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Conversamos com Fancy Inc, que acaba de lançar EP em comemoração aos 10 anos do projeto
'Echoes of a Decade' tem duas faixas e celebra década de sucesso da dupla
Adri Dubb e Matheus Rodriguez colecionam hits. Os nomes por trás do Fancy Inc tem muito a comemorar sobre a trajetória de dez anos do projeto, que é um dos destaques nacionais quando falamos sobre inovação e autenticidade.
De collab com David Guetta e Vintage Culture ao lançamento de sua gravadora própria, a Not Too Fancy, os artistas se mantém explorando as diversas possibilidades da música eletrônica.
Batemos um papo super franco com a dupla, que comentou sobre seus hits, visão sobre produção musical, conquistas e desafios ao longo de sua história no mercado musical. Leia:
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Q+A: Fancy Inc
O EP “Echoes of a Decade” parece marcar uma nova fase sonora para o Fancy Inc. Como descreveriam a evolução da dupla desde os primeiros lançamentos até essas duas novas faixas, “Mad Max” e “Spin Back”? Como elas se conectam com os sentimentos e experiências acumuladas nesses dez anos?
Nosso primeiro lançamento como Fancy Inc foi a track “Sometimes”, uma collab com Steve Sanx, em 2014. A vibe era mais para a Deep House, que define nossa identidade. Com o passar dos anos, fomos evoluindo nossas produções: “Something Good” e “Set Me Free” em 2015, “Hazy Verses” em 2016, “Our House” e “Synthesis” em 2017, “Acid Funky” em 2018 e “Pour Over (Remix)”.
O ano de 2019 foi um marco de sucesso para o nosso projeto Fancy Inc. Com certeza você já ouviu “My Girl”, “All I Need” e “Spectrum (Say My Name)”. São nossa essência!! Nosso maior destaque neste ano com certeza foi “In The Dark”. A track, que refletia modernidade e autenticidade, continua sendo pedida pelos nossos fãs em todos os shows até hoje.
Em 2020, lançamos “Better Days” e “Happy”, em collab com amigos nossos. Isso sem esquecer do remix de “Let’s Love”, do David Guetta!! “Cali Dreams” e “Free” uma collab com David Guetta foram nossos destaques em 2021.
Trazendo uma vibe mais emocional, 2022 foi o ano de lançar “Healing” (com Kryder) e “Heaven” (com Magnus). E na pegada Fancy Inc Progressive - Tech House, tivemos “Circles” (uma das mais pedidas pelos nossos fãs), “Running Away”, “Be With You” e “Would You Blame Me”. E no final do ano uma collab com a lenda da house music Todd Terry.
2023 foi marcado por nossa participação na Tomorrowland Bélgica, onde lançamos a track “Confessions”. Além dela, também tivemos “Nightmare” e “Darkness”. Uma trilogia para esse ano que foi super frutífero para nossa carreira.
Desta mesma maneira, com o objetivo de encontrar uma nova vertente dentro do próprio ecossistema sonoro no qual estamos, produzimos os dois mais recentes lançamentos: “Mad Max” e “Spin Back”. Sempre mantendo nossa essência do tech, mas com elementos sintéticos e melódicos.
Mais do que criar faixas e lançar músicas, vocês agora estão construindo uma comunidade através da Not Too Fancy. Quais são as expectativas para o futuro da da gravadora? Vocês já têm artistas em mente ou colaborações previstas que possam surpreender o público? Podem adiantar alguma novidade?
A comunidade Not Too Fancy nasceu com a ideia de que a música não precisa ser excessivamente elaborada ou pretensiosa para ser impactante. O selo busca valorizar a essência da criatividade e a originalidade, sem se prender a normas ou expectativas excessivas. Not Too Fancy representa nossa paixão por ultrapassar limites e criar algo novo.
Já temos nomes de reconhecimento internacional confirmados para collabs e lançamentos na nossa gravadora. Para o segundo lançamento já teremos uma collab com Vintage Culture e Meca. “Electricity “já está na boca da galera e promete ser um presente para os fãs.
As demos que estamos recebendo possuem uma qualidade gigantesca, mostrando o poder e a força que a Not Too Fancy terá no cenário nacional e global.
Por enquanto, essas collabs são surpresa! Aguardem e acompanhem nossas redes sociais para não perderem nenhum spoiler. Vai ser incrível !
Vocês têm discos de Diamante e Duplo-Platina. Olhando para trás, qual foi o momento mais significativo da carreira de vocês nesses 10 anos? E o que ainda falta conquistar?
Tivemos vários momentos significativos ao longo dos anos, tocamos em todos os grandes festivais nacionais, mas o que realmente marcou foi a experiência de trabalhar em uma música e lançar a collab com David Guetta.
Foi incrível ter esse contato e sentir o entusiasmo que ele tem com a música até hoje, inspirador. Temos muitos objetivos ainda para serem alcançados, principalmente festivais fora do país que, por enquanto, só tocamos no Tomorrowland da Bélgica.
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Vocês comentam que "a simplicidade e a sinceridade" muitas vezes têm mais impacto na música do que algo excessivamente elaborado. Como essa filosofia influenciou a criação das músicas e a identidade da gravadora?
Nós acreditamos que a riqueza em detalhes pode ser interpretada de diferentes maneiras. Nem sempre uma música com 120 canais é necessariamente rica em detalhes. Às vezes, ela até perde a definição dos elementos quando empilhados aleatoriamente.
Veja bem, nós mesmos já passamos por essa fase de exagero. Mas, com a maturidade musical, você passa a entender que algo pode ser, sim, excessivamente elaborado. Por exemplo, trabalhar horas e horas no sound design do synth principal para torná-lo especial, ou pensar em como criar um groove genuíno com poucas percussões. Porque, no final do dia, o que importa é a clareza da mensagem que você quer transmitir. O alicerce da gravadora sempre será em busca de tracks voltadas para a pista com temas fortes e modernos estéticamente.
Ainda nesse sentido, vocês falam sobre a busca por originalidade. Existe alguma coisa que, paradoxalmente, nunca muda no Fancy Inc? Algo que permanece o mesmo, não importa o quanto a indústria ou vocês evoluam?
Existe sim, e isso está bem definido como se fosse o nosso lema: “forward thinking”. Estamos sempre em busca da originalidade. Da mesma maneira que fizemos algo fora dos padrões com “In The Dark” em 2019, nunca deixamos de tentar inovar, e agora acreditamos estar encontrando (ou ter encontrado) algo genuinamente fresh. Sempre com elementos melódicos e sintéticos, mas sem perder o foco em servir a pista e o DJ.
O nome da gravadora de vocês, Not Too Fancy, sugere uma filosofia menos pretensiosa. No entanto, o que vocês consideram como "pretensioso" na música eletrônica? Já sentiram que precisavam ir contra uma corrente para manter sua autenticidade?
É exatamente esse o motivo que decidimos abrir a própria label depois de tantos anos. Muitas gravadoras têm um padrão estético que precisa rigorosamente ser respeitado e isso às vezes no nosso processo criativo acabava atrapalhando um pouco.
Vários caminhos que deixamos de provar por não saber se encaixar em determinado label. E agora teremos total liberdade para experimentar, assim como queremos que todos que estiverem lançando conosco também tenham. No rules.
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Ao longo desses 10 anos, vocês desenvolveram uma assinatura sonora forte. Alguma vez sentiram que o sucesso de uma faixa ou estilo começou a "prender" a criatividade de vocês? Como lidam com essa tensão entre sucesso e inovação?
Você sempre vive o fantasma do último hit, inclusive colegas que estão vivendo isso nos perguntaram como lidar com isso. É importante ter claro que, embora o mercado exija sempre o “próximo e o próximo e o próximo hit”, você precisa manejar que é um processo e isso vai acontecer, não pode deixar isso te consumir.
Como tivemos várias tracks de sucesso e cada uma com uma sonoridade diferente, como “My Girl”, depois “In The Dark”, “Cali Dreams” e “Free”. Nunca tivemos presos a “repetir a fórmula” e sim manter a mesma alma em todas.
Muitas vezes falamos sobre os momentos de sucesso, mas quais foram os maiores desafios que vocês enfrentaram nesses 10 anos? Alguma fase onde se questionaram se o Fancy Inc estava no caminho certo?
Todo artista passa por momentos de altos e baixos em sua carreira. Dentro desses 10 anos, nosso objetivo sempre foi produzir coisas que dialogassem mais com as nossas referências de fora, buscando labels gringos, e acima de tudo tivessem identidade e encontramos um caminho paralelo entre o tech house/progressive europeu e o gosto dos brasileiros.
Essa nossa busca pela modernidade sempre nos gerou muitos questionamentos. Caminhar com a visão de futuro é sempre um trabalho arriscado. É um desafio imenso.
Nós já tivemos tours pela Europa. Lá fora, você percebe que ser um artista de fato, ter um trabalho autoral, bons releases e ser ativo no mercado é extremamente comum. Os contratantes não querem mais ouvir seu “set promo” e sim qual o produto que você tem desenvolvido.
Encontramos públicos bem diferentes em cada lugar que passamos, cada um com uma preferência específica, tornando cada gig imprevisível. Houve lugares que o techno reinava, mas em outros a excepcional house music era quem dava as cartas. Entender esse universo e saber como agir moldou o Fancy Inc até atingirmos essa solidez que temos hoje.
Para finalizar, se o Fancy Inc fosse visto daqui a mais 10 anos, como vocês gostariam que ele fosse lembrado? O que vocês esperam deixar de legado na cena da música eletrônica?
Nosso projeto faz 10 anos agora em 2024. Nesse período, fizemos muitos amigos na estrada, conhecemos muitas pessoas.. Isso é muito gratificante. Sair na rua e receber elogios de conhecidos e de fãs nos deixa muito orgulhosos.
Nós vamos amadurecendo a cada ano, descobrindo novas sonoridades. Nosso objetivo não é ter uma produção frenética, de muitas tracks sendo lançadas. O que queremos é ter a perseguição de “produzir, produzir e produzir”. Queremos entregar um produto de qualidade, sempre.
Estamos num momento de destaque no que diz respeito à criatividade. Nós devemos muito às oportunidades que têm surgido. Fazemos tudo de coração porque, no final das contas, o que está no centro de tudo isso é a música e o legado deixado é que qualquer um reconheça a identidade Fancy Inc facilmente!
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Imagens: Divulgação