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Conheça o projeto Oagora e seu novo EP: Amor em Essepê

Entrevistamos o produtor brasileiro

  • Maria Angélica Parmigiani
  • 23 April 2020
Conheça o projeto Oagora e seu novo EP: Amor em Essepê

Bruno Augusto Bignotto é uma dessas figuras que já viveu diversas fases da música eletrônica no cenário brasileiro como raver, clubber e profissional.

Durante essas ondas de transformação, moldou-se e se encontrou o estilo que hoje é mais compatível com sua mente.

Nas melodias e texturas progressivas ele coloca sua energia e criatividade desde 2018, sob a alcunha de Oagora.

Seu novo EP, Amor em Essepê, foi lançado recentemente pela chancela da MIR Music, um selo espanhol voltado à linha progressiva.

O EP de duas faixas recebeu destaque nas charts do Beatport do gênero, chegando a alcançar a 37ª posição e permanecendo no Top 100 por duas semanas.

Conversamos com ele para saber mais detalhes dessa nova fase artística e seu mais recente trabalho:

Olá, Bruno! Tudo bem? É sempre legal poder conhecer os artistas brasileiros que estão fazendo história por aí. Vamos do começo: Como foi sua trajetória com a música eletrônica? E por que “Oagora”?

Tudo bem! Obrigado pelo espaço e pela oportunidade de falar sobre este projeto, que nada mais é do que a soma de todos os outros que participei.

Meu primeiro contato profissional com a música eletrônica foi no saudoso Gardens Café da cidade em que vivo. Fui indicado lá por um amigo de escola, o DJ Glen.

Desde o começo me interessava pela produção, frequentava raves (que ainda eram novidades) e vi grandes nomes como Camilo Rocha, Tim Taylor, Mara Bruiser, Snoop, Dave the Drummer, etc.

Com o passar do tempo fui me enfiando nos line-ups e aí esbarrei no Minimal Techno, em 2005. Três anos depois eu e o Vitor Munhoz lançamos nosso primeiro EP como Oblivion (meu antigo projeto) e alcançamos o top 100 Techno e o chart do Paul Ritch, tivemos outros top 100 e seguimos com o projeto até 2012.

Entre 2013 e 2018 fiz pouquíssimas coisas expressivas e depois de indas e vindas resolvi que era a hora de voltar.

Oagora é uma referência e um lembrete, sou grato pelo passado e apenas um contribuinte para o futuro, então quero viver o momento mais do que qualquer outra coisa.

Você tem uma bagagem musical vasta, citando as incríveis faixas de Techno dos anos 00, de caras como Dave the Drummer, por exemplo. O que mais você viveu e que contribuiu para moldar sua identidade? O que você absorveu da vida noturna e das festas desse tempo?

De longe ter conhecido e trabalhado com pessoas incríveis como DJ Glen, Marcel Trindade, Vitor Munhoz, Glenan Santos, Pedro Volpe, Ivan Grigio e muitos outros me tornaram este que vos fala.

Tive experiências maravilhosas em clubs como Kraft quando vi o John Acquaviva tocando um som do Oblivion, no D-Edge quando fui pela primeira vez na vida já para tocar, além das festas open air.

É bom nunca esquecermos que cena é comunidade. Aprendi muito sobre isso com o pessoal da Undercurrent; Guitto, Fellipe Octavio, VJ Paulo Cantowitz e toda a galera guerreira aqui da região.

Você tem apreço pelas sonoridades progressivas. Tivemos uma fase muito próspera dessa linha na segunda fase da década dos anos 2000, mais voltado ao House e agora experimentamos essa tendência no Techno Melódico, que está fervendo. Quem são seus grandes mentores?

Do passado são muitos, mas que estão ressoando nesta fase que tenho trabalhado ultimamente são artistas de outros gêneros: Dusty Kid com a parte melódica dos leads feita por síntese subtrativa em analógicos (emulados), Antony Rother, Chemical Brothers e Extrawelt. Do presente, isto pode variar muito entre os EPs geralmente relacionados às gravadoras que lanço.

Agora você está lançando por um selo espanhol, a MIR Music, que é match com suas composições. Você alcançou uma posição interessante na chart de Progressive do BP… conta sobre seu processo criativo para produzir, desenvolver e se atualizar profissionalmente?

Estou eternamente aprendendo e vou morrer sem saber nada. Para evoluir minha técnica preciso entender a língua que estão se expressando hoje em dia.

Para isso, desenvolvi um método: começo o processo pesquisando e ouvindo os lançamentos, faço uma seleção de uns 2 mil nomes que me resultam em 3 artistas que reflitam a intersecção do que eu tenho para oferecer e do que está sendo oferecido.

O processo é cansativo, mas tem me levado a descobrir muitos nomes não óbvios e que tem muito a ver comigo. O segundo passo é ouvir o máximo de coisas, abastecendo assim meu subconsciente com o sotaque destes artistas.

É um tango entre o que eu tenho/sei e o que querem/aceitam. No fim aprendo mais sobre coisas que não conhecia.

Não poderia deixar de falar sobre o nome do EP, a famigerada lenda sobre ter ou não amor em SP, qual foi a ideia pra chegar nisso?

Amor em Essepê é uma provocação e ao mesmo tempo uma afirmação. Além de mim, tem muita gente aqui no estado que faz por amor.

Lembro de quando ia tocar para fora sempre tinha um comentário meio maldoso sobre aqui a galera ser “focada” demais esquecendo a essência da coisa. Pra mim, a música, mais do que nunca, precisa de amor, mas a escolha do nome veio antes da crise.

Não poderia deixar te perguntar sobre os próximos planos. 2018 e 2019 você lançou bastante coisa interessante e 2020 está no mesmo caminho. Você tem se dedicado às produções? Como está sendo essa fase de quarentena para você?

Tenho mais 3 EPs confirmados e um que acabei de enviar. Esses últimos lançamentos tive um salto enorme na qualidade técnica e uma espécie de encontro comigo mesmo.

Sinto que ainda falta muito para realmente contribuir como fiz no passado, mas os primeiros passos já foram dados.

Foi um prazer enorme falar com vocês.

Photos: Alex Miatello - Edinaldo Pires - Divulgação

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