Garden City Movement comenta o lançamento do novo álbum 'Never On Time'. Leia uma entrevista exclusiva!
Após uma turnê bem sucedida ao redor do globo a dupla retorna com gás total
Formado pelos músicos israelenses Roy Avital e Johnny Sharoni, o duo indie pop Garden City Movement lançou no dia 19 de julho, seu aguardado segundo álbum de estúdio.
Intitulado ‘Never On Time’, o novo registro - que traz elementos de indie pop, indie house e electro pop - é uma narrativa de resiliência, criatividade e trabalho em equipe.
A dupla apresenta uma obra autoral que encapsula as complexidades urbanas e a tranquilidade encontrada na essência da vida noturna.
Este álbum é um testemunho da evolução da dupla, destacando uma variedade de artistas convidados que atravessam gêneros e fronteiras.
Desde o início da carreira, o Garden City Movement vem recebendo elogios de veículos importantes da imprensa internacional como Pitchfork, FADER e FACT, além de marcar presença em festivais renomados como Glastonbury, Primavera Sound, Lollapalooza e Pukkelpop.
Além disso, o hit 'Summer Night' foi escolhido como trilha sonora oficial do jogo de videogame FIFA 22. O álbum 'Never On Time' mostra a competência, técnica, sensibilidade e talento da dupla que carrega os ouvintes em uma jornada surpreendente através das 13 faixas que o compõe.
A faixa 'Bad Feeling' (feat. Hila Ruach) oferece uma experiência radiante, apesar do título – o videoclipe é dirigido por Ben Palhov –, 'Can't Stop' promete ser um irresistível hino de verão.
Com sua melodia marcante e groove vibrante, 'You’ve Lost That Feeling' é uma música que viaja no tempo, cujas influências percorrem fases específicas do indie house das últimas décadas.
'Never On Time', a faixa-título do álbum, oferece uma atmosfera indie soul. “Este álbum é nossa alma em forma de som, um diário de nossas batalhas internas. É sobre a beleza da conexão humana através da música”, diz a dupla.
'Spinnin' (feat. Ninet Tayeb) é uma faixa intensa onde o som exala brilho, mas sua letra conta a história atemporal de saber que um relacionamento acabou antes de você estar pronto para ir embora.
'Tu Ne Reverras Plus Mes Yeux' (feat. Ninet Tayeb & Berry Sakharof) é uma reminiscência de composições chanson inspiradas em artistas como Serge Gainsbourg e Barbara, combinadas com a estética trip-hop inspirada em nomes como Portishead e Massive Attack.
Conversamos com a dupla Garden City Movement para sabermos mais sobre o lançamento e os próximos passos do projeto, acompanhe:
Q+A: Garden City Movement
Primeiramente parabéns pelo lançamento e é um prazer poder conversar com vocês! Vocês acabaram de finalizar uma turnê ao redor do globo, como foi e o que essa viagem intensa trouxe de inspiração pra vocês?
Johnny: "Muito obrigado! É um prazer. Dez anos na estrada nos tornaram artistas experientes. A emoção de nos conectarmos com nosso público nunca desaparece. A inspiração vem do estilo de vida nômade. Há uma energia libertadora que alimenta a criatividade.
Claro, paisagens deslumbrantes e encontros humanos despertam a imaginação. Diferentes perspectivas e histórias oferecem uma visão única do mundo, inspirando novas ideias."
Israel cresceu exponencialmente no cenário eletrônico através do indie pop e do indie dance, como foi o início de carreira do Garden City Movement em Israel?
Roy: "Em 2013, quando começamos a lançar músicas, a cena eletrônica Indie em Tel Aviv não estava tão desenvolvida. Conseguimos trazer qualidades de “produção de quarto” e estética de “R & B Indie”, bem como apresentações ao vivo produzidas eletronicamente de Londres a Tel Aviv.
Foi considerado bastante revolucionário na época e estamos com muita sorte por termos conseguido contribuir de alguma forma para o desenvolvimento da cena."
Sobre o álbum 'Never On Time' nos conte um pouco sobre o processo criativo de vocês?
Johnny: "Nosso processo criativo para este álbum seguiu nossa abordagem usual: construir batidas, criar a atmosfera e depois focar nas letras. No entanto, esta foi uma longa jornada que durou vários anos, repleta de evolução constante.
Inspirada por nossas experiências desde ' Apollonia', colocamos nossos corações na música. Os desafios que enfrentamos - desde a pandemia até lutas pessoais e mudanças na formação - foram inegavelmente difíceis. No entanto, eles forjaram nossa resiliência e alimentaram nossa criatividade mantendo a esperança."
A faixa título 'Never On Time' resgata uma nostalgia romântica que se faz necessária nos dias de hoje, de onde veio a inspiração para compor a faixa?
Johnny: "'Never on Time' é uma exploração comovente do desejo de um passado mais simples, nascido das experiências isolantes e desafiadoras da pandemia e da hospitalização.
Embora sua melodia possa inicialmente evocar uma canção de amor clássica, a profundidade da música se revela através de sua exploração de temas universais de anseio, nostalgia e as complexidades inerentes à experiência humana."
Ninet Tayeb trabalhou com vocês em parceria nas faixas 'Spininn' e 'Tu Ne Reverras Plus Mes Yeux' que também traz Berry Sakharov, como foi a decisão de trabalhar em conjunto e como se deu o processo de criação entre vocês?
Roy: Ninet Tayeb é uma amiga querida e uma das melhores vocalistas que já conhecemos.
Ela é uma das maiores estrelas israelenses, e Johnny e eu queríamos trabalhar com ela há muito tempo.
Tivemos a sorte de ela também acompanhar e valorizar nosso trabalho. Então ligamos para Ninet para ouvir algumas músicas novas no estúdio e ver se ela gostava de alguma coisa
O clique foi imediato, ela adorou os esboços do álbum, e principalmente Spinnin’, que já estava composto e escrito, mas ainda faltava alguma coisa. Então sugerimos que ela adicionasse seu próprio verso e se juntasse aos refrões, e essa era a magia que faltava na música.
Ver e ouvir seus vocais gravados e harmonias no refrão foi como testemunhar a grandeza pela primeira vez. Ninet é uma vocalista incrível e transformou o refrão em algo de outro mundo.
'Tu ne reverras plus mes yeux' era um pouco diferente, pois era uma batida, mas não tinha letra ou melodia. Ela gostou mais dessa faixa, e tivemos a ideia de levá-la ainda mais para o trip hop, adicionando uma narração no estilo de algo entre filmes noir e o trabalho de Serge Gainsbourg.
A letra foi escrita há alguns anos em inglês e traduzida para o francês nesta música.
Trabalhamos com a professora de francês e treinadora vocal Noemie Dahan, que ajudou Ninet a trabalhar o sotaque e as letras com perfeição.
Posteriormente, pedimos a Berry Sakharov para se juntar à faixa com guitarras e vocais, foi um tiro no escuro que ficamos tão surpresos que funcionou. Nós dois admiramos seu trabalho, e tê-lo tocando nossa música é realmente um sonho que se tornou realidade."
No álbum, na faixa 'Tu Ne Reverras Plus Mes Yeux' se vocês fossem exemplificar em uma palavra a mescla da sonoridade Serge Gainsbourg com a estética do Massive Attack, qual seria e porquê?
Johnny: "Se eu tivesse que resumir a atmosfera musical em uma única palavra, 'intimidade' seria minha escolha.
É um espaço sonoro onde a vulnerabilidade crua da performance de Serge Gainsbourg colide com a intensidade taciturna da paisagem sonora de Massive Attack. O resultado é uma mistura cativante de honestidade sincera e profundidade atmosférica, criando uma experiência auditiva profunda e envolvente."
Vocês já tocaram em diversos festivais de renome como Glastonbury, Lollapalooza, entre outros, como vocês conciliam essas apresentações de peso e que exigem maior preparação com o trabalho no estúdio?
Roy: "Às vezes pode ser difícil, mas vemos isso como um todo e não como trabalhos diferentes. O processo de criação musical e melhoria de desempenho é um trabalho contínuo, nunca chega a um ponto em que você diz - ah, agora está perfeito! Não há mais necessidade de se preocupar com isso.
Em vez disso, é uma jornada que reflete as mudanças pelas quais passamos como seres humanos."
Com o tempo de carreira e diversas apresentações existe uma bela distância entre o primeiro show e o momento atual, vocês ainda se lembram da primeira gig? Como foi?
Roy: "Claro que sim! Nosso primeiro show foi em uma pequena loja de vinil muito querida (que não existe mais) em Jerusalém que se chamava ‘Uganda’.
Era o lar de todas as bandas alternativas/indie/noise mais legais de Jerusalém e não poderíamos pensar em um lugar melhor para começar nossa carreira.
Foi um show secreto e convidamos apenas um pequeno grupo de amigos, mas o pequeno local estava lotado. Foi um ótimo show e ficamos muito animados em saber que as pessoas gostam do que fazemos. Isso nos deu muita confiança para continuar perseguindo nosso sonho.
Itamar Weiner, o proprietário, é um amigo querido e agora é dono da versão Tel-Aviv do lugar chamado ‘Uganda’. Ainda é um dos mais importantes institutos culturais alternativos da cidade."
Para muitos artistas o sonho de trabalhar e viver de música começou ainda na infância ou adolescência, quando esse insight bateu pra vocês?
Roy: "No meu caso, sempre senti que a música simplesmente me escolheu, e cada caminho que eu virava me trazia de volta a ela.
Encontrei nela sentido e profundidade, permitiu-me evoluir como ser humano, crescer, desenvolver os meus gostos e poder fazer parte de algo.
É claro que eu sonhava em ser um guitarrista famoso e fazer uma turnê pelo mundo, mas os sonhos também evoluíram à medida que envelhecem para algo mais significativo e profundo.
Sinto-me extremamente grato por ter encontrado a música e por ter o privilégio de viver da minha arte, ao mesmo tempo que vejo o mundo e posso tocar o coração das pessoas."
Após o retorno da turnê e do lançamento do álbum quais são os próximos planos da dupla?
Johnny: "Enquanto estamos imersos na celebração do nosso novo álbum, nossas mentes já estão correndo para o próximo.
À medida que amadurecemos, percebemos a natureza passageira do tempo e estamos determinados a aproveitar todas as oportunidades criativas.
Nos próximos meses, voltaremos ao estúdio para começar a trabalhar em nosso terceiro álbum."
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Photos: Divulgação / Ben Palhov