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Ney Faustini fala sobre sua história na dance music nacional e estreia na Cocada Music

Artista apresenta novo EP Caminhos, pela Cocada Music, com sonoridade bem brasileira. Confira!

  • Redação
  • 2 July 2024
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Além do House de Chicago e do Techno de Detroit, sua identidade é muito ligada com a música brasileira. Você se lembra quando esse apreço pela nossa música começou a ser algo mais forte em você? Teve alguma influência familiar, da cena ou algo do tipo?

Eu sempre me interessei por música com groove, desde criança, e acho que foi essa a grande influência musical que eu tive quando escutava Stevie Wonder, Michael Jackson, ou Sade, por exemplo, e Tim Maia e Jorge Ben como as primeiras referências nacionais.

Claro que eu era impactado por todo tipo de música pop nas minhas primeiras descobertas, mas tinha que ter groove. Hoje eu tenho uma discoteca bem amplas de discos nacionais, de Marina Lima a Originais do Samba, por exemplo, mas só aprofundei minha pesquisa em música brasileira já no final dos anos 90, justamente quando comecei a consumir mais discos de vinil.

E isso também porque comecei a entender que havia um oceano de artistas e álbuns brasileiros a escutar, ao mesmo tempo que eu estava me familiarizando com a arte de samplear. Aliás, nessa época eu estava muito focado em drum & bass, e abriu demais minha cabeça escutar caras como Marky, Xerxes e Patife sampleando música brasileira para produzir drum & bass.

Também tenho boas memórias dos mixes gravados pelo DJ Nuts, uma das maiores referências que temos no garimpo de música brasileira, e a quem também conheci no início dos anos 2000.

Inclusive, seu novo EP Caminhos, pela Cocada, ilustra muito bem isso. Este é seu primeiro lançamento com a label, que também preza por esse contato mais forte com a música brasileira. Como foi o processo até esse release acontecer?

Há anos tento usar recortes de discos de música brasileira em minhas produções, o que também rendeu alguns edits que publiquei gratuitamente no Soundcloud nos últimos 15 anos.

Eu não sou um DJ que se prende a um estilo só, e isso acaba se refletindo também nos meus momentos em estúdio, então são as pequenas influências do dia a dia que determinam meu "mood". "Fevereiro", por exemplo, nasceu de um momento de audição de discos que eu estava escutando pra gravar um set de música brasileira.

Dei de cara com um groove que na hora quis transformar em algo para tocar numa festa de house que rolou na semana seguinte, e foi assim que finalizei a primeira versão dela, em 2022. No início de 2024 eu tive o "click" (aquele momento em que a ideia e inspiração para executar chegam de jeito) para produzir a "Caminhos".

Depois que terminei ela me toquei que eram duas músicas que tinham um DNA parecido, e foi daí que decidi enviá-las para o Leo Janeiro. Como admirador do trabalho da Cocada, eu sabia que eram músicas que casariam muito bem com o selo, e fiquei muito feliz quando o Leo me respondeu interessado em lançá-las.

No texto que acompanha o EP, você diz que as músicas trazem elementos que casam com a sua visão de pista em uma festa de House. Como seria essa visão?

Por mais que muita gente me veja como um "DJ de House", eu geralmente gosto de misturar bastante nos meus sets, e trazer também momentos mais introspectivos, às vezes mais sombrios, quebrados, ou acelerados, dependendo da ocasião.

Inclusive boa parte das minhas produções trazem essa diversidade de sons e influências. Mas em "Caminhos" eu sou a minha versão mais House, o Ney fã das sonoridades clássicas de Chicago, Detroit ou NY, especificamente em momentos de alegria e jogação na pista, em clubs ou em festas diurnas.

O título do EP também dá uma ideia de trajetória; você vê este trabalho como uma representação de uma fase específica da sua vida ou carreira? Olhando para trás, como você analisa a evolução do seu som desde os primeiros lançamentos até aqui?

A minha relação com a música sempre foi de sentimento, descobertas e expressão. Daí também surgem os questionamentos, dos caminhos que a gente seguiu para chegar até aqui. Eu sempre fui muito fiel à música que eu toco e acredito, e não fico me preocupando com tendências que são, nas maioria das vezes, efêmeras.

Ao mesmo tempo que eu não queria ter pressa pra terminar minhas músicas, eu decidi, nos últimos anos, que precisava terminar tudo o que começasse, focando mais em trabalhos autorais. Entre 2010 e 2018 lancei EPs e diversos remixes em gravadoras "vinyl only", por exemplo, e foram praticamente 10 anos pra lançar um novo EP.

O lado bom dessa demora foi que eu estudei mais música e evolui musicalmente e tecnicamente no estúdio. Eu não tive uma formação musical lá atrás, de estudo de instrumentos e teoria, então durante muito tempo foi tentativa e erro, e processos lentos para chegar a um resultado que eu gostasse.

Claro que não gosto de tudo que lancei na vida, mas eu me orgulho dos caminhos que segui. Foi tudo bastante verdadeiro.

Você é um artista que planeja os próximos passos e cria metas? No que você está mirando para os próximos meses e anos? Pretende evoluir em alguma área, aprender algo novo, ou você simplesmente deixa fluir?

Sempre tento ser organizado com as minhas coisas, mas na maioria do tempo nesses 25 anos de discotecagem e 15 de produção, eu tive que dividir meu tempo com outras atividades. Não digo apenas de trabalhos "extra-música", mas hoje também valorizo muito o tempo que dedico à minha saúde mental e física, às inspirações diversas que as artes, as cidades e as pessoas podem me trazer.

Fiz atividades físicas a vida inteira, sempre gostei de ler, e tenho tentado levar uma vida equilibrada em vários aspectos. Então eu diria que planejo, traço metas, mas também não me engesso muito, e deixo fluir também. Quero continuar estudando sobre música e instrumentos.

O mais importante, ao meu ver, é o amor pela música estar ali, e fazer um trabalho autêntico e que te represente. Quero discotecar e produzir música por muitos anos ainda, e sei que isso exige dedicação contínua e também manter a saúde em dia.

Por fim, quais são seus próximos compromissos e novidades? Obrigado!

Estou terminando algumas novas músicas e fazendo parcerias com outros artistas, como L_cio e Ale Reis, entre outras que devem rolar nos próximos meses.

Devo fazer algumas datas no exterior no segundo semestre e estou, finalmente, montando uma plataforma online para comercializar discos e compartilhar alguns garimpos.

Vou anunciar oficialmente algumas dessas novidades em breve, assim como a agenda de gigs e lançamentos. Fiquem de olho!

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Photos: Divulgação

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