Em entrevista exclusiva, Classmatic conta tudo sobre seu último lançamento, 'Toma Dale'
Trocamos figurinhas com o DJ e produtor que debutou na Hot Creations e que em breve lança na Solid Grooves
E vamos à criação em si? Você se lembra como começou a criar a faixa? Como foi o processo?
Lembro sim. Eu estava dando aulas de produção musical online durante a pandemia e eu estava com umas 2h de intervalo entre um aluno e outro. Quando olhei pela janela e vi um dia com muito sol, céu bem azul com pouca nuvem.
Tive um insight de fazer uma música muito pra cima, totalmente alto astral. Era um tipo de música que estava em escassez nos meus sets, principalmente de minha autoria, então decidi criar algo no qual eu senti escassez no meu case de músicas de dj set.
Eu vi em uma outra entrevista você contando que estava buscando um vocal latino, quando encontrou esse vocal do Nfasis em um reggaeton. De onde surgiu esse "insight" de que ali tinha que ser um vocal latino? Porque realmente caiu como uma luva…
Assim que eu criei o beat da música num loop de 45 segundos mais ou menos eu já percebi que a estética de vocal que talvez mais combinasse fosse de vocal latino. A partir daí, meu navegador ficou lotado de aba com muito vocal e fui escolhendo os melhores.
Eu tenho muito o costume de deixar o beat num loop tocando enquanto vou ouvindo os acapellas e já vou vendo o que combina ou não com o beat. O vocal do Nfasis assim que eu ouvi por cima do instrumental caiu como uma luva realmente e foi onde decidi testar e criar todos os momentos no qual eu desenvolvi durante a música.
Foi tranquilo o processo de obtenção dos direitos autorais? Você chegou a pegar algum feedback do compositor?
Eu diria que foi uma longa história, mas no fim o autor abraçou a ideia da colaboração e hoje a Toma Dale é uma colaboração minha com o Nfasis. Acredito que foi uma junção de fatores nos quais ele abraçou a ideia da liberação dos vocais, mas assim que obtivemos contato e ele ouviu a track, ele adorou a música e com certeza o fato de que a música está fazendo sucesso ajudou muito.
E no fim, pra mim é mais uma conquista e sou muito orgulhoso de ter o nome dele na colaboração comigo, até porque é um artista que tem disco de ouro e é extremamente talentoso. Eu gostaria que nosso nicho tivesse mais abertura e reconhecimento com outros cantores para fazermos mais parcerias desse nível, até porque no fim, todo mundo sai ganhando.
Uma das características que eu, particularmente, acho mais interessante em "Toma Dale" é a alternância de atmosferas. A faixa vai muito além da explosão do drop, é nítido que você brinca com momentos diferentes. Essa dinâmica é uma característica muito potente e sabiamente usada em outros ritmos atmosféricos como o Trap. Acho que o mestre nessa troca de ambientações, sem dúvidas é Travis Scott, e "Astroworld" é a maior prova disso. Qual posição o Hip Hop e o Trap ocupam na sua vida? Você acha que sua música seria da mesma forma se você não consumisse esses ritmos?
Hip Hop pra mim significa tudo, desde o lifestyle até a mensagem final. Não consumo tanto Trap quanto Hip Hop, sendo bem sincero, mas tem alguns artistas que me agradam. E eu não acho que a minha música seria da mesma forma se eu não consumisse Hip Hop. O artista é sempre inspirado indiretamente por suas influências externas!
E um aspecto muito importante (e curioso) é que você literalmente traçou uma assinatura musical totalmente diferente de tudo o que rola por aí. Ter referências, claro, é muito importante… mas acho que você soube usar as referências ao seu favor para realmente criar algo totalmente díspar. Inovar e criar algo que transmitisse exatamente a essência artística do Classmatic sempre foi seu objetivo ou foi algo que você sentiu necessidade com o passar do tempo?
Classmatic: Fico muito feliz quando alguém reconhece a originalidade e a essência do meu trabalho e dos meus ideais. É o que eu mais prezo. Não trabalho para ser o melhor, muito menos o maior, mas eu trabalho muito para ser único. E sim, sempre foi meu objetivo desde o início. Conseguir expressar minha persona 100% na minha arte de maneira orgânica e autêntica.
Como andam suas expectativas para os próximos meses diante de tudo que tem rolado?
Olha, essa tour que vou fazer na europa está sendo um sonho se tornando realidade. Não só pelo fato de estar indo pra lá, e sim de ter o privilégio de tocar em clubs tão emblemáticos e importantes da história da house music, como DC-10 e Amnesia.
Mas falando também de Brasil, tenho muitas datas extremamente importantes que estou muito ansioso, como: Warung Tour em Caxias do Sul, Playground em Itú, Connection em Curitiba, Low Session em Mogi Mirim, entre outras. Musicalmente falando, tenho 2 lançamentos nos próximos 2 meses e se preparem que não vou deixar a peteca cair depois da "Toma Dale".
Tem muita música especial para ser lançada nos próximos meses, em especial meu single pela Solid Grooves, "Fly Away"
Sabemos que você é fã de moda, aí para finalizarmos lá vai uma pergunta: Jordan ou Yeezy? Valeu pelo papo, Fred! Tudo de bom e um excelente debute no verão europeu!
Agora vocês ganharam meu coração! Acredito que moda é o assunto que eu mais amo conversar junto com música. Me fazem muito essa pergunta e a minha resposta é Yeezy pelo simples motivo de que Yeezy eu vejo as silhuetas mais atemporais do que Jordan de maneira geral e com uma visão muito futurística.
Vou dar um exemplo aqui: uma pessoa de 15 anos ou uma pessoa de 40 anos pode usar um Yeezy que não vai ficar estranho. Agora uma pessoa de 40 anos usando Jordan talvez pareça muito jovial. Outro ponto também é na versatilidade de roupas com que você consegue usar Yeezy, principalmente o Yeezy 700. Sem contar o conforto, que é indiscutível a superioridade dos Yeezys.
Muito obrigado pelo convite e foi um prazer gigante trocar essa ideia com vocês. Espero estar por aqui mais vezes! Tudo de bom pra vocês sempre :)
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Photos: Divulgação
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