Pela D-EDGE Records, os 15 remixes de 'To Burn or Not to Burn' são um grito ao fim da era do fogo
Em homenagem ao cantor Arnaldo Baptista, a label revive esse manifesto convidando artistas especiais
O ex-líder da lendária banda de Rock psicodélica brasileira Os Mutantes, Arnaldo Baptista, ganhou 15 novas interpretações para a música "To Burn or Not to Burn" - retirada do álbum solo Let It Bed.
A faixa foi remixada por um hábil time de produtores eletrônicos como Bmind, DJ Mari Rossi, Flu, GALIZA, Glocal, Holocaos, L_cio, Magal, Marco Andreol, Renato Patriarca, Renato Poletto, Renato Ratier, Ricardo Koji, Tata Ogan, Thomash e Zopelar - carinhosamente apelidados pelo mutante de The Petrified BeTools.
"Eu tive uma experiência com esses trabalhos: sintetizadores espaciais que se fundem com o ritmo da dança, motivados por um sentimento poético. Fiquei muito impressionado!", reflete Arnaldo ao escutar as interpretações.
Let It Bed foi um álbum aclamado entre os anos de 2004 e 2005 - listado na revista Mojo entre os dez melhores do ano. O projeto foi realizado por Holocaos e Sonia Maia, com curadoria artística de Marco Andreol, viabilizado e lançado pelo selo D-EDGE Records.
A frase onipresente de Arnaldo (inspirada na conhecida indagação de Shakespeare) que dá nome à música, se incorpora a cada uma das interpretações de modo particular, percorrendo décadas de história da música sintética. Lennox & Dani e Ratier visitam o Neo-Funk sintético dos anos 80, enquanto Poletto e Koji, L_cio e Magal buscam nos anos 90 o infinito repertório do House e Techno.
Influências do Dub ressoam nos remixes de Flu e Thomash, enquanto ecos dos anos 70 e 80 que se refletem desde o Indie Dance, Disco e primórdios do House podem ser ouvidos nas versões de Andreol & Patriarca e Zopelar. Representando o livre experimentalismo: Bmind, GALIZA, Holocaos e Tetine. Nas faixas da DJ Mari Rossi e Tata Ogan, ritmos orgânicos pulsam.
Os remixes refletem com grandeza a história da música eletrônica brasileira, retratando a profusão de artistas da esfera underground que emergiram nos últimos anos, em um cenário musical diverso e expansivo.
Arnaldo Baptista é uma figura-chave do Rock Psicodélico nos anos 60, se tornando também uma das principais estampas da contracultura brasileira.
Não à toa, a homenagem a Arnaldo é precisa ao reunir artistas com abordagens experimentais, que aplicam versões alternativas para a música eletrônica moderna, amplamente amparados pela precursora movimentação do mutante.
O álbum ainda conta com a participação de outros grandes músicos e artistas como Alexandre Jonny Patriarca, Guri Brasil, Karine Rossi, Kuki Stolarski, Maurício Badé, Natalia Barros, Roger Brito e Simone Sou.
O projeto começou em em 2010, mas ganhou impulso neste início de ano com a adesão de outros intérpretes.
O compilado foi cuidadosamente remasterizado e masterizado por Vantonio, que respeitou cada um dos universos sonoros e a preferência de Arnaldo Baptista por equipamentos analógicos, como equalizadores e compressores Bax, Pultec, Kush Audio, Empirical Labs e Thermionic Culture.
Deleite-se com as versões sintéticas de "To Burn or Not to Burn":
Photos: Divulgação