Direto de Ibiza, Fell Reis destaca as principais tendências musicais deste verão
Desde 2015, o artista acompanha de perto as movimentações e novidades da cena eletrônica européia
Ibiza é, com certeza, um dos destinos mais procurados durante o verão europeu. É na temporada de maio à outubro que a ilha fica ainda mais agitada com grandes festas, shows e apresentações, que acontecem sete dias por semana e trazem os maiores DJs do mundo.
A partir do que acontece por lá, as principais tendências musicais do ano são definidas. Em 2021, eles iniciaram a retomada, mas este verão tem tudo para ser ainda mais intenso, com o Covid-19 mais controlado e a liberação oficial das fronteiras.
Quem conhece bem essa movimentação da estação em Ibiza é o DJ Fell Reis, que mudou-se para lá em 2015. Foi do outro lado do oceano que sua carreira começou a deslanchar.
Hoje, o brasileiro já coleciona momentos de destaque como residência em clubes renomados como Café del Mar e Sankeys, turnê com Michael Myer em showcases da Kompakt, B2B com Alex Kennon no GP de Fórmula 1 em Cingapura, tour com WhoMadeWho e abrir a pista do Warung para Sasha, e essa aproximação com o DJ, ainda tem mais história.
Hoje, Fell integra o time da gravadora Last Night On Earth, não só lançando músicas pelo selo, mas também é responsável pelo marketing e desenvolvimento de marca.
Já deu para perceber que Reis é um artista completo, cheio de boas experiências e que, se tem uma coisa que ele entende é de música eletrônica, seu mercado, tendências e o networking.
Com tanto conhecimento da área, não poderíamos deixar de conversar com ele sobre a movimentação lá por Ibiza. Confira nosso papo:
Mixmag BR: Olá, Fell! Que bom que você topou conversar com a gente. Imagino que deve estar num momento bem agitado, no auge do verão europeu e ainda na cidade mais badalada, principalmente para a música eletrônica. Conta pra gente, como está sendo esta temporada de verão?
Fell Reis: Com certeza estamos tendo uma das temporadas mais agitadas da história. O mundo está sedento de fome por festa e claro, ibiza é o spot para isso. E esse ano em especial o Brasil tomou uma frente enorme no cenário internacional com vários artistas brasileiros tocando na ilha.
Este também é o primeiro verão pós pandemia, quer dizer, em que a pandemia deu uma amenizada. Qual é a sua percepção da cena local após o Covid-19. Ibiza já se recuperou totalmente, é a mesma de 2019 ou voltou com tudo, maior do que antes?
Bem, o covid ja não existe aqui, os clubs estão mais lotados do que nunca e eu nunca vi a ilha tão cheia como essa temporada. Recuperar totalmente ainda acho complicado, existem muitos negócios pequenos na ilha que quebraram e ainda será necessário mais uma ou duas temporadas para que os negócios sejam restabelecidos.
Ibiza é referência na música eletrônica e dita muito as tendências que devem chegar para o mundo todo. O que você tem observado de novo por aí? Quais são os estilos que têm ganhado mais espaço? DJs ou festas que estão fazendo sucesso no momento?
Essa é uma pergunta que sempre recebo e sempre gosto de responder. Mas infelizmente esse ano a minha resposta é um pouco diferente. Devido a pandemia a avalanche de datas em aberto e o medo de perder em venda de ingressos é nitidamente vista no line-up das festas.
Esse ano ainda estou esperando algo novo que realmente me chame a atenção, mas até agora nada que eu já tinha certeza que iria funcionar como: Keinemusik, Afterlife, Solomun, Fisher, e todos os nomes já conhecidos do mercado.
Agora para um lado mais pessoal, o que você tem mais gostado na temporada de verão? Algum som que te tenha inspirado ou que você tenha curtido mais do que está rolando?
Para mim essa temporada tem sido bastante difícil em questão de inspiração, está tudo muito parecido. Todo mundo copiando o outro e está ficando nítida a transição de artistas underground para o mainstream como o caso de Tale of Us que passou totalmente para o mercado mainstream fazendo colaborações com artistas como Camelphat, ou Adriatique remixando Swedish House Mafia e The Weekend. Estão acelerando o melodic techno para ter mais força no Big Room e as músicas estão cada vez mais feitas para o público comercial.
Agora, mudando de assunto, mas não tanto. Você já está em Ibiza desde 2015. Conta um pouco pra gente como tá sendo a experiência, quais os maiores aprendizados que você adquiriu nesse período e também quais as principais diferenças entre o cenário europeu e brasileiro…
Sempre falo que hoje me considero formado na indústria da música, me graduei durante todos esses anos na ilha, passei por todas as etapas desde um DJ aspirante que entregava flyer na praia para levar gente na minha gig até tocar em grandes clubs como Amnesia, Pacha, Privilege e Cova santa.
A diferença entre o mercado brasileiro é nítida, no Brasil ainda estamos engatinhando como indústria da música eletrônica, muitas peças da engrenagem ainda estão no seu início de carreira, como meios de comunicação, assessorias das imprensa, distribuidoras e gravadoras.
Ainda tem muito caminho para percorrer, mas com certeza o Brasil vem ganhando bastante força e conhecimento nos últimos anos graças aos nossos talentos nacionais que já hoje são internacionalmente reconhecidos.
E a sua agenda? Quais gigs você tem comparecido e quais são as próximas para os brasileiro que estão por aí já ficarem de olho?
Já estou preparando a minha nova turnê internacional, Em setembro encerro minha residência na cova santa com o Sasha, com certeza estarei de volta no Brasil para o fim do ano, no ADE estarei presente em algumas festas, Ásia está abrindo suas portas novamente e não vejo a hora de voltar para a Austrália… esse último semestre promete.
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MixMag BR: Para finalizar, quais são os próximos passos da carreira? Estamos curiosos… Tem alguma novidade que você possa adiantar pra gente?
Estamos organizando os primeiros lançamentos da minha gravadora HUE, temos bastante coisa legal alinhada e também finalizando os últimos detalhes do meu álbum que está muito legal e não vejo a hora de lançar.
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Photos: Divulgação
