em várias frentes. O foco principal, no lado autoral, é a consolidação do 'Mensageiros do Invisível'. Estamos preparando o lançamento de novas músicas e a turnê do nosso show ao vivo. Um dos próximos singles que mais me anima é a faixa 'Cigano', uma colaboração muito especial que conta com a participação da incrível cantora Maria May e do talentoso violinista Guilherme Pimenta.

Ao mesmo tempo, nossa gravadora, a Zero Gravity Music, está a todo vapor com um cronograma de lançamentos em Dolby Atmos. O destaque iminente é o EP 'I Got It', do artista Majoness, um trabalho que estamos muito orgulhosos de apresentar ao público. Além de tudo isso, estou trabalhando em algumas colaborações internacionais que ainda são segredo, mas que representam a realização de antigos desejos. Resumindo, os fãs podem esperar muita música nova, com a profundidade de sempre, mas apresentada de formas que eles nunca ouviram antes, graças à tecnologia imersiva.

Imagens: Divulgação

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