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Interviews

Luca Garaboni relembra seu passado na cultura clubber italiana e comenta estreia na Adesso Music

Artista italiano mantém uma carreira ativa desde o início dos anos 90

  • Redação
  • 15 May 2024

É sempre muito interessante e um grande prazer conversar com personagens que viveram a época mais efervescente da história da música eletrônica, no final dos anos 80 e início dos anos 90; Luca Garaboni é um deles.

Tudo começou quando ele se encantou com a cultura clubber em 1989, dançando no Movida Club, localizado na comuna italiana de Jesolo. Não demorou muito para que essa influência da vida noturna local guiasse Luca para o mercado musical, ao mesmo tempo em que ele se familiarizava com estilos como Funky, Soul e Acid Jazz.

Já em 1991, ele tornou-se DJ residente Dodo’s Club, um importante venue de sua cidade natal, localizado no Nordeste da Itália, onde compartilhava sua pesquisa em torno do Chicago House, Deep e R&B, até se mudar definitivamente para Milão, em meados dos anos 90.

Isso permitiu que ele se conectasse de forma muito mais próxima com a indústria musical como um todo, abrindo oportunidades para colaborar ao lado de artistas da velha guarda como Roy Davis Junior, K Alexy, Robert Owens e Ron Carroll, além de firmar residência no Blue Marlin Ibiza, famoso beach club da ilha espanhola.

Ao longo dos anos, seu catálogo de produção musical foi aumentando gradativamente e hoje ele pode celebrar mais de 100 faixas lançadas até aqui, incluindo passagens por labels como Armada Subjekt, Flashmob Records, Klaphouse Records, a sua própria Anomalje Records, e agora a conhecida Adesso Music.

Para dar vida a ‘Niño’, ele contou com a excelente colaboração da cantora mexicana Fabiola Osorio, que já participou até do X Factor da Itália, em 2015. Seus vocais espanhóis sedutores ajudaram a decorar ainda mais a faixa, que também se destaca pelas flautas latinas, seu groove tribal e percussões tropicais.

Mergulhe ainda mais na história de Luca Garaboni e nos detalhes deste que é seu primeiro lançamento na Adesso Music.

Q+A: Luca Garaboni

Olá, Luca! Obrigado por nos receber. Ficamos curiosos sobre a sua conexão com a cultura clubber ainda no final dos anos 80. Você pode nos contar alguns momentos que foram fundamentais para você se conectar com esse movimento? Como eram as noites no Movida Club?

Inicialmente, fui atraído pela ideia de sobrepor uma música a outra; ainda não tinha um gênero definido em mente, embora gostasse de assistir a fitas dos shows do James Brown e da Donna Summer. Na verdade, eu gostava de música disco funky.

Minha irmã ouvia Spandau Ballet e Duran Duran, enquanto eu passava tardes inteiras ouvindo rádio. Quando uma música que eu gostava tocava, eu a gravava em uma fita cassete e depois a levava para a loja de discos para comprar o vinil.

Com os amigos, íamos dançar em vários clubes da época, muitos em um raio de 100 quilômetros. Uma noite, eles me levaram ao Movida, em Jesolo, e, como mencionei antes, minha visão das boates mudou.

Fiquei imediatamente apaixonado por aquela música que não tocava no rádio; era diferente e especial, e era amor verdadeiro.

Já no início dos anos 90 você assumiu a posição de DJ residente no Dodo’s Club, um club da sua cidade natal. Qual era o nome da cidade? Ele era um venue importante na época? Em quem você se espelhava naquele momento para seguir carreira?

Depois de aprender a mixar com vinil no meu quarto (passando de 8 a 9 horas por dia com meus toca-discos, dois toca-discos Technics SL BD 22 acionados por correia que meu pai me deu), comecei a abordar DJs mais velhos em clubes nas tardes de domingo.

Às vezes, eles me deixavam tocar discos. Um dia, passei pela Dodo's, a melhor boate da minha cidade (Belluno, Veneto, Itália), embora nunca tivesse entrado. Um homem estava arrumando as coisas do lado de fora, então perguntei se podia ver a cabine do DJ. Ele era o proprietário.

Ele me deixou entrar, provavelmente percebendo a alegria em meu rosto ao ver aquela configuração profissional com três toca-discos Technics 1200 e o mixer Freevox Turbo 10 - um sistema de som Klipsch que era alucinante - um sonho!

Eu me imaginava tocando meus discos do Master At Work, Lill Louis, Franky Knuckles, David Morales e todas as músicas fantásticas, inclusive as produções italianas da época.

Ele perguntou: “Você sabe ser DJ?”. Eu disse que sim, e então ele perguntou: “Você tem seus próprios discos?” Respondi que sim, não muitos, mas o suficiente para um set de 2 a 3 horas.

Ainda me lembro de suas palavras: “Venha nesta sexta-feira, às 10 horas, e vamos fazer um teste”. Trabalhei lá por 9 anos. Atualmente, em minha cidade natal, não há mais clubes - apenas bares com música; tudo mudou há anos.

O que te levou a mudar para Milão na metade dos anos 90? Foi a busca por mais oportunidades dentro da indústria mesmo? Algum capítulo dessa história merece destaque?

Em meados dos anos 90, eu me mudei para Milão para crescer, conhecer novas pessoas, ir a estúdios de gravação de verdade, encontrar todas as músicas que eu queria e me apresentar mesmo durante a semana - algo impossível em cidades pequenas, onde as pessoas só se deslocavam nos finais de semana.

Lembro com nostalgia das festas após o expediente, como Breakfast at Tiffany's, Le Fleur Du Mal, Matmos - eventos inesquecíveis em que a música reinava suprema.

Já no âmbito na produção musical, você teve a oportunidade de trabalhar ao lado de nomes como Roy Davis Junior e Ron Carroll. Quando foi isso exatamente e como essas colaborações ajudaram você a se tornar um artista ainda mais completo?

Remixei Roy Davis com os vocais de Robert Owens graças a um amigo holandês, Coll Selini, que apreciava meu trabalho e minhas ideias. Conheci Ron Carroll em Miami e, mais tarde, ele cantou em alguns de meus álbuns; ele tem uma voz incrível.

Cada pessoa apaixonada que conheço me traz experiência. Sou muito aberto a colaborações e ao trabalho em equipe. Atualmente, iniciamos um novo projeto de pop/dance com caras de Berlim, passamos três dias no estúdio e tivemos resultados muito interessantes.

E em que momento você resolveu idealizar a sua própria gravadora, Anomalje Records? Você ainda se mantém ocupado com ela? Quais são os planos futuros do selo?

A gravadora foi uma ideia que nasceu durante a COVID com meu grande amigo Jeff Eveline, um artista e produtor com um talento incrível que mora em Los Angeles.

A Anomalje foi criada principalmente para lançar músicas de vários gêneros, o que foi muito útil durante esse período para distrair e manter o envolvimento.

Há um ano, a gravadora está suspensa enquanto procuro a direção musical certa para retomar e lançar dois discos por mês. Acredito que o foco será o deep house, deixando espaço para a criatividade dos artistas.

Agora que entramos nesse assunto, aproveite e nos fale sobre seu trabalho de estreia na Adesso Music. Junior Jack, o headlabel, é italiano assim como você. Essa conexão já vem de mais tempo? Ou começou agora com este lançamento?

Descobri a Adesso Music por meio de seus lançamentos, que apoiei desde o início por sua qualidade e adequação à pista de dança.

Quando terminei Nino, fiquei pensando em qual gravadora poderia se interessar, e um colega me deu o e-mail do Geoff da Adesso Music, então enviei.

Dois dias depois, ele respondeu que eles estavam interessados, e aqui estamos nós. Não conheço pessoalmente o Junior Jack, mas sempre fui um fã.

E quando ‘Niño’ começou a ganhar vida? Desde o início você já contava com os vocais da Fabiola Osorio ou essa foi uma ideia que apareceu ao longo do processo? Aliás, como você a conheceu?

Jeff Eveline apresentou os vocais de Fabiola para mim, perguntando o que eu achava, e produzimos Nino. Conheci Fabiola na época e nos demos bem imediatamente; já produzimos a continuação.

Por fim, o que mais você pode compartilhar com a gente? Quais os planos futuros para sua carreira? Você pensa em aposentar os fones ou essa não é uma ideia que passa pela sua cabeça ainda? Obrigado, Luca!

Não! LOL - Tenho o mesmo espírito de quando tinha 17 anos e tenho pelo menos mais 15 anos pela frente para produzir e tocar música. Não é fácil hoje em dia; é um compromisso enorme criar novos espaços e, mais ainda, manter o que construímos.

Nossa profissão está saturada e muito na moda - quem não gostaria de receber aplausos, visitar novas cidades toda semana, viajar de avião, jantar em ótimos restaurantes, etc?

Mas ser DJ não é apenas isso; é uma missão, uma paixão. O importante é trabalhar duro e estar pronto quando algo grande acontecer - eu estou pronto!

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Photos: Divulgação

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