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Fábio Mergulhão: os olhos do Warung Beach Club

Junto do Warung, o fotógrafo documentarista está comercializando seis fotos icônicas do templo como NFTs

  • Ágatha Prado
  • 23 June 2021
Fábio Mergulhão: os olhos do Warung Beach Club

O que seriam das noites de festas, eventos e festivais sem os registros que eternizam seus melhores momentos? Nada melhor do que fotografias que nos trazem de volta as experiências vividas em cada lugar.

Fabio Mergulhão é um dos grandes olhares da cena eletrônica nacional e por meio de suas lentes, momentos históricos da música eletrônica brasileira foram registrados e permanecem eternizados através de suas fotografias.

Com olhar profundo e sensivelmente criativo, Mergulhão fotografou as principais festas das noites de São Paulo, além de eventos emblemáticos como Skol Beats — onde capturou a icônica apresentação de DJ Mau Mau, com o registro estampando o livro “Todo DJ Já Sambou” de Cláudia AssefHomelands (Inglaterra), Creamfields (Argentina) e Sónar (Barcelona), além de grandes projetos visuais ao lado de Anderson Noise, Marky, Carl Cox e Fatboy Slim.

Em 2005, Mergulhão tornou-se o fotógrafo oficial de uma das maiores casas noturnas do país, o emblemático Warung Beach Club.

Com um visual deslumbrante e noites inesquecíveis, Mergulhão pode capturar verdadeiras obras de arte por meio de suas lentes, imprimindo a essência mais profunda das noites vividas no local em registros que contemplam experiências sonoras, visuais e sociais.

Agora, seis dos seus registros mais icônicos foram selecionados para estrear a Warung Art Gallery, espaço onde as imagens serão comercializadas como NFTs, fotografias únicas e exclusivas.

Conversamos com Fabio Mergulhão para conhecermos um pouco mais sobre seu olhar criativo, bem como detalhes de seus registros fotográficos que serão comercializados através da nova tecnologia.

Olá Mergulhão, tudo bem? Você hoje é um dos maiores fotógrafos do cenário eletrônico nacional. Como começou a relação das suas lentes com a música eletrônica, e quando que você decidiu mergulhar de vez nesse caminho das noites de clubes e festivais?

Sou apaixonado por música desde criança, meus pais escutavam música brasileira e clássica em discos de vinil, além do som a estética sempre me agradou. Comecei como assistente de estúdio em 1989, migrei para fotos de shows e no ano de 1998 tive o privilégio de fotografar o primeiro show do Kraftwerk no Brasil, foi mágico.

Encontrei nos clubes e festivais uma cultura, foi nela que desenvolvi meu trabalho. O respeito com todo ecossistema (leia-se: da porta do clube até a cabine), não interferir nos acontecimentos e respeitar a diversidade são princípios de quem sou.

Tenho muito orgulho de fazer parte dessa cultura, ela me proporcionou ótimos momentos, conheci grandes amigos, lugares e escutei muita música. Não defino meu trabalho como arte e sim como fotografia documental, busquei fotografar a cultura da música eletrônica.

Nesses anos todos de estrada, quais momentos que configuraram pra você como um dos mais marcantes em seus registros?

Eu tenho 4 momentos que foram decisivos na consolidação da minha carreira:

1 A Escola (1998-2008)

Ter sido fotógrafo do clube Lov.E, a icônica residência do DJ Marky, Laurent Garnier, Anthony Rother, Octave One, Miss Kittin, DJ Mau Mau e muitos outros artistas. Lov.E por São Paulo, projeto que levou a música eletrônica para locais públicos da cidade e teve o apoio da Secretaria de Cultura do Estado, o Lov.E foi minha escola clubber.

2 A Profissionalização (2000)

No festival Homelands me tornei profissional. A cultura da música eletrônica ficou visível em diversos aspectos: o respeito ao público, o self expression, o culto aos djs e as grandes pistas se tornaram realidade no meu trabalho. Encontrei no Homelands o que sempre vi nas revistas internacionais: MixMag, Dj Mag, Mixer, a cultura da música eletrônica.

3 A Massificação (2000 - 2008)

Fui fotógrafo do Skol durante suas 9 edições, presenciei o crescimento do festival, do line-up ao público. O festival teve papel fundamental na massificação da música eletrônica no Brasil, a foto icônica do Dj Mau Mau (capa do livro da amiga e jornalista Claudia Assef) é o símbolo perfeito da minha trajetória no SB.

4 O templo (2005-2012)

No Warung encontrei todos os elementos que sempre busquei na fotografia de clube: um local único, a melhor luz (nascer do sol), a simbiose entre artista e público, line-up e pessoas incríveis.

Tive o privilégio de viver momentos memoráveis, da lendária apresentação do DJ Sasha ao primeiro carnaval do Deep Dish, fotografei as primeiras matérias para as revistas inglesas DJ Mag e MixMag e ao longo dos anos desenvolvi uma identidade fotográfica para o clube. No Warung me sinto em casa.

Desenvolver um olhar fotográfico que capture a verdadeira essência do momento e do clima em torno de um evento, não é algo simples, mas você é mestre em trazer essa fidelidade em seus registros. Na sua visão, o que é preciso para conseguir registrar a profundidade desses momentos?

O meu olhar fotográfico foi desenvolvido pela cultura da música eletrônica - Club Culture - sou da época que fotógrafos da noite registravam "pessoas famosas" e isso nunca fez sentido para o meu trabalho, tenho uma frase que levo comigo: "a cultura da música eletrônica é feita de anônimos dançando e não por famosos posando".

Passei minha carreira buscando minha identidade fotográfica, nunca fotografei pela quantidade e sim pela qualidade das fotos. A música é a alma do clube. Meus ouvidos se tornaram meus olhos, foquei no momento da mixagem, no drop, no break… na história contada pelo artista. Respeitar o/a DJ (não interferir em nada). É necessário entender a pista de dança. Ser quase invisível. A técnica é o momento.

O Warung Art Gallery vai comercializar seis registros icônicos de seu trabalho, que marcaram a história das noites do clube. Como foi o processo de seleção destas fotos?

Quando fui convidado pelo Gustavo Conti e Rassi tinha uma breve ideia do que colocar no Warung Art Gallery, foram muitas calls, risadas e lembranças até o término da edição (importante ressaltar a carta branca que eles deram na seleção das fotos).

Os artistas foram escolhidos pela importância na história do clube. A lendária apresentação do Sasha (de 14 horas) é um momento mágico, o encontro do artista com o templo, a cumplicidade das pessoas na pista e a energia do sol.

O Deep Dish retrata o amor entre o clube e os artistas, o contato físico é o auge da relação. As mãos são a perfeita conexão. A visão do sol, momento único em um clube único.

No final da seleção tivemos uma certeza, as fotos representam a essência do Warung e são registros escassos (era pré smartphone) e exclusivos, ótimos conceitos para se tornarem NFTs.

Você já havia comercializado algum registro seu como NFT?

Não, mas confesso que estava no meu radar. O convite veio na hora certa. Como citei a escassez e exclusividade das fotografias são elementos importantes para se tornarem NFTs, saber disso foi fundamental para aceitar o convite.

O Warung construiu uma marca global porque sempre esteve na vanguarda, agora se tornou o primeiro clube do mundo a entrar no mercado de NFT. Isso é muito foda. Sou da época do filme 35mm, estar na Foundation dentro do Warung Art Gallery é um privilégio e uma ótima forma de iniciar um novo ciclo e estreitar ainda mais minha relação com o templo.

Na sua opinião, quais as vantagens desse recurso para o meio artístico?

O universo digital ganhou muito espaço em nossas vidas nos últimos anos e a pandemia acelerou o processo. O mercado de NFT é novo e acredito que não tenha mais volta. O direito autoral e o certificado de autenticidade são razões básicas para os NFTs serem atrativos para as duas partes: artista e comprador.

Ex.: a fotografia do sol nascendo no Warung foi por muitos anos a primeira imagem na busca do Google, agora alguém pode ter a exclusividade dela, quem comprar essa foto e futuramente vender sempre terei os royalties, e isso é maravilhoso.

Acredito que o audiovisual será beneficiado, collab entre músicos, designers, artistas 3D, fotógrafos serão frequentes. Novos e antigos artistas irão aprender e aprimorar esse mar de oportunidades. Entendimento do novo formato trará muita criatividade para esse mercado.

Tem algum projeto futuro vindo por aí que também será comercializado em NFT?

O convite do Warung veio no momento certo, ele fortaleceu antigas ideias e abriu a cabeça para novas ideias, o NFT é uma realidade.

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Photos: Divulgação / Fabio Mergulhão

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