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Do Espírito Santo para a Europa: conheça a trajetória do artista capixaba CAZTILLA nesta entrevista exclusiva

Em 2022 ele conquistou um lançamento na Diynamic e hoje está construindo sua carreira na Europa

  • Redação
  • 10 June 2024
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Q+A: CAZTILLA

Olá, Pedro. Obrigado por nos receber. Antes de falarmos sobre o lançamento na Diynamic, gostaríamos de saber como sua história com a música eletrônica começou…

Olá, é um prazer enorme estar aqui. Tive o meu primeiro contato com música através dos meus pais, que escutavam Rock e Blues. Peguei o gosto e fui navegando até me encontrar na música eletrônica. Em 2012, com 17 anos, baixei o Virtual DJ por engano e fiquei curioso.

Desde então, não parei de estudar e aprender. Iniciei a minha carreira na música eletrônica em meados de 2014, passei por estilos como Deep House, Tech House, Progressive House e Techno, até absorver um pouco de cada e desenvolver a minha própria identidade.

E quais foram os seus principais highlights antes de toda essa virada de chave na sua carreira?

Começou em 2016, quando iniciei na produção musical, mas fui lançar minha primeira música só em 2019, através da gravadora KB Records.

Nesse meio tempo, passei por praticamente todos os clubs de Vitória e Guarapari/ES, inclusive tive uma breve residência no Toro Club, que foi o único club dedicado à música eletrônica no estado.

Em 2018, fui o único DJ da cena eletrônica a tocar na Virada Cultural de Vitória e em 2022, toquei no mainstage do Spring Break Brasileiro SBB, na Bahia.

Mesmo com essas conquistas que você citou, por que você estava pensando em desistir da carreira em 2022? Estava difícil monetizar com a música? Você não pensava em se mudar para outro estado em busca de mais espaço?

Acho que todos os artistas que sonham seguir a sua arte passam por essa fase. Insegurança, uma sensação de que não estamos saindo do lugar e o tempo continua passando; tocando e não recebendo; ser obrigado a tocar outros estilos para conseguir gigs, etc.... Além do medo de me frustrar por não realizar um sonho.

Eu venho do zero. Não tive ajuda com networking ou financeira, tive que “bater de porta em porta” e conhecer pessoas novas nos eventos para conseguir tocar (e continuo fazendo isso).

Desde cedo eu percebi que o estilo que o meu projeto caminhava, se encaixava muito na gringa. Já havia pensado em ir para o sul do Brasil, mas não tive oportunidades concretas.

A decisão de arriscar tudo e ir para a Europa veio como um insight, senti que aquele era o momento “é agora ou nunca”. Se tive medo? Pra caramba! E ainda tenho, mas o meu maior medo é me tornar um idoso frustrado e cheio de sonhos não realizados.

Quando foi que você enviou a sua música para Diynamic? Foi apenas a ‘Fuse’ ou você enviou outras também? Quanto tempo demorou até receber a resposta positiva da gravadora querendo lançá-la?

Foi engraçado, pois eu terminei a Fuse no final de 2020 e comecei a enviar para algumas gravadoras. A primeira que enviei foi a Diynamic, mas sendo sincero eu achei que eles nem iriam ler o meu email.

O tempo passou e acabei sendo aprovado por uma outra grande gravadora brasileira. Em julho de 2021, recebi o email da Diynamic. Tive uma conversa muito amigável com a outra gravadora (que acabou lançando uma outra música minha) e aceitei lançar na Diynamic.

Enviei apenas a track Fuse. Envio sempre músicas separadas, pois gosto de contar uma história, por exemplo: quais são os sentimentos que quero passar com ela e o porque acredito que essa música se encaixa com a gravadora…

E aí você não pensou duas vezes… o que esse lançamento pela label te trouxe de mais positivo, além da vontade de seguir com a carreira na música?

Além de me dar um tapa na cara do tipo: “Cara, agora não é hora de desistir” hahah, senti que as portas começaram a se abrir.

Vejo que todo o portfólio que adquiri com o tempo e sendo endossado pela “Fuse”, me facilitam e muito para fechar mais gigs aqui na Europa. Me sinto mais valorizado.

Como foi o processo de decidir sair do país e escolher um lugar na Europa para morar? E quais motivos te levaram a firmar residência em Portugal?

Pessoalmente, eu sempre tive esse sonho de morar fora, não apenas relacionado à música. Mas, nunca tinha tido oportunidade.

Aconteceram algumas coisas na minha vida pessoal em meio ao lançamento da “Fuse” que me fizeram tomar uma decisão: Ou começo do zero aqui na minha cidade ou arrisco tudo e vou atrás dos meus sonhos. Lembrando que eu venho de uma realidade comum do Brasil, sempre achei que era quase impossível realizar este sonho, financeiramente falando.

Eu cheguei na Europa pela Alemanha e só tinha planos concretos para 2 meses haha. O resto foi fé, corri atrás e deixei as coisas acontecerem.

Acredito que pouca gente saiba, mas alguns dos grandes DJs que estão na cena mundial vivem aqui. Como por exemplo: Miss Monique, Korolova, Alex Stein, entre outros.

Além do clima que é mais parecido com o do Brasil, Portugal facilita (um pouco) o processo de residência para brasileiros, além de ser muito fácil para se deslocar para outros países da europa.

Mudar-se para fora do Brasil com certeza é o sonho de muitos artistas daqui, mas algo que muitos devem se perguntar é sobre a inserção na cena eletrônica de um outro país, uma outra cultura… como foi isso para você? Quais dificuldades você encontrou no começo e o que mais te ajudou nessa transição?

Primeiro, a cena aqui é diferente. De modo geral, sinto que estilos mais progressivos e/ou “groovados” são mais aceitos.

Existem estilos que têm espaço em quase toda a Europa, como por exemplo: Techno, House e Tech House (mas sinto que é um tanto diferente do que rola no Brasil).

Porém, cada lugar tem a sua característica: Berlin, por exemplo, eu vejo como um universo paralelo. Lá o Groovy House e o Techno (em especial o Hard Techno) reinam.

A cidade respira música, simplesmente o lugar mais incrível que já toquei. Detalhe, adaptei o meu som para uma pegada Groovy House para me apresentar no AVA club lá. Pelos lugares que me apresentei, senti que as pessoas se interessam em conhecer artistas e estilos novos e realmente dançam.

Sobre as dificuldades, são as mesmas como em qualquer outro lugar: Conhecer pessoas chave para te conectar com clubs e fechar datas. Mas aqui o “Porta a Porta” funciona muito bem e dá resultado, fica a dica.

Como o meu estilo musical já era mais europeu, não tive dificuldade de adaptação. Mas, para os DJs que tocam estilos comerciais no Brasil e querem vir, aconselho a dar uma estudada sobre o que rola por aqui.

Você inclusive comentou que tem feito apresentações recorrentes no Kremlin, em Lisboa, que é um club bem importante da capital. Como rolou essa aproximação com o club? É uma atmosfera diferente das pistas do Brasil ou não exatamente?

Quando cheguei aqui em Portugal, este foi o club que mais frequentei pois conversava muito com o meu som. Desde o início, fui fazendo conexões até fechar datas. Lá eles tratam os DJs como artistas, como se deve ser. Tenho a liberdade de expressar a minha arte sem medo, a própria estrutura do club permite isso.

E na parte da produção musical, você ainda tem investido nisso mesmo estando em Portugal? Tem algum home studio ou usa apenas o notebook para produzir?

Sim, claro. No momento, tenho mais 5 tracks prontas. O meu setup atual: Um Macbook, Headphone e um teclado MIDI. Estúdio de nômade haha.

Inclusive, você lançou recentemente uma nova track pela Like That Underground, de Berlim. ‘The Journey’ é uma faixa que reflete bem suas características sonoras? Sentimos que ela mistura uma linha do progressive com elementos melódicos e um bassline potente… nos fale mais sobre ela.

Isso, o meu som foca muito em elementos progressivos com uma mistura de House e Techno. Acredito que o estilo que mais se aproxima da minha identidade seja o Indie Dance. A The Journey reflete bem isso, inclusive ela representa toda a minha jornada de sair do Brasil para a Europa.

Busquei criar uma track que representasse um pouco a jornada do herói, por isso ela tem uma atmosfera “mística". Trabalhei 2 Drops diferentes, justamente para o segundo Drop representar a conquista.

Quais são seus próximos passos e objetivos agora? O que você pretende conquistar ainda neste ano e, pensando no futuro, que mensagem você quer deixar através da sua música?

Eu digo que agora que começou a jornada. Meu objetivo é fechar com regularidade em mais clubs e eventos maiores de outros países.

Pra fecharmos, alguma novidade para adiantar ao público? Obrigado, Pedro!

Em Julho farei uma Live pelo YouTube em um lugar paradisíaco na costa de Portugal, então aguardem haha

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