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Interviews

Falamos com Innellea logo após sua última passagem pelo Brasil

Ele falou sobre sua recente tour, identidade sonora, nova label e visão de futuro

  • Marllon Gauche
  • 29 September 2025

Depois de uma passagem pelo Greenvalley em abril (com set completo disponibilizado em video), Setembro trouxe de volta ao país um dos nomes mais comentados da música eletrônica mundial: Innellea, artista que reafirmou sua sintonia com as pistas brasileiras.

Na sexta-feira, dia 12, o público da Só Track Boa em Belo Horizonte acompanhou um DJ set solo arrebatador e ainda um encontro histórico em formato B3B ao lado de Vintage Culture e Cassian. Já no sábado, dia 13, foi a vez do Ame Club, em Valinhos, receber um dos sets mais comentados do ano - uma performance intensa, acelerada e repleta de novas faixas.

Os comentários na publicação do Ame Club refletem o que foi o set do artista alemão: “Innellea foi a sensação”, “Som possante, fino e de muita qualidade. Espetacular!”, “O melhor da noite!”, “Forte demais”, além de um sentimento em comum: “pareceu que o set passou em cinco minutos”.

Essa forte conexão com o público brasileiro acontece em paralelo a um dos momentos mais importantes da carreira de Innellea: o lançamento da belonging, gravadora e plataforma criativa que estreou no início de setembro com a compilação Finding Home, um projeto colaborativo de 12 faixas que revela um Innellea ainda mais maduro, ousado e comprometido em criar novas experiências através da música.

Conversamos com o artista logo após sua passagem pelo país para entender mais sobre sua atual fase, a importância do Brasil em sua carreira e os caminhos que ele enxerga para o futuro.

Q+A: Innellea

Innellea, obrigado por nos receber. Você voltou ao Brasil e fez dois sets que foram amplamente elogiados. Como você descreve, em poucas palavras, a resposta que o público brasileiro teve nas suas apresentações desta tour?

O público foi simplesmente incrível e muito caloroso. Eu até ganhei um passaporte brasileiro dos fãs! No geral, eu simplesmente amo o povo brasileiro, eles são super gentis e divertidos.

Desde que me mudei para Lisboa, conheci muitos brasileiros incríveis por lá também, então realmente parece que estou próximo de casa quando toco aí.

Isso em partes também deve ser reflexo da nova abordagem sonora que você vem imprimindo nas suas apresentações, você concorda? Um som mais acelerado, mais “raver”, que é futurista mas ainda assim tem o apelo emocional que te consagrou nos últimos anos… O que você pode nos falar sobre esse “novo caminho”?

Sim, com certeza. Tenho me inspirado cada vez mais na crueza e na simplicidade dos dias de rave old school. Quero trazer esse espírito para minhas produções, mas ao mesmo tempo manter minha assinatura emocional através das melodias. Para mim, os opostos fazem as coisas brilharem. Não existe sol sem chuva, nem luz sem escuridão.

E como foi a experiência de tocar em b3b com Vintage Culture e Cassian? Houve algum tipo de preparação entre vocês antes da gig?

O B3B ao nascer do sol com Vintage Culture e Cassian foi a cereja do bolo. Foi pura diversão e a vibe estava incrível. Não planejamos nada com antecedência, apenas seguimos a energia do público. Tocamos de tudo: desde nossas próprias bombas até clássicos atemporais como Blue Monday e Self Control.

Falando nas suas performances: você também toca no formato de live com synths, baterias e pedais. Como você decide quando usar elementos live e quando fazer um DJ set? Existe um formato “ideal” para contar a história do novo material que você tem produzido?

É difícil encontrar uma sensação melhor do que tocar um show inteiro construído apenas com suas próprias músicas. Há algo mágico em criar esse tipo de atmosfera. Mas, sinceramente, é uma relação de amor e ódio que tenho com o live e o DJ. Perdi um pouco da diversão dos sets ao vivo por alguns motivos.

A preparação é insana, limita muito a seleção de músicas, e muitas vezes as pessoas não entendem realmente a diferença entre live e DJ - ou simplesmente não ligam. Não culpo ninguém por isso, é apenas como as coisas são. Então, por enquanto, decidi mudar o foco e deixar o setup de live de lado por um tempo, até sentir que falta algo nos DJ sets e então voltar ao live de novo haha.

Inclusive, precisamos falar da belonging. Qual foi o critério de curadoria que você aplicou na compilação Finding Home e como isso reflete o que você quer dizer quando fala em “comunidade” dentro do selo?

Finding Home foi criada em torno da ideia de família. Cada faixa veio de artistas que eu realmente respeito e queria reunir sob o mesmo teto. A música é emocional, diversa e honesta.

Para mim, era importante que a compilação soasse como uma jornada, em que cada artista contribui com uma peça única, mas a história pertence a todos. Isso é o que comunidade significa para mim. Ninguém é maior do que a família; trata-se de criar algo que seja maior do que o indivíduo.

No material de apresentação, você diz que a ideia é ir além de uma gravadora. Qual é a sua prioridade com a belonging nos próximos meses? Desenvolver novos artistas, lançar projetos multimídia, criar eventos autorais - ou tudo isso junto?

Sinceramente, é fazer tudo isso junto. Não vejo a belonging apenas como um selo que lança músicas. Vejo como uma casa criativa onde exploramos música, visuais, eventos e até ideias que não se encaixam no formato tradicional da indústria.

Quero ajudar novos artistas a crescer, dar à comunidade um papel ativo no processo e criar experiências em que as pessoas realmente sintam esse senso de pertencimento. Essa é a visão para os próximos meses.

Para produtores brasileiros que acompanham sua trajetória e querem se conectar com o seu selo, que tipo de material e atitude você busca receber e ouvir? Quais dicas você poderia dar?

Estou sempre em busca de algo que quebre regras. Não uma cópia de um gênero, mas algo que ajude a moldá-lo. Algo original, inovador e à frente do seu tempo.

Meu conselho é tratar a produção como um jogo. Experimente sons que normalmente você nunca usaria, misture gêneros, ultrapasse limites e não tenha medo de cometer erros. É assim que você encontra sua própria identidade sonora.

Olhando adiante: além de novas produções e turnês, qual é a visão artística que você quer que as pessoas associem ao seu nome nos próximos anos?

Quero ser visto como alguém inovador e que entrega algo de verdade para a cena. Quero criar um lugar onde as almas se conectem, onde as pessoas possam ser elas mesmas, e onde os criativos troquem experiências e se inspirem mutuamente. Esse é o mundo que quero construir em torno da minha música.

Por fim: há algum projeto novo que você esteja trabalhando e poderia compartilhar com a gente em primeira mão? Obrigado!

Tem vários, mas o próximo será meu remix para o Anyma. Muito obrigado pela conversa. Muito obrigado, bora caralho! :D

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Imagens: Thiago Xavier / Divulgação

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