WLL: 5 dicas para um feat de sucesso
Clareza, engajamento, contraste sonoro e mais: se liga nas dicas de WLL para seu feat dar certo
WLL é um artista brasileiro radicado em Los Angeles que não dispensa um bom gingado tropical em suas músicas. O DJ e produtor vem trazendo uma mistura refrescante dentro do Funk/Disco com um toque criativo dos Brazilian Grooves em seus lançamentos.
Influenciado pelos trabalhos de Kaytranada, Disclosure e até mesmo Djavan, WLL lançou uma série de singles que experimentam sonoridades distintas e suavemente dançantes, contando muitas vezes com contribuições de diversos artistas de raízes musicais diferentes de variados cantos do mundo.
Em suas músicas, ele contou com o “featuring” das vocalistas californianas Anna Carmela e Dree Mon, do artista de reggaeton de Miami LJ Smooth, do produtor Emmy Bradley Denniston, da cantora brasileira ISSA, além da contribuição do artista de Afro Pop e R&B Eduardo Omondo no seu mais recente lançamento, “Losing Control''.
Com uma experiência na realização de featurings, nós o convidamos para compartilhar algumas dicas de como realizar um feat de sucesso.
*Vale lembrar que um feat é apenas um pequeno complemento na obra já quase que finalizada, enquanto uma collab é o trabalho que provém do esforço mútuo de dois ou mais artistas para que a música fique pronta.
1 Seja claro sobre business e defina os termos ANTES de iniciar a track
Um dos problemas que vejo hoje em dia com colaborações é a falta de conhecimento, ou mesmo de interesse, por parte de artistas sobre o que acontece após a música ser lançada.
Perguntas que eu geralmente faço são: ‘O que você está mais interessado em fazer?’ ‘Qual será a estratégia de lançamento?’ ‘Como você pretende divulgar?’ ‘O quanto você quer participar?’ ‘Como serão os splits/divisões dos royalties?’
Antigamente eu preferia falar de business, porcentagens e afins após a track estivesse pronta.
Mas depois que um episódio onde o feat queria absorver mais de 60% dos splits, sem nem nunca ter tocado ou investido ($$$) na track, resolvi ser mais claro ANTES de me jogar na produção.
Acho importante frisar que, caso o feat seja alguém que te possibilitará uma grande chance de elevar seus números, sempre é válido negociar.
Afinal é melhor 1% de 1 milhão do que 100% de nada.
E finalmente, uma vez que o acordo verbal está decidido, o caminho criativo fica mais livre e evita surpresas no final.
2 Números (REAIS) importam
Eu já vi muitos casos de produtores menores, conseguirem fazer um feat/colab com artistas maiores, só porque o artista maior “curtiu” o som. Acontece, porém eu diria que 90% dos casos não é bem assim…
Na era onde seu número de likes, followers e streams são tão importantes quanto a qualidade da sua música, é fundamental ter uma estratégia de como se aproximar de um artista grande e causar uma boa impressão. Infelizmente seus números fazem parte disso.
A maior parte dos artistas grandes tem assistentes, empresários ou pessoas que agem como um “filtro”.
Geralmente, um modo de causar uma boa impressão é ser você mesmo, mas antes mesmo de você conseguir mostrar seu som, os famosos “Gate Keepers”, vão olhar seus números a fim de estipular o quão interessante seria para o artista ter você numa track. Então, construir uma audiência é fundamental.
Porém, antes de você sair “comprando” likes e followers por aí, o mais importante é ter engajamento. Se você tem 500 followers, mas muito engajados, importa muito mais do que 5000, onde somente 5 pessoas realmente se importam com o que você faz.
Uma média para engajamento na maioria das plataformas hoje seria: 1-10% - Ok-normal | 10-20%-ótimo | 30% em diante - Excelente.
Por exemplo, se você tem 1000 seguidores e em torno de 300 pessoas interagem com seu conteúdo, você já tem mais engajamento que 90% dos artistas.
Ps.: acho muito válido mirar em feats com um números próximos ou ligeiramente maiores que os seus. Tem 500 seguidores? Tente alguém com 800/1000.
3 Mire no contraste
Eu realmente acredito que as melhores parcerias que eu tive foram quando o artista tem um background totalmente diferente do meu, isso traz uma riqueza muito grande na produção, mas também serve pra te tirar da sua zona de conforto.
Se você produz tech house e convida outro produtor ou cantor que já está acostumado com o estilo, não tem muita novidade ali.
Mas eu te desafio a convidar um cantor de um gênero musical totalmente diferente do seu. Contrastar em música é fundamental, ainda mais se você está buscando criar algo novo ou genuinamente seu.
4 Crie um Cronograma
Uma das armadilhas que os produtores caem quando trabalham com outros artistas é a falta de programação.
Isso faz com que uma track que poderia ser terminada em algumas semanas, demore meses, anos ou mesmo nunca… isso porque um dos artistas se torna vítima do calendário do outro(a).
Alinhar de antemão um horário diário, ou semanal em comum, é fundamental para terminar a música em um tempo aceitável (até dois meses, na minha opinião).
Eu conheço produtores que têm featurings com artistas gigantes, mas com a track “engavetada”, pois o artista convidado não tem tempo pra finalizar.
Crie um cronograma simples e compartilhe com o artista ou seu empresário, assim ambos têm um comprometimento e datas a cumprir. Sessões de 2 horas para escrever letras, criar arranjos e gravar os vocais é mais que suficiente.
Eu geralmente faço de 3-4 sessões quando trabalho com feats, mas tem vezes que o artista não consegue cumprir esse número.
Nesse caso, tente resolver o máximo possível antes dos encontros e aumente o número de horas por sessão.
Eu não sou muito fã do pensamento que “arte precisa ser livre e sem deadlines”, eu realmente acredito que limitações é o que faz um artista único, e um cronograma bem feito é a sua melhor estratégia para finalizar sua arte com sucesso.
5 Seja flexível
Fazer música com alguém é sempre um desafio, mas não pode se tornar uma batalha ou peso.
Eu me peguei algumas vezes “reclamando” quando o artista não queria seguir o caminho que eu imaginei inicialmente.
Depois que a track estava pronta, eu via o quão melhor o produto final se tornou, graças às discussões e idas e vindas com os artistas.
Entre de cabeça na produção, mas de cabeça aberta.
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