Ondas vão e vêm, mas o duo Anhanguera segue fiel à House Music
Dupla conta sobre novos lançamentos e inspirações em tempos pandêmicos
Uma pausa de quase três anos das pistas, que teve fim no semestre passado, parece ter revigorado completamente o duo Anhanguera, tanto em dedicação para a produção musical, quanto energia para comandar as pistas brasileiras e o compromisso com o House.
Brincadeira sobre este último item: na real, para este duo baseado em São Paulo, a paixão pela House Music não tem hiato. E tem sido assim há 17 anos, sobrevivendo a qualquer vírus e sendo a música algo tão essencial quanto oxigênio.
Expoentes consolidados no Brasil, é nos grooves vibrantes do gênero que Dudu Palandre e Décio Deep se esbaldam e promovem sua pesquisa, que pode permear do Chicago e Jackin' House ao Deep e Disco House.
Eles comentam, inclusive, a fase atual de pesquisas: “Andamos numa fase sonora que mescla bem elementos mais deep com o som mais groove e jackin, algo que chamamos de “deep funk”.
Temos nos aprofundado muito em faixas antigas que deixamos de tocar e estamos trazendo de volta pro set, coisas de Lawnchair Generals, Inland Knights, Kink, Jimpster, Jacob London, e mesclando com coisas que temos pesquisado entre os lançamentos mais recentes, e estamos gostando muito dessa mistura na pista”.
Na produção também não falta criatividade, e um dos últimos lançamentos foi fruto do momento pandêmico vivido nos últimos dois anos:
“Nesse tempo todo, foi muito importante continuar ouvindo coisas de outros produtores, e principalmente faixas antigas de funk, soul, blues, jazz, disco e hip hop, que é o que geralmente nos dá mais inspiração no estúdio e nos influencia”.
A mais recente aventura musical da dupla, por exemplo, lançada em setembro, foi uma releitura House de uma canção Blues do cantor e guitarrista Son House, "Grinnin' In Your Face", de 1965.
O resultado foi "Comradeship Cosmic Blues", um fluxo sonoro elegante e, de certo modo, poderoso, pelo valor histórico da faixa original.
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A sustentação, por parte do Anhanguera, das qualidades classudas e vibrantes do House teve um outro refresco pouco antes daquele ‘blues cósmico’.
Com estrutura funky, semblante sensual e pura energia clubber, "Close 2 Dance" é uma boa representação das pretensões do duo neste momento pós-vacinação e da qualidade das suas produções.
“Nunca pesquisamos tanta coisa que não tínhamos ouvido, e nosso amor pelo som disco e funk gritou mais alto, andamos mais “disco deep” que nunca nas produções, e é o que vem pela frente aí nos lançamentos”, revelam.
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Agenciado pela D.Agency e prestigiado por selos de renome mundial, como Defected, Robsoul, Magnetic, GuestHouse e Tango, Anhanguera conduz ainda o próprio selo, Maracujá Recordings, por onde lançou a faixa "Cirandisco" em 2018 — esta foi ainda relançada pela Glitterbox, marca de Ibiza que busca o que há de mais quente no House e na Disco clássicos.
A dupla finaliza com orgulho do caminho percorrido, principalmente diante dos eventos traumáticos e inusitados causados pela Covid-19 nos últimos tempos: “O caminho do Anhanguera é bem interessante quando fazemos o exercício de olhar pra trás, isso traz algo bem legal. Começamos de forma tão despretensiosa e foi tudo natural. Acho que isso foi nosso maior trunfo, fazer o melhor que dava na música e nos sets e ir aproveitando o que vinha com muita gratidão sincera”.
(Anhanguera no Clube Inbox, em Curitiba)
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