
Aline Rocha, duas décadas de house e uma trajetória internacional em ascensão
Celebrando energia da sonoridade, artista se prepara para performance no Tomorrowland Brasil
DJ e produtora há duas décadas, Aline Rocha é hoje o nome mais lembrado quando se fala em house music no Brasil. Suas conquistas internacionais e a ousadia de se mudar de país para representar esse estilo musical consolidaram sua trajetória como uma das principais vozes do gênero no Brasil. Agora, ela se prepara para brilhar mais uma vez no Mainstage do Tomorrowland Brasil.
Com uma personalidade vibrante, refletida em seu cabelo ruivo e sua autenticidade, Aline Rocha é reconhecida pela curadoria musical precisa. Referência atual e moderna do house, a artista soma apresentações de destaque como o Dream Park Festival em warm-up para o b2b de Steve Angello e Solomun, sua residência mensal no Hï Ibiza, além de passagens especiais por clubes e festivais icônicos como Café Mambo, Defected Croácia e Tomorrowland Bélgica.
Com uma construção de carreira que celebra a energia do house e comprova que a sonoridade pode se encaixar em qualquer cenário do mundo, a DJ e produtora tem o propósito de apresentar sua verdade para inspirar pessoas.
Enquanto se prepara para sua performance no Mainstage do Tomorrowland Brasil pelo segundo ano consecutivo, conversamos com a artista sobre sua carreira. Leia:

Q+A: Aline Rocha
Você está morando em Londres, certo? Em que momento da sua vida você decidiu sair do Brasil para tentar sua carreira fora dele e qual foi a motivação para isso?
Sim! Moro em Londres há quase 3 anos. Decidi me mudar quando percebi que, apesar dos anos dedicados no Brasil, para expandir meus horizontes e alcançar um público global eu precisava estar em um lugar onde a música eletrônica tivesse ainda mais espaço.
Londres é um centro multicultural e criativo, onde tudo acontece muito rápido.
Essa mudança exigiu coragem; deixar família, amigos e uma carreira dedicada ao Brasil de muitos anos… Mas foi a escolha que me impulsionou a crescer como artista e muito também como pessoa.
Acha que foi a melhor decisão que você poderia tomar? Nos conte um pouco dos últimos cinco anos da sua trajetória.
Sem dúvida. Esses últimos cinco anos foram de muito trabalho, investimento, altos e baixos, mas também de muitas conquistas. Eu praticamente recomecei do zero em outro país, mas com a bagagem que trouxe do Brasil fui construindo novas conexões e abrindo caminhos.
Nesse período, cresci rapidamente e toquei em festivais e clubes que sempre sonhei: Tomorrowland Bélgica, Snow Machine Festival no Japão, Defected Croatia, Creamfields Chile, Beats for Love na República Tcheca, além da residência mensal no Hï Ibiza.
Também vivi momentos marcantes como ser headliner na House of Yes em Nova Iorque, tours pelos EUA e Canadá. Então sinto tudo isso com orgulho, com a certeza de que foi a melhor decisão que poderia tomar.
Sua agenda de apresentações no verão esteve repleta de países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Espanha, Suécia e República Dominicana. Sem contar as performances em locais icônicos, como Hï Ibiza e Café Mambo. Como têm sido esses três meses de gigs?Em que momento da carreira você sente que está agora?
Foram meses intensos de muita logística e pouco sono. Fui para lugares tão diferentes, cada um com sua cultura e energia. A residência mensal no Hï Ibiza e tocar em Malmö, na Suécia, fazendo o warm up para o b2b histórico do Solomun com o Steve Angello foi uma experiência que guardo com muito carinho.
Eu vejo que estou em um momento de afirmação: depois de tanto construir, agora consigo desfrutar mais e mostrar minha identidade de forma sólida e consistente em palcos importantes ao redor do mundo. Esse verão contribuiu ainda mais para minha presença global. Teve um sold out em Nova Iorque, festivais gigantes e tours espalhadas…

Você também é uma das artistas brasileiras a representar o house em clubes e festivais de ponta pelo mundo. Sente que carrega uma responsabilidade de abrir portas para outros talentos do Brasil?
Com certeza, mas não é algo consciente. Em nenhum momento eu penso: “Estou carregando a responsabilidade disso”. Eu venho de uma cidade pequena no interior do Brasil e sei como pode parecer distante ou até impossível chegar a esses palcos.
Então, sinto que estou representando não só a mim, mas muitos artistas brasileiros que também têm esse sonho. É uma alegria, porque quero inspirar e mostrar que é possível. Para mim, é mais uma oportunidade de comemorar e fazer o meu melhor.
Vimos uma publicação no seu Instagram cheia de emoção ao falar do Defected Croatia, quando você foi ao festival como público em 2019. Agora, em 2025, essa será a quinta vez que você se apresenta lá. Como têm sido essas experiências?
É uma história muito especial para mim. Em 2019, fui como público e saí de lá com a certeza de que queria viver aquilo como artista.
Voltar cinco vezes depois, já como parte do line-up, é uma prova de que acreditar no meu sonho valeu a pena.
Cada edição tem uma energia diferente, mas o Defected Croatia sempre traz a mesma essência: uma comunidade apaixonada pelo house, pronta para se divertir e viver a música.
Estar ali, no palco, é emocionante porque reafirma não só a minha trajetória, mas também o propósito maior da minha carreira: levar essa energia a todos os cantos do mundo, mostrando que o house tem lugar em qualquer cenário e em qualquer line-up.
Esse é também o espírito que levo comigo nas tours da Glitterbox, que são sempre cercadas de diversidade, inclusão e música com alma.
Com uma agenda tão intensa e global, como você mantém sua energia criativa e a conexão com o público?
Eu me alimento dessa troca. Seja pessoalmente ou nas redes sociais, eu adoro interagir e me conectar. A minha criatividade é infinita e eu coloco em tudo o que faço: nas músicas que produzo, nos sets que preparo, nas artes de agenda, no meu feed e até nas criações visuais que invento.
É como se eu tivesse várias abas abertas ao mesmo tempo, e cada uma delas vira um espaço para me expressar. Acho que as pessoas se conectam comigo justamente porque se identificam com alguma dessas abas quando me exponho…
Pode ser a música, a estética, ou até a forma como compartilho minha rotina. Além disso, o carinho que eu recebo é combustível que me move e me dá energia para me dedicar cada dia mais.
Cada país, cada cultura, cada pista me traz uma inspiração diferente. Claro que existe cansaço e muitos desafios, mas a música é a força que move tudo.
Fora dos palcos tenho tentado, com uma certa dificuldade, cuidar da minha saúde física e principalmente mental para estar presente de verdade em cada gig.
Saúde mental é um assunto que quero abordar cada vez mais, porque dormindo pouco, comendo o que dá durante as viagens e vivendo essa rotina de tour, adicionando pressão, responsabilidade financeira, entrega, carisma, etc., percebo a importância de tomar certos cuidados para evitar estresse, burnout e ansiedade.
Quero trazer mais luz para esse assunto, sem o romantismo que muitas vezes envolve a carreira de um DJ.
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Em outubro, você se prepara para o seu segundo Tomorrowland Brasil. E nada menos que no Mainstage do festival. Qual o sentimento de se apresentar num palco como esse ao lado de grandes nomes da cena?
É até difícil explicar… O Tomorrowland é um dos maiores festivais do mundo, e tocar no festival pela terceira vez e no Mainstage do Brasil pela segunda vez tem um valor profundo.
É o meu país, é jogar em casa, diante dos meus amigos e de um público que entende o quanto isso significa para um DJ brasileiro (especialmente considerando a nossa história de resiliência e, muitas vezes, de mais dificuldades do que glórias).
É a oportunidade de mostrar a minha verdade e a energia do house em um espaço de tamanha magnitude. Para mim, simboliza não apenas o reconhecimento de onde cheguei, mas também a alimenta a ambição de continuar indo além.
E o que o público pode esperar dessa apresentação?
Podem esperar um set para abraçar os amigos, dançar e até se emocionar. Quero que seja uma experiência de celebração, de alegria e de conexão. Meus sets sempre têm alma, uma narrativa que convida o público a viajar comigo.
No Tomorrowland Brasil vou botar para fora minha alegria, trazer clássicos misturados com novidades, porque além de ser um palco gigante, é um momento de gratidão e emoção pessoal que eu gostaria que o público sentisse comigo. É para curtir a música no talo!
Olhando para tudo o que conquistou até aqui, quais são os próximos passos que você ainda sonha em realizar?
Tenho muitos sonhos, mas meu maior desejo é continuar crescendo sem desespero, de forma consistente e verdadeira.
Quero lançar mais músicas autorais, colaborar com artistas que admiro e conquistar espaços cada vez maiores em festivais globais.
Acima de tudo, quero continuar inspirando pessoas através da música e mostrando que o house tem lugar em todos os cantos do mundo.
Images: Divulgação
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