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Milkdonna: uma conversa sobre música, desejo e autenticidade

Artista acaba de lançar sua primeira track oficial, 'Erótica', pela Alphabeat Records

  • Redação
  • 20 May 2024

Assim como a arte da sedução é uma dança sutil entre o desejo e a entrega, a conexão entre público e artista na pista de dança não é muito diferente; quem entende muito bem isso é Milkdonna, que incorpora essa mesma dinâmica na música, criando uma experiência sensorial que é ao mesmo tempo irresistível e envolvente.

É assim nos seus sets, quando ela se apresenta como DJ, flutuando entre camadas do House, do Techno e da Disco, e será assim a partir de agora em suas criações musicais, já que ela acaba de se lançar como produtora, estreando logo de cara por uma importante gravadora brasileira: a Alphabeat Records.

Com uma identidade forte, mas um estilo sensual, ela apresenta “Erótica”, uma das cinco faixas que irão compor o EP Body Language, que será lançado completo daqui há alguns meses; por enquanto, a ideia é atrair o público apenas através deste primeiro single, como um gesto provocativo, iniciando uma jornada de desejo e êxtase que deve se completar futuramente.

Apesar da produção musical ser um universo novo para Milkdonna, suas experiências colhidas na pista provavelmente irão lhe ajudar, isso porque como DJ ela já tocou em Ibiza e Lisboa, e teve a oportunidade de abrir palcos para nomes como Dixon, Solomun e Guy Gerber, portanto, sabe da importância de uma preliminar bem feita.

O seu desejo, porém, é se destacar através da originalidade, mostrando personalidade e sempre levantando a bandeira feminina em uma cena onde mulheres ainda são minoria.

É sobre tudo isso e mais um pouco que falamos com ela nesta entrevista exclusiva:

Q+A: Milkdonna

Olá, Milkdonna! Obrigado por nos receber para essa entrevista. Seu atual momento de carreira reflete uma evolução pessoal e profissional, agora estendendo seu trabalho também para a produção musical. Nos fale mais sobre isso… essa vontade surgiu para mostrar de forma mais íntima quem realmente é Milkdonna?

Olá, pessoal da Mixmag, muito prazer, eu quem agradeço!

Meu atual momento reflete meu lado artístico e performático, algo que, ao longo dos anos, veio tomando cada vez mais forma e sentido.

Essa vontade surgiu quando senti confiança em mostrar meu trabalho. Antigamente eu tocava, produzia, performava, mas ficava por isso; tinha um certo receio em apresentar meu trabalho por aí.

Sentia que a indústria (pessoas, agências, festas, canais, etc) só entenderiam se me vissem em ação, já que meu trabalho é ao vivo, sentindo a energia das pessoas.

Eu me comunico através da música e dança, e as maiores gigs que já tive vieram pelo fato do produtor(a) do festival ter me visto tocar ao vivo.

Eu sempre me expressei através da música e dança, muitos anos atrás fui cover da Lady Gaga, e saia performando na noite, sem me importar com o que os outros poderiam achar. Sempre tive essa confiança.

Mas, ao decorrer dos anos precisava amadurecer qual mensagem eu gostaria de passar e como.

Milk vem do meu sobrenome e Donna de Donna Summer e Madonna, dois ícones e mulheres que desde pequena são grandes inspirações para mim, tanto musicalmente como de imagem, tenho um grande fascínio por essas mulheres poderosas, fortes e como elas se expressam.

Milkdonna é a minha versão diva.

Neste seu primeiro single, ‘Erótica’, você deixa uma mensagem clara sobre empoderamento feminino, sobre ser sexy sem se sentir julgada. Isso é algo que você ainda sente na pele? Tanto dentro como fora da cena eletrônica?

Sinto que todas nós mulheres sentimos na pele, somos constantemente chamadas de ‘'loucas'' quando não estamos dentro do que a Sociedade considera normal, já dentro da cena eletrônica e entretenimento nem tanto, tudo é muito subjetivo e artístico, mas no geral a mulher é sempre julgada pela forma como que se veste, dança, fala, enfim… Se expressa.

Historicamente, a música tem sido uma forma de provocar mudanças sociais e culturais, além de servir como uma ferramenta para desafiar normas de gênero e promover a aceitação e a auto expressão. Pelo visto esse também será um dos seus objetivos nesta nova fase, certo?

Acredito que é o objetivo de qualquer pessoa que trabalha com arte, música e moda. É se desafiar e despertar no outro essa mesma sensação.

Voltando mais para o EP em si, você pode nos falar como foi o seu processo criativo? Por onde a ideia de ‘Erótica’ começou? E como tem sido essa jornada de aprendizado dentro do estúdio?

Quando comecei a produzir, busquei algo sensual, leve, com um ritmo fácil, porém quente, forte e com presença… Espero ter conseguido (risos).

Tem sido muito interessante e desafiador, não só colocar a cara para ‘'bater'' por ser meu primeiro EP, mas como também falar sobre mim e meu trabalho.

Esta é apenas uma das cinco faixas que serão lançadas no EP completo pela Alphabeat Records, certo? Além destas, você já tem outras músicas prontas? Qual estética poderemos sentir e ouvir de agora em diante?

Sim, já tenho 4 outras faixas prontas. Decidimos lançar o single ‘Erotica’ primeiro mais por uma questão estratégica, mas em breve estarão todas no ar.

As 5 faixas são bem distintas uma da outra, mas todas tem um elemento de poder, desejo e calor dentro delas.

O EP fala sobre desejo… mas qual é o seu? Ser uma estrela global na música é um deles? Qual impacto você quer deixar na cena?

Meu desejo é fazer música…Para um primeiro EP, acho muito cedo para falar de estrelismo também, mas definitivamente gostaria de ver mais mulheres produzindo e se arriscando na cena eletrônica.

Inclusive, hoje o Brasil tem desempenhado um papel de protagonista no cenário eletrônico global, com muitos DJs e produtores despontando lá fora. Você acredita que isso está ligado à criatividade e autenticidade dos nossos artistas? Como você busca ser autêntica nos seus trabalhos?

O Brasil é um país riquíssimo musicalmente, acredito que devemos olhar para os elementos musicais da nossa cultura em ordem de criar algo mais autêntico… Esse é definitivamente meu goal para o próximo EP.

Este primeiro, ‘Body Language’, é uma apresentação da minha persona, já no segundo meu foco é inserir elementos da nossa cultura musical dentro da vertente de eletrônico que eu toco.

Por fim, sabemos que você tem uma ligação direta com a moda. Hoje você divide sua rotina entre essas duas áreas? Você pretende seguir assim? Como você visualiza os próximos capítulos da sua carreira? Obrigado!

Música e moda foram feitas uma para outra. Música tem muito a ver com estilo e com a maneira como você se expressa e isso faz parte da moda, elas andam juntas.

Meu negócio é música, moda é consequência e um reflexo dentro do meu trabalho, inevitavelmente nos próximos capítulos elas estarão juntas.

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Photos: Divulgação

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