De Florença para o mundo: DJ Kid conta detalhes de sua história e apresenta seu novo single, 'You And I'
Faixa é uma colaboração com a vocalista sul-africana NAE (SA) e chegou via Adesso Music
DJ Kid carrega uma história que atravessa gerações. Sua trajetória teve início nos anos 90 na Europa Oriental, onde o jovem Daniel Siriteanu encontrou um refúgio criativo em meio a vinis, rádios e clubes undergrounds.
Com uma carreira que logo o levou aos palcos de Florença, na Itália, DJ Kid não se limitou à música: ele construiu uma conexão com a moda, expressando sua identidade também através do design de roupas — algo que ele mantém até hoje através da Katian Boutique, ao lado de sua esposa.
Mas isso não o impede de se manter firme na música, com lançamentos consistentes como produtor musical, principalmente através da Adesso Music, onde está lançando o seu quarto trabalho original e se tornando um nome consistente no catálogo da label.
Desta vez, ele aparece ao lado da vocalista sul-africana NAE (SA) e apresenta ‘You And I’, nos convidando para uma experiência sonora onde batidas quebradas e atmosferas profundas são emolduradas pelos vocais celestiais da cantora.
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Aproveitamos este novo lançamento para conversar com DJ Kid, que voltou ao passado e contou mais sobre o início da sua jornada na música, sua ponte com a moda, suas principais memórias da carreira e, claro, detalhes de sua nova produção:
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Q+A: DJ Kid
Olá, DJ Kid! Obrigado por nos receber. Você é um artista que ostenta uma carreira desde o início dos anos 90. Você ainda se lembra como foi parar na música eletrônica? O que te motivou a seguir carreira como DJ e produtor?
Olá e obrigado pelo convite! Bem, naquela época era muito difícil ter acesso à música em geral. Um dos meus primeiros “contatos” foi por volta dos 15 anos, quando comecei a “fazer cafés” em uma estação de rádio local. A música teve um impacto instantâneo e poderoso em mim. Era, e ainda é, minha fuga.
Naquele momento, porque meu país lidava com uma era pós-comunista e eu precisava “escapar”. Agora, simplesmente porque a realidade é cruel se você não tem a trilha sonora certa. Sempre me sentirei abençoado pelo tempo que passei trabalhando em várias estações de rádio ao redor do mundo.
No início você dividia a sua rotina como designer de moda em uma boutique italiana. Pelo que vimos no seu Instagram, essa conexão com o styling ainda é algo presente na sua vida, não é? Música e moda são seus dois principais negócios atualmente?
Na verdade, meu principal “negócio” ou trabalho é como estilista e designer de moda. A marca Katian foi construída a partir do nada, ou melhor, de um sonho. Junto com minha esposa, sonhamos em fazer o que amamos e fazê-lo juntos.
A música é simplesmente a trilha sonora da minha vida. Nunca faço “moda” sem música e gosto de pensar que minha música é tão estilosa quanto minha coleção. Nenhum desses dois mundos pode funcionar sem o outro. Eles coexistem, pelo menos para mim.
E ao longo de todos esses anos na indústria musical, quais foram os momentos mais especiais que você viveu e guarda na memória com carinho?
Definitivamente, meu primeiro show do Prodigy em Bucareste. Meu primeiro contato com Keith Flint, tudo parecia irreal.
Ou o verão de 1996, quando um amigo meu trouxe para minhas mãos e ouvidos dois CDs que ele comprou em Miami: Leftfield e The Crystal Method. Ou quando vi o The Chemical Brothers se apresentando dentro de uma piscina (sem água) em Roma. Ou quando estava dançando em um clube em Ibiza e o DJ tocou “Promises”, entre outras músicas…
Você já conquistou até mesmo o suporte de Black Coffee, não foi? O que isso representou pra você? Quais outros objetivos artísticos você ainda busca alcançar na carreira?
O “relacionamento” que tenho com The Goat é muito especial para mim. Viemos de origens semelhantes e enfrentamos a vida juntos. Retornei à música por causa dele e de sua dedicação a essa forma de arte.
Então, quando ele escolheu a dedo algumas das minhas produções e as incluiu em sua playlist, foi como reencontrar um velho amigo. Nem preciso dizer que este é um dos meus momentos favoritos na minha jornada musical. Bem, ao mesmo tempo, gosto de pensar que a música ainda tem muito a me oferecer.
Estou começando a escrever minha primeira trilha sonora para um filme de uma produção da Netflix. Gostaria muito de sentar com Dave Gahan e Martin Gore (Depeche Mode).
Gostaria que minha música continuasse sendo uma escolha de nicho, mas também adoraria ser reconhecido como uma figura que inspira outras pessoas.
Nos últimos meses você apareceu diversas vezes no catálogo da Adesso Music, gravadora comandada por Junior Jack. Parece que você tem um fit bem verdadeiro com a label. Você também enxerga dessa forma?
Sem dúvidas! Estar entre os artistas do selo é um privilégio para mim. Adoro trabalhar com toda a equipe.
Nos conte um pouco mais sobre seu último lançamento por lá, ‘You And I’. A faixa traz a colaboração de NAE (SA) nos vocais. Qual é sua história com ela? Vocês já haviam trabalhado juntos antes?
“You & I” é um marco na minha trajetória. Para mim, representa a realização de outro sonho: criar uma música que transcenda o tempo, conectando diferentes quadros temporais e explorando culturas musicais de forma a traçar um caminho sonoro único para o ouvinte. É uma prova de que a música ainda pode nos surpreender.
Trabalhar com Nae foi uma experiência incrível. Nunca havíamos colaborado antes, mas, depois dessa parceria, com certeza farei isso novamente o mais rápido possível. A maneira como ela se conecta e flui pelas minhas paisagens sonoras é algo simplesmente incomparável.
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Já estamos chegando na reta final do ano, então gostaríamos de saber: o que ainda vem por aí em novembro/dezembro e também para 2025? Obrigado!
Esta é uma história um pouco engraçada… Outro lançamento pela Adesso! Desta vez, com uma vibe diferente, mais voltada para as pistas de dança. O projeto se chama SO(U)NDER e foi algo completamente novo para mim.
Peguei um sintetizador Moog e ajustei os knobs até alcançar aquele synthwave dos anos 90 que o Depeche Mode trouxe para a indústria, transformando-o em uma batida 4/4 perfeita para vibrar “até o amanhecer”.
Além disso, tenho outros lançamentos muito especiais em andamento. Um deles é “Vuka”, feito em colaboração com Nuzu Deep, e o outro é “Kunini”, com Tabia.
As vozes do continente africano continuam sendo uma constante na minha música e algo que me inspira profundamente. Estar aqui falando sobre tudo isso parece surreal e mágico.
Obrigado por me receberem!
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Imagens: Divulgação