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Entrevista: os imperdíveis últimos lançamentos de Renato Cohen

EP pela TRAxX Lab, track pela Selador e remix para Rita Lee saíram em abril

  • Lau Ferreira
  • 4 May 2021

Nome que dispensa maiores apresentações, Renato Cohen é um dos artistas mais celebrados da cena house/techno brasileira. Como seus colegas, têm usado o período de afastamento dos palcos para focar no estúdio, o que tem rendido uma sequência de lançamentos bem interessante.

Só neste abril, dois meses depois depois de ter colaborado no disco de remixes do Nu Azeite, trouxe três novos releases: pela TRAxX Lab — gravadora comandada por Gustavo Fk, Igor Albuquerque e Kaká Guimarães, originada a partir do núcleo brasiliense TRAxX, que está celebrando cinco anos —, o EP "Fall Down", com duas originais de Cohen e um remix de Fk.

Pela britânica Selador, remixou "Beam of Light", de Micah Paul Lukasewich e Kiz Pattison; e pela Universal Music, contribuiu com outro remix no especialíssimo lançamento 'Rita Lee & RobertoClassix Remix Vol. l', que ainda conta com produtores como DJ Marky, Gui Boratto, Tropkillaz, The Reflex e Harry Romero.

Em meio a um período tão fértil, trocamos uma ideia rápida com o DJ. Leia abaixo:

Renato, o pessoal da TRAxX parece ter uma grande afinidade com sua proposta e grande admiração por você, a ponto, inclusive, de ter te escolhido para o EP que comemora seus cinco anos. Que tipo de relacionamento você tem com o projeto?

Eu já toquei em algumas festas deles e nos conhecemos há um bom tempo. Fiquei muito feliz com o convite de lançar no selo que está começando.

Brasília nos últimos anos virou um dos meus lugares preferidos no Brasil. Tem uma energia muito boa e uma geração nova que faz as coisas acontecerem.

Como foi que partiu o convite para sua presença no segundo release da gravadora? O que achou da iniciativa da festa começar a atacar também como um selo?

O Gustavo e o Igor me chamaram faz um tempo pra contar que estavam fazendo o selo.

Eu achei muito boa a ideia, esse é o tipo de projeto que ajuda a cena no Brasil. Quanto mais selos e gente participando melhor.

Nós não temos muito um mercado independente de música no Brasil, as festas é que movimentam as coisas, então selos que são vinculados a festas são uma ótima saída para as coisas esquentarem.

Como foi o processo de produção de "Fall Down" e "Funkydoom"?

Eu geralmente uso Ableton e Logic. Faço tudo em casa e levei algumas semanas nessas duas faixas.

Essas faixas já estavam engatilhadas/prontas há algum tempo e você achou que combinavam com a gravadora ou as fez exatamente sob encomenda?

Eu mostrei algumas faixas que já estavam prontas e eles gostaram de "Fall Down". "Funkydoom" eu fiz pensando no selo mesmo, tentando equilibrar o EP.

Os samples vocais que você utilizou em "Fall Down" são bem marcantes e remetem muito à house dos anos 90. Da onde você os tirou? Como surge a criatividade de fazer os tradicionais cuts que você apresenta em suas faixas?

Os vocais são da [cantora americana] Tramaine Hawkins, de uma faixa com o mesmo título. Eu sou viciado em discos de acapellas, tenho muitas compilações com vozes de todas as divas.

Na época que só se tocava com vinil, era muito útil ter várias capelas em um mesmo disco. Tenho vários repetidos porque quando achava algum em uma loja, na dúvida se eu já tinha ou não, sempre acabava comprando.

Eu trabalho basicamente com samples e synths. Meu processo criativo é totalmente baseado em trabalhar com samples.

Além desse EP, você também participou recentemente da inédita coletânea de remixes para Rita Lee, ao lado de expoentes nacionais e internacionais como Marky, Gui Boratto e Harry Romero. Pode nos contar mais detalhes sobre essa empreitada?

Quando você remixa uma música antiga, geralmente te chamam pra fazer uma faixa específica e muitas vezes nem tem o multitrack — a gravadora fala pra você samplear a faixa original e se virar.

Quando o João Lee [DJ e produtor, filho de Rita e Roberto, idealizador do projeto] me chamou pra fazer o remix, ele disse que eu podia escolher qualquer faixa da Rita Lee a partir dos anos 70, que ele tinha as masters abertas.

Passei um dia inteiro pensando o que eu deveria fazer, não resisti e escolhi "Atlântida", uma das minhas preferidas desde a infância.

Foi muito emocionante poder mexer nesses arquivos originais. Não só a Rita Lee, mas todos os músicos que tocam nesse álbum são os meus heróis da música brasileira.

Lincon Olivetti, Robson Jorge, Jamil Joanes... Quando entreguei a música, a própria Rita me mandou um áudio dizendo que tinha adorado o remix; só isso já valeu pra mim.

"Fall Down", Rita Lee, participação no EP de remixes do Nu Azeite... Ultimamente você anda lançando bastante. É o reflexo da pandemia, que tem feito com que os DJs/produtores foquem mais nos seus estúdios? Como tem sido esse período pra você?

Totalmente. Ultimamente estou vivendo basicamente de fazer remix e outros trabalhos no estúdio. Sinto muita falta de tocar, nunca tinha me dado conta de como isso é importante no meu processo de fazer músicas novas.

Mas o lado bom de não ter que viajar, noites sem dormir, ressacas e etc., é que dá pra trabalhar muito no estúdio.

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