Novo EP, suporte do Tale of Us e mais: o excelente momento do Touchtalk
Confira entrevista exclusiva com o duo
Certamente tédio e estagnação não fazem parte do vocabulário de Estevão Melchior e Gabriel Castro, integrantes do Touchtalk.
O duo, apoiado em sua carreira, entre tantos aspectos, pela Alliance Artists, experimenta um mundo de novidades praticamente a cada dia.
Somente nos últimos 12 meses, Touchtalk viu florescer em seu selo próprio LoveDogs um ecossistema de lançamentos para além de suas produções próprias, incluindo artistas como anaritzz, Hoochie Coochie Papa, Gueva e Mau Maioli — este que lançou o EP "Backdoor" no último dia 21.
Bem antes de 2021, Touchtalk surfava novas ondas musicais e vislumbrava uma transmutação coesa, constante e sutil do tech e bass para os elementos hipnótico-retrofuturistas de indie dance, dark disco, synthwave e, ocasionalmente, techno melódico — algo que rendeu ao duo o suporte de Tale of Us e Solomun.
Felizes por suas conquistas e curiosos sobre este período prolífico que estão vivendo, decidimos papear com o Touchtalk, que promovem neste momento o EP Cyber Culture, que você pode ouvir logo abaixo, cuja faixa homônima foi produzida com o DJ e produtor húngaro SNYL e remixada pelo francês Palamara e pelo italiano Ivan Massa.
Mixmag – Como se deu o convite e o processo criativo para participar do EP da Jeahmon, do grande Marc de Pulse, ao lado do SNYL?
A gente já tocava uma das tracks do SNYL e em um dos sets que fizemos para o In Dark We Trust, marcamos ele e os outros artistas no post.
Foi aí que tudo começou. Começamos a nos falar, trocar músicas e surgiu a ideia da collab. Foi assim que surgiu a Cyber Culture.
Fizemos a melodia principal, a bateria e o bassline. O SNYL acrescentou alguns elementos melódicos, o vocal e concluiu o arranjo.
A faixa tinha tudo a ver com os últimos lançamentos da Jeahmon! e quando terminamos mandamos para o Marc De Pulse, que prontamente já ficou com a faixa.
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Há tantos anos trabalhando juntos, é evidente a química no estúdio e nas pistas. Como é esse funcionamento da dupla? Como se dividem ou se fundem a depender da função, do estilo de produção ou das atividades promocionais?
Antes da pandemia dividimos um estúdio em uma sala comercial. Hoje temos nossos estúdios individuais em nossas casas.
Cada um compõe de um lado… criamos as faixas em conjunto, trocamos arquivos e vamos tratando desta forma, a distância, mas conectados e nos falando o dia todo sobre tudo que envolve o projeto.
Aproveitamos nossos encontros presenciais que ocorrem durante as gigs ou em tempos livres de lazer para acertar alguns detalhes.
Vocês fizeram uma mudança aos poucos na sua identidade sonora, e a cena aderiu à ideia. Consideram essa virada de chave um risco calculado ou já tinham certeza da missão cumprida? Quais foram os passos dados para consolidar essa evolução?
Quando começamos a mudar o som do TouchTalk, lá em Janeiro de 2020, não imaginávamos que passariamos por essa pandemia.
Então tivemos tempo de experimentar diferentes tipos de coisas dentro do estúdio até chegar na estética que queríamos. Isso foi muito importante.
Soubemos aproveitar esse tempo para isso. Mas era aquela coisa, a gente não sabia se as músicas iriam funcionar ou se haveria uma rejeição por se tratar de um gênero ainda pouco explorado por aqui.
Mas, desde que voltamos a fazer shows, em Agosto de 2021, o resultado foi bem além das expectativas, o que nos deixou de certa forma felizes. Cada vez mais recebemos feedbacks positivos e o público em sua maioria têm aceitado super bem.
A track "Aura" já teve suporte de Tale of Us (na belíssima Printworks, em Londres) e Solomun. Como se sentem sobre isso? Planejam lançar mais faixas do gosto desses titãs do techno mundial?
Acho que ter um suporte desses é o que move qualquer artista. É aquele carimbo de que você está no caminho certo, que as lutas diárias sempre valem a pena quando se tem um propósito. Temos algumas faixas prontas que com certeza podem vir a cair no gosto deles novamente.
Por que o indie dance, dark disco, melodic techno e afins? Tiveram experiências e descobertas específicas que influenciaram nessa transição para estes gêneros? Quais foram as referências principais durante esta jornada?
Sempre buscamos inspiração em quem está sempre à frente do tempo.
Acho que o Dixon é um exemplo. E foi ouvindo sets e pesquisando sobre as músicas que chegamos no indie e no dark disco.
Foi muito interessante os desdobramentos dessas pesquisas. Todo tipo de artista, muita sonoridade diferente… isso despertou nossa vontade de mudar um pouco nosso som.
A LoveDogs passou a lançar artistas fora da sua própria redoma, de quando vocês lançavam só as faixas de vocês. Como vocês estão atravessando esse período e quais novidades podemos esperar do selo em 2022? Spoilers, please!
A gente mudou o posicionamento da label em 2020 também. Com esse reposicionamento e alguns lançamentos dentro do Indie Dance e Dark Disco, começamos a receber demos muito boas e de artistas expressivos no cenário internacional que não estávamos esperando tão cedo. Acho que foi resultado de um trabalho bem feito de curadoria, promo e imprensa.
Após o mineiro Hoochie Coochie Papa e o argentino Gueva, acabou de sair o EP do gaúcho Mau Maioli, chamado Backdoor, que conta com remixes nossos e do holandes Autoflower.
Em fevereiro teremos o EP do espanhol Ivan Fabra, que já teve sua música remixada por ninguém menos que Gerd Janson e já lançou em selos como Internasjornal (Prins Thomas), Paradiso (Rees), Melopee, entre outros.
Vocês estão perto de completar uma década de carreira. Me contem cinco momentos ou marcos inesquecíveis desses 10 anos.
O primeiro grande marco da nossa carreira foi na estreia do projeto em 2012. A gig foi em Presidente Prudente/SP e começamos com uma placa queimada rs.
Nos passaram a voltagem errada… Por sorte levamos duas placas. Saímos correndo, atrasados, para buscar a outra no hotel. Por conta do atraso, quando voltamos já não tinha mais ninguém na pista.
Outro marco foi 2014 na pista Florest Gump, da tribaltech. Foi uma manhã muito marcante para nós e para quem estava presente. Várias pessoas lembram desde tia até hoje.
Nossa estreia no Warung Beach Club, em 2016, no showcase da 24bit, também foi inesquecível. Tocamos no garden com a pista já lotada, foi uma sensação indescritível sentir aquela energia.
A última edição do Universo Paralello em 2019 também nos marcou… Chegamos no festival faltando 10 minutos para subir ao palco e a tensão já estava grande, mas logo sentimos a vibração da galera… o que marcou ainda mais foi quando começou a chover e o pessoal não saiu da pista. Até hoje recebemos muitos comentários desse set.
E por último, sem dúvidas, dúvida receber grandes suportes de artistas como Solomun e Tale Of Us e ter oportunidade de trabalhar com artistas que admiramos muito.
Em um momento tão bom que vocês estão vivendo em sua carreira, já estão celebrando conquistas interessantes. O que mais vocês têm na wishlist? Alguma collab para realizar, evento para tocar, selo para lançar que ainda não realizaram, mas querem muito?
Muitas coisas boas estão por vir, 2022 será um grande ano. Estamos com vários projetos em andamento, collabs com grandes artistas, remixes, agenda nacional e internacional.
Na nossa wishlist temos como pretensão levar a nossa música o mais longe possível, deixar a nossa identidade por onde passarmos e continuar contando com suportes de grandes artistas.
Mais um desafio: em até cinco adjetivos, e sem citar subvertentes, definam o som de vocês atualmente.
Dançante, adaptável, moderno, agradável e inovador.
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Photos: Divulgação