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Kommodo rompe fronteiras mais uma vez com lançamento por label britânica

Falamos com o artista sobre carreira e seu novo EP

  • Marllon Gauche
  • 10 March 2021

Residência em Moscou, dono de um antigo afterhours em Belo Horizonte, passagens por festivais brasileiros prestigiados e suportes de grandes artistas do cenário underground.

Não é de hoje que Kommodo vem mostrando um trabalho exemplar, na verdade, sua carreira ultrapassou recentemente a marca de 10 anos e pouco a pouco ele vem acumulando novas conquistas.

A novidade mais quente é seu próximo release, o EP Breath, assinado pela gravadora britânica Somatic Records, que adicionou ainda mais peso trazendo Nairo e Binaryh para remixarem a faixa-título.

O disco será lançado oficialmente na próxima sexta (12); enquanto isso, dá para você conferir os previews no player acima e saber mais detalhes da trajetória de Kommodo que, pelo visto, ainda tem muito a compartilhar.

Você começou a tocar em 2011, a produzir em 2012 e nessa mesma época criou o after no EmmeLouge, que arrastava a galera da madruga até o 12h na cidade de BH. Você acredita que esse envolvimento com diferentes iniciativas logo de cara foi importante no seu desenvolvimento?

Kommodo: Olá, primeiramente muito obrigado pelo espaço, é uma honra poder fazer essa conversa com vocês.

Respondendo a pergunta: eu acredito que estar a frente em diferentes iniciativas foi fundamental para o meu desenvolvimento, a primeira vez que toquei para um público foi em 2011 em uma festa pequena a convite de um amigo, mas eu não era um DJ conhecido na cena.

Para conseguir visibilidade eu tive que criar o meu próprio espaço e no after foi onde eu tive isso; além de ser uma ponte para conhecer os produtores de eventos e DJs da região, foi um meio de me tornar conhecido pelo público. O after veio pra preencher uma lacuna em uma cidade que já tinha eventos acontecendo e uma cena consolidada.

Não era interessante pra mim chegar competindo com esses eventos, mas sim agregar com alguma coisa que até então não era bem definida. Sempre no final das festas as pessoas perguntavam o que fazer depois e normalmente acabavam indo pra casa de alguém.

Depois de algum tempo, o after cresceu e já era conhecido como o pós-festa oficial de BH. Começou a aparecer gente de outras cenas que não do eletrônico e juntar todo mundo na mesma pista de dança, todo mundo acabava parando; lembro que uma vez a gente levou os caras do Adana Twins pra lá depois da gig que eles tocaram, foi incrível.

Nesse momento a produção entra mais pra suprir uma curiosidade que eu tinha de como as músicas eram feitas, eu fiz um curso onde aprendi o básico, mas não me imaginava ainda como um produtor.

E quanto a mudança para Moscou, na Rússia. Quando isso aconteceu exatamente e por quê? Tiveram gigs inesquecíveis por lá? Como era o público?

A mudança para a Rússia veio de uma oportunidade que eu tive a partir do meu trabalho como designer/diretor de arte em 2012.

Eu estava buscando me mudar do Brasil e acabei recebendo uma proposta de uma grande agência em Moscou, fui sem conhecer nada nem ninguém e um dos meus maiores receios era o longo inverno Russo que eu iria pegar, acabei levando um monte de coisa como vídeo-game, livros e filmes pra não ficar entediado.

Mas logo que eu cheguei, com o meu primeiro salário, eu comprei um par de monitores, uma placa de áudio e um synth. Continuei estudando e praticando a produção e lancei meu primeiro EP numa gravadora alemã (nessa época eu assinava com outro nome), e foi aí que eu me apaixonei pela arte da produção musical.

Acabei nem usando nada do que eu levei e passei o inverno inteiro produzindo quando não estava no trabalho.

Nas primeiras semanas já comecei a me conectar com as pessoas da cena local e consegui minhas primeiras gigs, me lembro de uma que foi inesquecível no club Solyanka, na época um dos mais conceituados da cidade. O público de lá é bem animado e eu sempre buscava tocar tracks de produtores brasileiros, a resposta por parte deles era sempre muito positiva.

De volta no Brasil, você começou a apostar mais no trabalho de estúdio. Qual você considera o momento-chave que te colocou em um outro patamar na parte de lançamentos?

Logo que retornei para o Brasil em BH, tive uma nova proposta de uma agência de Florianópolis, aceitei e me mudei (é onde moro hoje); trouxe comigo os equipamentos que tinha comprado em Moscou e montei meu estúdio, eu só queria saber de produzir sempre que podia e fui criando minha identidade sonora.

Sempre que eu finalizava uma track, eu mandava pra outra pessoa fazer a master, que era um cara que bem envolvido na cena. Essa pessoa começou a me retornar com feedbacks bem positivos das minhas produções, me incentivando a continuar seguindo por esse caminho.

Um certo dia, por um acaso, em uma festa que estava rolando na Praia Mole, conheci a Jennifer (sócia da House Mag) que hoje considero uma grande amiga minha, falei que era produtor e ela me pediu pra mandar algumas músicas pra ela.

Eu cheguei em casa naquele mesmo dia e já mandei um email com minhas músicas, aí uma semana depois ela me liga dizendo que havia gostado e me convidou a entrar no casting da agência que eles estavam criando, foi aí que tudo começou a ficar mais sério e eu passei a assinar como Kommodo, não porque havia mudado minha identidade, mas queria deixar pra trás toda a fase de aprendizado e tracks lançadas que não estavam no nível que eu gostaria de levar adiante.

Eu acabei saindo da agência que eu trabalhava para poder fazer meus trabalhos como designer por conta própria e conseguir mais tempo para produzir.

Hoje, além de gravadoras renomadas como Prisma Techno, Steyoyoke, Timeless Moment e Warung Recordings, você passa a fazer parte também do catálogo da Somatic Records. É seu trabalho mais importante até o momento?

Tenho um grande orgulho de ter lançado por todas essas gravadoras, cada uma foi um novo passo que fui dando na minha carreira.

Acredito que esse ep tem uma grande importância pra mim, primeiro por ser uma track que eu gostei muito de fazer e do resultado final e depois pelos remixers de peso que compõem o EP. Considero esse e o meu EP Black Sun pela Timeless Moment como os mais importantes até o momento.

E qual sua relação com os remixers do EP, foi você mesmo que fez o convite?

O Rene e a Camila do Binaryh são duas pessoas que eu admiro muito, conheci o trabalho deles quando lançaram pela Steyoyoke, me impressionei logo de cara e virei fã na hora!

Acabei conhecendo o Rene em um grupo de produção musical do Facebook, adicionei ele e conversamos um pouco, depois tive a oportunidade de conhecer os dois pessoalmente em uma gig que tocamos na Green Valley.

Em 2019 os convidei para tocaram na minha festa Vortex, que rolou no Deputamadre em BH, e aí sim conversamos bastante sobre carreira, produção e a cena. O Rene sempre se mostrou muito aberto nas nossas conversas e foi aí que depois eu criei coragem e convidei pra fazer o remix da minha track, nem acreditei quando ele aceitou.

O Nairo é um produtor inglês que a gente adicionou no Facebook pois tínhamos lançamentos em gravadoras em comum como KDB e Steyoyoke. Cheguei a convidá-lo uma vez pra mandar uma track pra lançar na minha gravadora que no momento está em stand by.

Ele não tinha nada pra mandar, mas se mostrou disposto a fazer algum remix. Quando estava fechando o ep com a Somatic, sugeri o nome dele como um possível remixer e eles curtiram, pois ele já havia lançado pela label e é um excelente produtor.

Hoje você considera que já está com identidade sonora bem definida ou ainda há pontos a se lapidar? Essa mistura de linhas progressivas e melódicas é o que representa Kommodo?

Hoje eu considero que estou trilhando um caminho que percorre linhas melódicas e estilos como Melodic Techno e Progressive House.

Acredito que eu já criei uma identidade, mas sempre estou buscando melhorar em vários pontos, ouvindo muita música, estudando e incorporando novas técnicas na produção.

Com certeza as melodias mais introspectivas são o que me representam, mas ainda acho que tenho muito chão pra percorrer.

Você mencionou previamente que teríamos uma faixa lançada como free download, pode nos falar um pouco mais sobre isso?

Sim, decidi junto com a Somatic em colocar uma faixa pra Free Download para promover o EP.

A faixa se chama ‘Dreaming Awake’ e representa um pouco do momento que estou passando, tanto no nosso contexto histórico e político atual que chega ser surreal, pra dizer o mínimo, como por um lado mais positivo das conquistas que venho tendo no âmbito da música eletrônica ultimamente.

Além da parte profissional, não há como deixar de perguntar sobre a pandemia… como foram esses últimos meses para você? O que te ajudou a atravessar esse momento e a buscar inspiração para criar?

Confesso que já passei por vários momentos na pandemia, inicialmente veio um movimento de urgência e muita inspiração, cheguei a finalizar várias tracks nos três primeiros meses, sendo a ‘Breath’ uma delas, também fiz bastante conteúdo para redes sociais, estava querendo aproveitar o momento para dar um gás.

Depois veio uma baixa energética pelo tempo que foi se arrastando e por coisas que estavam bem encaminhadas antes da pandemia e não sei mais quando e nem se vão ser retomadas do ponto em que estavam, isso me deixou bastante desanimado por um tempo, tirando toda minha inspiração e vontade de produzir.

Com o novo ano eu tive uma nova onda de ânimo e inspiração a qual venho mantendo até hoje, mas agora com o pé no chão, vislumbrando uma possível retomada, mas sem criar muita expectativa com o retorno das pistas.

E para o futuro próximo, o que há no horizonte de Kommodo? Você tem metas traçadas para este ano? Obrigado e sucesso!

Para um futuro próximo já tenho dois remixes e um lançamento programado para esse ano. No dia 12 também vai ser lançado um remix que fiz para a gravadora Stellar Fountain.

Ainda sem data de lançamento tem um remix que fiz para o produtor ucraniano Eric Rose que fiquei muito feliz com o resultado, e uma track que vai sair em um VA da Obenmusik. Nesse meio tempo já estou finalizando novas tracks.

Esse ano tenho como meta me envolver cada vez mais na cena local de Florianópolis, e pretendo, quando houver a retomada dos eventos, ter alguma residência em um club da cidade.

Obrigado pelo espaço!

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Photos: Divulgação

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