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Interviews

SCENARIOS fala sobre sua evolução, identidade sonora e os caminhos da música eletrônica global em entrevista

Coletivo comenta o equilíbrio entre arte e performance, o diálogo entre diferentes públicos e a conexão com o Brasil

  • Marllon Gauche
  • 13 November 2025

Formado por MAGA, Emanuel Satie, Sean Doron e Tim Engelhardt, o SCENARIOS surgiu em 2022 e rapidamente se tornou como um dos projetos mais relevantes e interessantes da cena eletrônica atual.

Criado a partir da união entre diferentes visões artísticas, o coletivo atua simultaneamente como um projeto colaborativo de DJs, gravadora e realiza uma série de showcases que traduzem sua estética, pautada pela coesão sonora e atenção aos detalhes.

Entre lançamentos que são destaques nos charts do Beatport e apresentações em lugares como Ibiza, Lisboa, Los Angeles e Nova York, o SCENARIOS consolidou uma identidade que combina house melódico, techno orgânico e uma sensibilidade que conecta emoção e pista, sempre com um toque mais profundo e futurista.

Mais do que um selo ou grupo de artistas, é um projeto que valoriza a experiência completa, da música à performance, passando pelo design e pela curadoria visual.

Nesta entrevista exclusiva à Mixmag BR, o coletivo fala sobre sua trajetória, o equilíbrio entre o underground e o mainstream, os processos criativos por trás dos lançamentos e showcases, e a crescente relação com o público latino-americano, especialmente o brasileiro, onde o projeto vem construindo uma presença cada vez mais sólida.

Leia a seguir:

Q+A: SCENARIOS

Olá, pessoal! Obrigado por nos receberem. O SCENARIOS se consolidou como uma força criativa dentro da música eletrônica global. E um dos grandes diferenciais do coletivo é a identidade sonora que vocês construíram, coesa, reconhecível, mas ainda em movimento. Como tem sido esse processo para vocês?

Obrigado pelo convite e pelas palavras gentis. Tem sido uma jornada muito bonita de autodescoberta até o que hoje chamamos de “Scenarios House”.

Começamos com uma influência mais Afro/Melodic e, aos poucos, fomos incorporando mais elementos do House, sem perder a estrutura melódica e o groove. Isso é o que nos diferencia.

Estamos entre gêneros, entre o House atemporal do passado e o som atual. No fim das contas, fazemos o que realmente queremos: músicas que sentimos que são novas, autênticas e que temos vontade de tocar nos nossos sets. Esse é o nosso controle de qualidade.

Entendido! E como esse som foi se moldando entre as influências individuais de cada integrante? O que define, para vocês, o “DNA” do SCENARIOS?

Cada um de nós traz uma bagagem e uma abordagem emocional diferente para a música. O Emanuel tem uma grande sensibilidade para conceitos e ganchos; o Tim é focado em melodia e design sonoro; o Maga tem um feeling único para energia e tensão; e o Sean traz aquela energia bruta de pista e uma leitura muito precisa do que move o público.

Quando nos juntamos, não se trata de fazer concessões, e sim de encontrar equilíbrio. O som do Scenarios vive nesse espaço entre a narrativa e a funcionalidade da pista. É melódico e atemporal, mas sempre feito para dançar. O que define o nosso DNA é que nunca seguimos tendências; criamos momentos que nos fazem bem, seja num club pequeno ou num grande palco de festival.

Falando um pouco sobre o trabalho como gravadora: a label sempre se manteve centrada em lançamentos autorais, o que reforça a coesão artística do projeto. Existe a intenção de, em algum momento, expandir a curadoria para receber outros artistas, ou a ideia é preservar esse formato mais autossuficiente?

O SCENARIOS sempre teve como essência uma identidade artística muito clara. Com apenas nós quatro lançando música, o som e a visão permanecem coesos e autênticos. É mais do que uma gravadora - é um espaço criativo onde cada detalhe importa, da música à arte e à narrativa.

Estamos, no entanto, cada vez mais abertos a colaborações. Músicos, cantores, instrumentistas e outros criativos trazem algo novo para o nosso universo. Os lançamentos principais continuam sendo nossos, mas o ecossistema em volta está crescendo de maneiras bem interessantes.

Mixmag BR: A cena global está, de fato, mudando, aquelas divisões antigas entre underground e mainstream já não têm o mesmo peso. Hoje a música circula com tanta liberdade que boas ideias e emoções genuínas se destacam, independentemente de rótulos. Acreditamos que isso é uma evolução saudável, que incentiva todos a serem mais honestos e visionários.

No SCENARIOS, não estamos atrás de tendências nem tentando nos definir pelo que é “underground” ou “mainstream”. Nosso foco é criar experiências e emoções que conectem, seja numa pista pequena às 4 da manhã ou num grande palco de festival.

Ótima colocação. Inclusive, os showcases do SCENARIOS têm se tornado um pilar importante da marca. Ao mesmo tempo, vocês vêm transitando entre diferentes contextos, como acabaram de falar. Existe algum tipo de dilema criativo ao dialogar com públicos tão diferentes? Como manter a essência do projeto enquanto se adapta a contextos que demandam linguagens distintas?

Como DJs experientes, estamos acostumados a tocar em qualquer tipo de ambiente ou para qualquer público. Para nós, é essencial nos adaptarmos sem perder nossa identidade sonora. Ainda assim, à medida que os palcos vão ficando maiores, tivemos que começar a tocar de forma mais enérgica e intensa em certos momentos.

O grande aprendizado deste ano foi entender como posicionar nossas próprias produções dentro desses sets maiores, já que muitas pessoas vão justamente para ouvir nossas faixas. Achamos soluções muito boas para isso, e tem sido divertido encarar esses desafios criativos como grupo.

O que, na visão de vocês, ainda define o que é “underground” em 2025 — e como essa noção impacta a maneira como o SCENARIOS se expressa artisticamente?

O significado de “underground” mudou muito na última década. Hoje, não é mais apenas sobre tocar músicas obscuras ou se manter em espaços pequenos. Para nós, ser underground em 2025 significa ser fiel à própria identidade, não correr atrás de algoritmos ou tendências e manter a emoção no centro de tudo.

No SCENARIOS, nunca tentamos soar como o que está “funcionando” no momento. Buscamos ideias atemporais, melodias reais e narrativas fortes que funcionaram no passado, mas que merecem um toque moderno. O underground é sobre integridade, sobre fazer as pessoas sentirem algo genuíno. Esse é o espírito que carregamos em tudo o que lançamos ou tocamos, seja num nascer do sol em Tulum ou num galpão em Varsóvia.

Agora falando sobre o Brasil. Nosso país tem se tornado um destino cada vez mais recorrente nas turnês de muitos artistas, inclusive de vocês. O que mais chama atenção na cena eletrônica daqui? E quais nomes vocês acompanham e mantém um diálogo mais próximo?

O Brasil tem uma energia única. As pessoas, o clima - tudo faz com que pareça nossa segunda casa. Há uma liberdade e uma emoção aqui que nos tocam profundamente. Tudo parece vivo.

A cena está em plena expansão, e tivemos a sorte de nos conectar com talentos incríveis como Maz, Malive, Unfazed, Theuss, entre muitos outros. O Brasil tem um espírito criativo muito forte, e cada visita nos deixa mais inspirados.

Para finalizar, gostaríamos de saber quais são os próximos passos do SCENARIOS. Podem compartilhar algo sobre os projetos, lançamentos ou colaborações que estão por vir? Obrigado!

Estamos entrando em uma fase bem empolgante. Há vários showcases grandes a caminho, sejam no Brasil ou em Tulum.

Também temos muita música nova vindo aí, tanto individualmente quanto como Scenarios: uma collab com a Blond:Ish, lançamentos pela Defected e pela Cocoon, além de um remix para um clássico conhecido da Armada.

Como Scenarios, estamos trabalhando em um remix de um hit recente brasileiro, além de colaborações com vocalistas lendários - e, claro, muitos dos club bangers que o público já conhece e ama.

O próximo capítulo é sobre evolução, conexões mais profundas com nossos seguidores, uma identidade ainda mais forte e novas maneiras de contar nossa história juntos. Obrigado!

Confira a agenda completa do SCENARIOS e seus integrantes para os próximos meses:

SCENARIOS

30 de dezembro: Body and Soul Rio de Janeiro/RJ

31 de dezembro: Virada Mágica - Praia do Rosa/SC

Maga

29 de dezembro - Aya Festival - Jericoacoara/CE

02 de janeiro: Isla Praia Brava - Itajaí/SC

Emanuel Satie

28 de dezembro: Aguaviva - Angra dos Reis/RJ

29 de dezembro: Safari Beach Club - Florianópolis/SC (b2b Sean Doron)

Sean Doron

29 de dezembro: Safari Beach Club - Florianópolis/SC (b2b Emanuel Satie)

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Imagens: Divulgação

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