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Entrevista com o DJ e produtor argentino Nicolás Taboada

Ele acaba de lançar um super EP pela Unrilis: Daydreaming

  • Marllon Gauche
  • 20 May 2021
Entrevista com o DJ e produtor argentino Nicolás Taboada

Dentre os diversos DJs "hermanos" que vêm colhendo certo destaque nos últimos tempos no cenário underground, Nicolás Taboada é um nome em ascensão no techno.

Com mais de sete anos de dedicação e trabalho duro para encontrar sua identidade e alcançar o sucesso, soma mais de 700 mil visualizações no YouTube e diversas colocações no Top 20 do Beatport - além de suportes expressivos, como os de Adam Beyer, Amelie Lens, Enrico Sangiuliano, Pan-Pot e Sam Paganini.

Mais recentemente, no último dia 14, lançou o EP "Daydreaming" pela Unrilis, gravadora italiana pela qual teve suas primeiras oportunidades e lançou a maior parte de sua música.

À ocasião do release, que ele considera um marco de uma nova sonoridade, aproveitamos para trocar uma ideia com ele.

Você começou na música eletrônica muito cedo, com 18 anos, já sabendo que queria seguir carreira de DJ/produtor, certo? E hoje, com 25, como enxerga sua trajetória de lá para cá — a evolução do seu trabalho?

Tudo o que aconteceu em todos esses anos de experiência foi muito louco. Há alguns minutos eu me sentei e pensei em tudo o que estou conseguindo alcançar, e a verdade é que eu estou feliz demais! Isso me motiva e me inspira a querer mais e mais, a alcançar os meus sonhos... Você para de enxergar as coisas como impossíveis e começa a ver que consegue alcançar tudo o que deseja através da sua própria evolução.

E como foi essa sua trajetória, exatamente? Você sentiu alguma dificuldade mais latente no início da carreira?

Foi uma viagem frustrante, dedicada e divertida, nessa ordem, haha! Frustrante porque quando comecei a produzir, eu não tinha um estúdio que atendesse às minhas necessidades. Eu só podia produzir com os mesmos fones de ouvido que eu usaria pra tocar depois nos clubs, no meu computador não cabia muitas músicas e eu moro em um apartamento — então eram grandes os obstáculos no início.

Obviamente meu sonho era ainda maior do que essas barreiras e trabalhei MUITO com o que eu tinha. A motivação de ter essas limitações era ainda maior para ser capaz de gerar o que eu queria naquela época, e hoje, graças a todo esse trabalho, posso dizer que é divertido. Eu amo a música, é a melhor coisa da minha vida.

Ouvindo seus releases, percebe-se que você já vinha tendo o techno melódico como linha base nos últimos anos, alternando muitas vezes seu clima e seus timbres e arranjos, mas mantendo-se nessa sonoridade. Com o EP "Daydreaming", embora tenhamos tracks mais e menos pesadas e alguns elementos peculiares como breakbeat, não é diferente. Onde você considera que o EP representa um novo Nicolás Taboada?

Sim, com certeza. A pandemia me fez querer gerar um novo eu, um novo estilo, que é o que eu realmente gosto de produzir, as melodias que eu quero fazer. Eu queria sair dessa zona de conforto de um estilo tão particular que eu tinha antes e mostrar que eu posso ser mais do que isso. Principalmente, para me mostrar, mostrar que eu poderia criar outras coisas e alcançá-las. O desafio constante de experimentar coisas novas é o que me mantém aqui.

Como você caracterizaria o som de Nicolás Taboada?

Sombrio, cheio de vocais, com muitas melodias transcendentais e breaks cinematográficos.

Se não me engano, a Unrilis é a gravadora pela qual você mais lançou suas músicas, estou certo? A label italiana pode ser considerada a sua casa? Quão próximo ou íntimo é o tipo de relacionamento que você possui com ela?

Sim. Adoro os rapazes de toda a equipe. Eles foram os primeiros a fazer uma música minha ficar conhecida e os primeiros a me dar uma chance constante para mostrar meu trabalho. Vou sempre me lembrar disso.

Além dos objetivos que eu tenho na minha carreira, eu sou uma pessoa que nunca se esquece de onde veio ou de quem me deu oportunidades, e a Unrilis, que tem excelentes feedbacks e chega até grandes DJs, me deu muitas quando ninguém me conhecia.

Lançada no fim de 2019, "Eclipse" traz um sample de uma composição muito familiar para nós, brasileiros: "Brasil", de Cazuza, que saiu em 1988 e ficou famosa também na voz de Gal Costa. Qual a ideia por trás do uso desse sample? Você possui algum tipo de laço especial com o Brasil?

Foi uma faixa muito divertida de se fazer. Eu estava procurando por música aleatória para me inspirar - especialmente por vocais, já que eu realmente gosto de adicioná-los às minhas faixas. Encontrei esse vocal de Gal Costa, que tinha um excelente ritmo brasileiro, e até achei divertido montar algo a respeito da percussão da faixa. Uma faixa "brasileira", haha!

Ainda não tive a sorte de me apresentar no Brasil, mas não tenho dúvidas de que chegará o momento em que toda essa loucura irá acabar e eu estarei por aí.

Como era sua agenda antes da pandemia? Chegou a ter grandes gigs fora da Argentina? Quais as principais?

Sim! Eu estava indo para o Chile para tocar em um festival com Julian Jeweil e Thomas Schumacher. Também para o Uruguai, com Mark Reeve. E eu ia ter outra noite como headliner no Crobar Club, que eu adoro, em Buenos Aires — que eu vejo como o melhor clube do país!

E como esse momento pelo qual estamos passando afetou sua rotina e seu trabalho? A Argentina, diferentemente do Brasil, optou por fazer lockdowns longos e severos. Qual sua visão sobre isso?

Foi e está sendo difícil. Há momentos em que se torna mais fácil estar com amigos ou família, e outros em que sua cabeça prega peças em você sobre o seu futuro. É um período difícil para todos nós, e deve ser entendido dessa forma, não estamos sozinhos nisso.

Só falta fazer música quando a inspiração está ligada, manter o foco e, acima de tudo, fazer você feliz com o que você sente nesses momentos loucos. Tenho certeza que não vai demorar muito até tudo acabar.

Você já recebeu suportes bem expressivos, de nomes como Adam Beyer, Amelie Lens, Enrico Sangiuliano, Pan-Pot e Sam Paganini. Como foi que isso rolou? Chegou a ter contato especial com algum deles?

Estou muito feliz por alcançá-los e foi tudo graças à música. Não tive contato com nenhum deles e hoje estou muito feliz por poder conversar com eles graças ao fato de que tocaram minhas faixas e conheceram o meu nome.

É muito motivador ver a música que você faz chegando de volta até você por lugares inimagináveis, como nos melhores festivais do mundo, tocadas por seus ídolos. São sensações únicas. A única coisa que você quer é criar mais e mais desses momentos.

Tirando o techno, que tipo de som faz a sua cabeça? Quais as suas principais referências fora do estilo?

Eu gosto muito de música. Na verdade, eu produzo em vários outros estilos. Na música eletrônica, amo os sons de deep house, progressive house e trance.

Tudo o que tem uma melodia, um sentimento, uma expressão, algo para me dizer e que soa bem, eu vou gostar. Também valorizo muito o rock, o jazz e o blues.

Não sei se tenho referências fora desse estilo, mas gosto muito de Oasis, adoro música tocada no piano e ouço muito Nils Frahm, Olafur Arnalds e muitos mais.

Photos: Divulgação

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