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R.I.P. Dom Phillips: de reportagens dos primórdios da cena rave inglesa até a Amazônia

Lembranças do primeiro editor de Mixmag no Brasil, o jornalista britânico Dom Phillips

  • Eliézer de Souza
  • 19 June 2022

Ainda me lembro do primeiro contato que tive com Dom Phillips.

Depois de uma viagem à Londres para sacramentar o que viria a ser a primeira Mixmag fora do Reino Unido, estávamos apenas iniciando os trabalhos em São Paulo.

E chegou um e-mail de Dom Phillips. Ele se apresentou como jornalista, ex-editor de Mixmag na Inglaterra, disse que gostaria de fazer parte do time da revista no Brasil.

Dom tinha acabado de se mudar para São Paulo e queria fazer freelas por aqui. Marcamos uma reunião e dias depois a recepcionista avisou que tinha um gringo me procurando.

E num dia ensolarado de Sampa, Dom entrou em nosso escritório. Um cara inteligente, de mente aberta e que, como se estivesse sempre coletando informações, fez várias perguntas.

Tomamos uns dois ou três cafezinhos e conversamos sobre vários assuntos, sobre o que o trouxe ao Brasil e suas experiências no front da icônica revista pioneira da Dance Music.

Aproveitei para, assim como ele, fazer muitas perguntas sobre como era o trabalho na Mixmag nos anos 90 em Londres, sobre o agito das raves inglesas e sobre o The Hacienda.

Nos demos bem logo de cara e, dias depois, avisei a diretoria de Londres que Dom Phillips assumiria como editor chefe de Mixmag no Brasil.

Trabalhamos juntos em diversas missões, de capas com superstars como David Guetta e Black Eyed Peas até coberturas in loco em várias baladas underground de SP.

Alem de um excelente profissional, Dom foi para mim um excelente companheiro no rolê pelas noites de Sampa, e tambem para boas rodadas de cerveja gelada.

Lembro que curtimos de camarotes tanto em "baladas de playboy", como ele dizia, até afters no Love Story aos butecos mais "under" da Rua Augusta.

Foi uma honra ter trabalhado com um profissional de tamanho prestígio. Aprendi muito com sua astúcia jornalística, seu senso apurado.

Mas a paixão de Dom pelo Brasil acabou fazendo com que ele migrasse cada vez mais para as reportagens jornalísticas que iam da Amazônia até política.

E lembro tambem que essa nova correria passou a tomar muito tempo dele, com deadlines apertados para jornais como NYT e o The Guardian.

Nosso contato continuou mesmo depois que o Dom deixou a equipe. Ele seguiu colaborando pontualmente conosco fazendo entrevistas com artistas internacionais.

A última vez que falei com ele, foi para entrevistar algum artista gringo, mas ele acabou não fazendo porque estava viajando, com agenda apertada e N outros motivos.

Dom trabalhou na Mixmag inglesa de 1991 a 1999 e foi editor da revista de 1993 a 1997 por lá. Tambem foi editor de Mixmag no Brasil e assinou as primeiras edições da revista impressa.

Todos os envolvidos com Mixmag no Reino Unido e no Brasil receberam, na última semana, as notícias chocantes do assassinato dele junto com o indigenista Bruno Pereira.

Fica a lembrança dos bons momentos, de trabalhos muito legais, das nossas diferenças de pontos de vista e a gratidão pelo prestígio profissional que ele nos trouxe.

Um sentimento de vazio. Uma sensação triste, difícil de explicar.

R.I.P. Dom Phillips

Fotos publicadas na edição #02 da Revista Impressa

Foto 01: Evento de lançamento da Mixmag Brazil na Pacha São Paulo (September 11/2009)

Foto 02: Dom o editor Ricardo Cruz no evento de lançamento da Mixmag Brazil na Pacha São Paulo (September 11/2009)

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