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Interviews

Conheça Jacidorex, DJ e produtor que tem levado o techno belga para o mundo

Artista tem colaborado com a cena em diferentes frentes de atuação; saiba mais nesta entrevista

  • Marllon Eduardo Gauche
  • 17 July 2023

O Techno tem ficado cada vez mais popular pelo mundo, alcançando novos espaços e marcando presença em grandes festivais numa proporção que não se via antes.

O DJ e produtor belga Simon Jadot aka Jacidorex tem colaborado para isso, mas no seu caso, o estilo de som é um pouco mais pesado, hipnótico, obscuro e ácido.

Morando em Bruxelas, ele foi fisgado pelo Techno em 2013, quando curtiu pela primeira vez o tradicional Dour Festival, dançando por horas nos sets de Len Faki, Jeff Mills e Blawan — uma experiência que mudou sua vida, literalmente.

Produzindo música desde os 16 anos, hoje ele tornou-se um dos grandes nomes dentro do Acid e Hard Techno, acumulando cerca de 150 mil ouvintes mensais no Spotify, além de estar à frente de gravadoras e label parties como a Unfaced e a Neoacid, que colaboram na evolução da cena underground na Bélgica.

Além de suas próprias marcas, é claro que ele já estampou alguns catálogos importantes como Rave Alert, Rave or Die, 999999999 Records, Suara, Techno Germany Records e iM Electronica, para citar algumas.

Nesta entrevista exclusiva, falamos um pouco sobre os principais destaques de sua carreira e seus projetos atuais, o futuro da cena e como ele a enxerga, além é claro de algumas novidades quentes que estão vindo pela frente.

Q+A Jacidorex

Hey, Simon! Obrigado por essa entrevista. Vimos que seu amor pelo Techno começou após uma experiência no Dour Festival, onde você já teve o prazer de tocar… 10 anos se passaram desde então. Você imaginava estar no lugar onde você está hoje?

Olá, obrigado pelo convite! Para ser sincero, quando comecei a produzir, achava muito difícil/impossível viver da própria música, mesmo sendo talentoso e trabalhador, então hoje me sinto muito abençoado por poder viver completamente da minha paixão.

Quais foram os principais lugares que você tocou e pensou: ‘Nossa, eu realmente estou vivendo meu sonho’?

Foi no Dour Festival, cinco anos depois da minha primeira vez lá! Todos os meus amigos e familiares estavam lá naquele momento e é onde eu descobri o techno, então foi realmente uma consagração.

Como está o atual momento da cena Techno em Bruxelas? Vimos que existem clubs como o Fuse e o Maze promovendo algumas noites interessantes…

A cena techno em Bruxelas sempre foi ótima, pelo que me lembro. O Fuse é uma instituição, o clube foi fundado no mesmo ano em que nasci e recebeu as maiores lendas do techno desde o início.

Hoje, novos coletivos organizam grandes eventos em warehouses que não são festas “estilo club”, o que antes faltava um pouco.

É isso que tento concretizar em Bruxelas com as festas da Unfaced, onde já vinham tocar DJs como Nico Moreno, Sara Landy, Dax J ou Gasmask.

Nós íamos falar da Unfaced, mas já que você tocou no assunto… você tem colaborado com essa evolução da cena. Em 2017, você lançou a Neoacid e há exatamente um ano você idealizou a Unfaced, ambas atuando como gravadora e label party. O que te motivou a dar esse passo? Quais os principais desafios por trás do trabalho com ambas as marcas?

Comecei o Neoacid porque queria lançar minha música no meu próprio selo, digital e físico. Desta forma, pude lançar exatamente o que eu queria, independentemente de outro requisito de gravadora ou estilo.

Depois de alguns anos, foi também a oportunidade de lançar músicas de talentosos artistas emergentes. Então, um ano atrás, eu queria começar um novo selo que não fosse apenas voltado para o Acid/Hard Techno. Lancei também os meus eventos, nacionais e internacionais, noites de labels, etc…

Falando na Neoacid, você lançou um EP por lá em maio com 5 faixas, onde em algumas músicas é possível sentir claramente a influência de elementos do PsyTrance… essa mistura, inclusive, tem ficado cada vez mais presente em sets e produções de artistas mundialmente famosos. Como você enxerga essa fusão? Como um movimento passageiro ou algo que pode ter vindo para ficar?

Acho que hoje os crossovers são muito populares porque as pessoas estão buscando um novo som. Techno e Trance têm 30 anos e foram muito próximos desde o início.

Mas os dois estilos foram cercados por impulsos principais com techno hipnótico e pacífico de um lado e psytrance progressivo do outro lado.

Recentemente, a divisão entre gêneros e palcos foi rompida, para o bem ou para o mal, não tenho uma opinião clara sobre esse assunto porque algumas misturas podem levar a uma música ruim, ou a uma combinação perfeita entre eles.

A Amelie Lens, que volta e meia inclui faixas de Trance nos sets, até adicionou sua track “Every Night” na playlist dela Track IDs do Spotify. O que significa pra você ter um suporte deste tamanho?

Sério? Haha, eu nem sabia que essa faixa estava na playlist dela. É sempre um prazer ter o apoio de outros DJs.

Você acredita que o Acid/Hard Techno ainda tem espaço para crescer pelo mundo? Como você vê o futuro da cena?

Acho que já chegamos em um pico, essa cena nunca foi tão grande — e acho que vai continuar assim, mas os produtores ainda têm que continuar tentando fazer música criativa e não replicar o que já existe há tanto tempo…

Agora sobre seu catálogo: você possui dois álbuns lançados, Mindset, de 2021, pela Rave Alert, e Unfaced01, de novembro do ano passado, pela sua própria Unfaced. Esse último disco é bem mais diverso e plural em termos de sonoridades, que inclusive é uma premissa da Unfaced, certo? Nos fale mais sobre isso…

Eu toco Hard Techno há anos, mas também gosto de outros estilos de música, não só ouvindo, mas também compondo.

Estou produzindo Rap, música clássica e até orquestral há anos, às vezes até faço vários estilos. É isso que tenho em mente, e na minha opinião é dever de um produtor tentar fazer a melhor música possível e inovar, encontrar novos arranjos.

Você também faz parte da família Rave Alert, uma iniciativa interessante que conta com management, gravadora, eventos e até uma escola para artistas. Como esse trabalho em conjunto tem ajudado a movimentar sua carreira? Na sua opinião, no que um artista deve focar para chamar mais atenção neste mercado que está com o espaço cada vez mais disputado?

Um ponto fundamental para o desenvolvimento da sua carreira como artista é trabalhar com alguém que consegue ver o potencial e o talento e que pode ajudá-lo a se desenvolver, ajudando-o a fazer grandes shows e ‘espalhar o fogo’.

Não tem truque de mágica, tem que estar no momento certo, no lugar certo e soltar uma boa track com aquela vibe. O negócio é manter-se fiel a si mesmo e ao seu estilo, mas fique de olho no que está acontecendo. E claro ter uma presença recorrente nas redes sociais, mas acho que hoje todo mundo sabe disso.

A sua música sempre teve uma pegada mais hipnótica e até oldschool, certo? ‘Run’ e ‘Trave’, suas tracks mais populares, somam mais de 3,5M de reproduções juntas apenas no Spotify. Quais características você acha que são responsáveis pelo sucesso dessas faixas?

Acho que as características semelhantes para uma faixa de sucesso são um drop eficaz, com estilo e melodia reconhecíveis, uma forma criativa de expressá-la, uma boa mixagem e uma boa combinação entre textura complexa e truques simples que você terá em mente .

Nos fale sobre seus projetos para o futuro? O que você tem planejado e já pode revelar para nós?

Meus planos são fazer um novo álbum com algumas coisas pesadas e novas, desenvolver novos eventos, uma gravadora, uma agência de booking e também tenho outros projetos pessoais.

Para finalizar, você acompanha algum artista brasileiro? E podemos vê-lo no Brasil em breve? Obrigado!

Eu diria a Fernanda Martins e toda a cena de Hard Techno brasileira. Espero ir aí em breve! A galera brasileira parece bem receptiva ao techno e interage com o DJ, o que sempre é motivador ao tocar. Obrigado!

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Photos: Divulgação

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