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Interviews

Stereo Underground comenta passagem pelo Brasil, lançamento na Lost & Found e mais em entrevista exclusiva

Tivemos uma conversa com este super artista israelense que é destaque na cena de Progressive House

  • Marllon Gauche
  • 28 July 2023

Há alguns DJs de Progressive House que conseguem criar uma atmosfera tão densa e hipnótica na pista de dança que nosso corpo e mente entram facilmente em um estado de transe em poucos minutos, Stereo Underground é um deles.

Natural de Israel, mas hoje morando na Grécia, Yariv Etzion teve a sorte de nascer em uma família repleta de músicos e se encantou pela música eletrônica quando ganhou o primeiro álbum do Prodigy de seu irmão, que era guitarrista.

Após ter uma banda de Heavy Metal na adolescência, como baterista, foi em 2009 que ele começou a construir seu nome na cena underground e ao longo da jornada acumulou inúmeras conquistas das quais pode se orgulhar.

Desde uma escola para produtores musicais (BPM College), até collabs com D-Nox e lançamentos que foram assinados por Balance Music, Sudbeat Music e Lost & Found, esta última por onde está lançando seu novo single “The Last Dance”, como parte da compilação We Are Lost.

A faixa é um passeio sônico de alta carga hipnótica, uma aventura que dura quase nove minutos trazendo diferentes elementos e paisagens sonoras deslumbrantes.

Além disso, tem alguns insights bem interessantes para compartilhar sobre sua performance ao vivo, como sua “Space Controller” — a qual ele falará mais adiante — e nós aproveitamos tudo isso para essa entrevista especial.

Q+A: Stereo Underground

Olá, Yariv! Obrigado por aceitar essa entrevista. Acho que podemos começar falando da sua novidade mais quente do momento: seu retorno à Lost & Found. “The Last Dance” integra o release de número 99 da gravadora… o que há de especial nessa faixa pra você?

Olá, Mixmag, obrigado por me receberem! Todo lançamento na Lost & Found é especial, existe algo no estilo da gravadora que ultrapassa os limites artísticos.

“The Last Dance” é uma mistura de tudo que eu amo, a introdução lenta com o baixo estilo ‘Dub’, a longa construção antes do drop e o meu som característico ‘out of space’ que eu criei com camadas e automações na melodia principal. É uma grande jornada em uma única faixa.

Fazia quase três anos desde seu último lançamento por lá, apesar de ter estreado em 2017 com o EP Northern Lights. Parece que você criou uma relação promissora com o label, não é? Você possui uma conexão mais próxima com Guy J e a label em geral?

Exato. Meu último lançamento foi o EP Space Fields com “Zooz”, que ainda toco em todos os sets.

Guy J e eu somos bons amigos desde antes do mundo da música, em geral sempre prefiro trabalhar com pessoas que aprecio e me conecto pessoalmente, por isso era muito importante para o próprio Guy que eu fizesse parte dessa compilação.

Levei 3 anos para voltar para a gravadora devido a muitos pedidos de outras gravadoras que eu amo, então foi por boas razões.

Outra estrela com quem você parece ter uma proximidade muito grande é o D-Nox. Já foram várias colaborações além do sucesso “Dolby”, inclusive num remix recente da faixa “Impressions”. Como isso começou? O que você pode aprender estando ao lado dele em tantas ocasiões?

Fato curioso: enviei uma demo ao D-Nox em 2011, por aí, e ele não respondeu (risos). Christian é um dos meus DJs favoritos de todos os tempos, acho a energia dele na cabine algo incomparável.

Tive a sorte de me tornar um de seus produtores favoritos, então, novamente, começamos a conversar sobre um assunto amigável e achamos que seria ótimo produzir juntos.

D-Nox está tocando sem parar em todo o mundo, então ele está trazendo muitos testes de estrada e insights importantes em relação aos arranjos, hooks e da própria energia das faixas, enquanto eu estou trazendo meus anos de experiência no lado da produção e melodias.

Nós dois amamos a década musical dos anos 80, então Chris me envia todo tipo de ideias ou alguns loops e eu continuo a partir desse ponto.

Mudanças — sejam elas quais forem — sempre mexem com a gente de alguma forma. Você recentemente se mudou de Israel para a Grécia… quais foram os motivos? Os conflitos do país fazem parte disso?

As mudanças são sempre boas porque são a única coisa que realmente faz uma mudança. Nos últimos 5 anos, tive essa vontade de me mudar para fora de Israel. Este ano, finalmente consegui meu passaporte da UE, o que tornou tudo um pouco mais fácil.

Os conflitos atuais e as novas regras do governo e as ações me levaram a essa mudança. Sou pai de 2 filhos pequenos e foi muito importante para mim criá-los em um ambiente mais relaxado e calmo, sem guerras o tempo todo, então a Grécia é o lugar perfeito!

Eu realmente amo e estamos super felizes aqui, inclusive meu filho de 4 anos já fala grego fluentemente.

E como você tem buscado aproveitar melhor sua nova localização? O que você encontrou na Grécia que está sendo positivo tanto para sua vida pessoal como profissional?

É tudo sobre energia, então mudar a energia que nos cerca muda todos os aspectos da sua vida.

Também tive a sorte de encontrar um apartamento incrível aqui com um sótão de madeira para o meu estúdio. Esse estúdio tem uma vibe muito boa, economiza horas de meditação.

A Grécia em geral é um país incrível, cheio de história e com um grande patrimônio, e além de ser muito calmo, o povo grego está vivendo um bom equilíbrio entre trabalho e lazer, o que é muito importante para mim como estilo de vida.

Falando em estilo de vida, além de contribuir como DJ e produtor, você ainda está à frente da BPM College. Você tem ideia de quantos alunos já passaram por lá? O que de mais positivo você tirou desse negócio?

O BPM College é a conquista da minha vida, muito mais do que apenas um negócio. É um lugar para todos os músicos conseguirem chegar no melhor conhecimento e ter contato com ferramentas de ponta para realizar seus sonhos musicais e criar uma incrível carreira vitalícia.

Temos alguns ex-alunos de super sucesso, como: Red Axes, Mita Gami, Saraga, Modus, Whales, Riot e muitos mais… Comemoramos 20 anos agora e temos grandes planos para o futuro próximo.

A coisa mais importante que aprendi com o BPM é que você pode conseguir quase tudo na vida se tiver uma visão clara e focada e uma forte ética de trabalho.

Falando de coisas atuais, acabamos de atravessar uma pandemia (onde tudo estava muito parado) e agora vemos uma cena eletrônica efervescente, a chegada de novas tecnologias, grandes telões visuais, inteligência artificial… como você enxerga todas essas mudanças na indústria da música, que sempre foi, acima de tudo, sobre liberdade e criatividade?

Penso que em toda revolução há prós e contras. Por um lado, a tecnologia eventualmente sempre aumenta a participação de mercado, diminui a barreira de entrada para todos que desejam começar e fazer algo.

Quando comecei a ser DJ e produzir, o equipamento e os softwares eram super difíceis de aprender e você tinha que criar quase tudo do zero. Hoje, você precisa ser um verdadeiro idiota se não consegue fazer uma ótima foto com seu telefone ou criar um simples beat com um aplicativo ou software. Há toneladas de presets, sons e samples pré-produzidos como ponto de partida.

Já sobre a IA, acredito que vai gerar muito mais arte e conteúdo em geral para o mundo, se hoje um artista leva um mês para produzir duas faixas, com a IA ele seria capaz de escrever um álbum completo neste tempo.

Você de alguma forma têm utilizado ferramentas de inteligência artificial no seu trabalho? Vimos que no seu Instagram há uma página associada batizada de “Prompterius”, o que seria isso exatamente?

Sou um artista e adoro vários meios de arte diferentes, adoro cozinhar, adoro fotografia e adoro design e tecnologia.

Falando sobre o “Prompterius”, é um projeto meu fazendo artes meio malucas justamente através da IA, eu uso principalmente o Midjourney. Também reescrevi minha biografia com chatGPT4 e criei novas fotos para a imprensa com Astria.

Você sente que nós podemos estar nos distanciando um pouco da magia que é produzir música, com tudo ficando muito digital?

Uma das piores coisas que já aconteceram foram as redes sociais, porque artistas de verdade geralmente não são criaturas tão sociais, então eventualmente a cena foi inundada por artistas de ***** com música de ***** para ter sucesso e realizar eventos esgotados apenas por suas habilidades nas redes sociais e nada além disso.

Ahh sim, também por uma multidão estúpida que não sabe nada sobre música e apenas tira fotos com seu iPhone da geração mais recente. É um efeito de realidade falsa em que a maioria de nós cai, então, por favor, pare de tornar pessoas estúpidas famosas.

Eu desejo que o público escolha ouvir ou comprar ingressos para artistas por causa de seu conteúdo artístico de música e por conta do show ao vivo, não apenas por seu número de seguidores e hype falso.

Já que você falou sobre shows ao vivo… soubemos que você está com um novo setup live para se apresentar em alguns lugares. Pode nos falar um pouco mais a respeito do que ele possui e o que você busca com esse novo formato?

Para minha performance ao vivo, eu uso 2 controladores diferentes, meu “Spaceship” feito com um controlador MIDI, que construí com 2 amigos e uso nos últimos 3 anos, e outro incrível controlador feito sob medida por uma empresa boutique incrível, chamada “Yaeltex”.

Eu uso meu macbook com o Ableton Live para tocar todas as músicas e loops adicionais, samples e transições, e também um teclado MIDI para tocar algumas melodias ao vivo.

Depois de cada apresentação, faço pequenas alterações nas configurações MIDI dos controladores, adicionando recursos ou alterando o tipo de controle, é um projeto em andamento.

Tocar ao vivo para mim é muito mais divertido do que apenas usar um deck Pioneer e um mixer, já que você pode criar novas e diferentes edições e remixes ao vivo na hora.

Gostaríamos de saber também de sua passagem recente pela Argentina e pelo Brasil. Como é para você tocar para o povo latinoamericano? O que você mais aproveitou desta viagem?

A América Latina é sempre especial para mim, como eu disse antes, é tudo sobre energia (e comida).

Começa com os promotores que cuidam pessoalmente de você, até o bom hotel próximo ao clube e, o mais importante, a multidão e os incríveis DJs locais que realmente conhecem a arte de um bom warm up profissional.

Minha recente turnê pela América Latina começou no D-Edge, em São Paulo. Ouvi muitas coisas boas sobre esse local, adoro tocar em clubes com tradição, sempre há uma vibe de festa real e não apenas uma festa no Instagram, além disso, eles têm um Negroni no bar que é minha bebida favorita e um grande bônus para todos os clubes que servem essa bebida. Quero inclusive deixar os parabéns aos incríveis talentos locais Carla Cimino e Luciano Scheffer.

A Argentina foi super agitada com 4 shows em um único final de semana. Começou em Rosário, depois em Buenos, Rio-Cuarto e fechou em Mendoza. Foi um ótimo passeio, cheio de notas altas e uma poderosa empanada de peixe.

Conheci tantos artistas promissores super talentosos como Polo, Franco Armellini, Proler, Kabi, Aldi e Julian Nates com quem dividi o palco. Todas as festas foram legais, mas a última em Mendoza foi um desses momentos especiais quando o artista e o público se tornam um só. Fico sempre ansioso para voltar à América Latina.

Por fim, gostaríamos de alguma dica, reflexão ou pensamento que você sinta-se à vontade para compartilhar com aqueles que acompanham e se espelham no seu trabalho. Obrigado, Yariv!

Agradeço todos os dias por fazer o que amo e por poder viver disso. Minha dica é sonhar grande, trabalhar duro e escolher seus mentores com sabedoria.

A música é o reflexo da minha alma, então desejo e espero que minha alma continue trazendo alegria e inspiração para aqueles que a entendem.

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Photos: Divulgação

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