Conheça Craca, potência da cena underground paulista, que une imagem e som em produções surrealistas
Artista lança seu álbum 'Patchwork: Cobogó' no começo de setembro, assinado pela dsrptv rec
Em locais banhados pelo movimento frenético das ondas do mar, a presença de rochas, cascos de navios e docas se tornam marcantes na paisagem, mas para além delas, é possível perceber a presença de um crustáceo conectado à dinâmica destes espaços.
Do lado de cá, outra criatura, surgida das profundezas, apresenta características similares, desta vez, habitando palcos de festas e festivais, em ligação com o caos e a música que pulsa pelas caixas de som. As similaridades entre eles são diversas, afinal, a persona artística de Craca está atrelada ao crustáceo marinho de mesmo nome, que inspira seu adulter-ego musical.
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Com uma história de vida que se entrelaça com sua identidade como artista, Craca imprime detalhes de si em seus trabalhos. Natural de La Plata, na Argentina, o DJ e produtor veio ao Brasil ainda em seu primeiro ano de vida, para ser criado como um típico latino americano, com fortes raízes brasileiras e a ascendência de, ao menos, três continentes e cinco imigrações forçadas.
Tudo isso está impresso em seu som, o qual, junto com essa multiculturalidade, também se apresenta a paixão pela tecnologia como um de seus pilares. Inclusive, foi esta característica que oportunizou seu encontro com a música eletrônica, o inspirando a entrar num campo de experimentações artísticas, para além da área musical, criando experiências imersivas e singulares em performances audiovisuais transmidiáticas, a partir da combinação de equipamentos de som, luz e imagem.
Craca apresenta uma longa jornada neste universo, com mais de 30 anos de carreira e um currículo extenso, tornou-se um nome conhecido na cena underground paulista, com destaque para suas parcerias.
Uma delas é com a MC Dani Nega, com quem já lançou dois álbuns premiados “Craca, Dani Nega e o Dispositivo Tralha” e “O Desmanche”, que os levaram a tocar na Europa e em muitos festivais brasileiros recebendo em seu palco convidados como Juçara Marçal, Luedi Luna, Bnegão, Ilu Obá de Min e muitos outros.
Além do Projeto Axial, desenvolvido junto a cantora Sandra-X, com o qual realizaram diversas turnês europeias e o lançamento de três álbuns que lhes renderam o Troféu Catavento pelo conjunto da obra em Música Experimental.
Agora, focado em projetos solo, Craca se prepara para lançar o álbum “Patchwork : Cobogó”, um trabalho que traz toda essa bagagem e experiência, mas em uma pegada cool e, ao mesmo tempo, maximalista.
Com uma identidade sonora contemporânea, a atmosfera se pauta na sinergia entre o intimista e o espalhafatoso, conectando lo-fi jazz ao funk brasileiro – sonoridades estas que o caracterizam desde o seu primeiro disco.
Além disso, como o próprio título sugere, o LP traz uma característica ímpar de Craca, que é a sua habilidade peculiar em unir samples e loops a elementos orgânicos e eletrônicos, utilizando uma técnica de colcha de retalhos, bricolagem ou, como ele prefere dizer, uma "montagem, referindo-se ao método cinematográfico de edição de filmes.
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Essas composições remetem também aos cobogós originários da arquitetura tropical pernambucana, que hoje tomam todo o país, e trazem essa ideia de mosaico geométrico, permitindo estar dentro e fora, ao mesmo tempo. Neste caso, ele busca introduzir a simbiose da introversão e extroversão sob a perspectiva individual.
O lançamento de “Patchwork: Cobogó” está marcado para o dia 29 de setembro e ainda contará com um show homônimo, no SESC 24 de maio, no dia 06 de outubro, reunindo o coletivo de soundsystem U-Dub 420, a cantora Vistoria dos Santos e a cantora e produtora Sandra-X, além dos video mappings interativos característicos de Craca.
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Photos: Divulgação
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