Classmatic, Curol e DJ Glen comentam prestígio internacional notado pela 1001Tracklists
Quer se inspirar? Saiba as circunstâncias que levaram esses artistas ao destaque internacional
No passado e presente das indústrias do entretenimento, há um histórico comum de certa controvérsia em relação aos rankings artísticos.
Marcas diversas, desde o Festival de Cannes até a DJ Mag e seu Top 100 DJs, acabam precisando, anualmente, atualizar-se e tornar, na medida do possível, tais projetos mais justos, mais seguros, transparentes e socialmente e geograficamente inclusivos, entrando de acordo com as demandas da sociedade atual.
Neste aspecto, a 1001Tracklists, que funciona atualmente como a maior plataforma de base de dados sobre DJ sets do mundo, marcou um gol no quesito curadoria, com um projeto que caminha em paralelo ao seu ranking Top 101 Producers.
Em 2021, em detrimento de uma abordagem muito aberta, que elevaria, por questão lógica, os artistas para um parâmetro mais mercadológico, a 1001Tracklists criou o Future of Dance.
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O foco, para eles, está claro, como informado em seu descritivo: "esta iniciativa pretende empoderar mulheres e produtores POC (traduz-se: pessoas racializadas) com a esperança de ver estes artistas representados nos maiores palcos".
O Brasil emplacou mais de dez menções em tal curadoria; nomes que vão de Joyce Muniz e Victor Lou até Viot e Carola.
"Esses artistas e suas produções têm sido importantes em definir os sons do mundo da música eletrônica nos últimos 12 meses e vão moldar o nosso futuro também", menciona a plataforma.
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O Combo Do Sucesso: Equilíbrio Pessoal + Prática + Originalidade
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Atualmente, é difícil passar por uma festa de House Music sem se deparar, em algum momento, com uma track de Classmatic rolando na pista de dança.
Não bastasse o sucesso estrondoso de "El Primer Corazón" e "Toma Dale", o ano foi de grandes emoções para ele, que integrou o catálogo da label do The Martinez Brothers, a Cuttin' Headz, e criou uma presença internacional definitiva para sua carreira, seja no estúdio, ou nas apresentações ao redor do globo.
"Foi uma junção de muitos fatores, principalmente o quanto eu me dediquei no estúdio e meus DJ sets. Além disso, todo o meu time do Brasil e de fora tem um peso muito grande, por me posicionar no mercado.
Não esqueço também do meu bem-estar pessoal, com minha noiva, meus cachorros, minha família e meus amigos, que têm um peso muito grande nisso tudo também", comenta Classmatic, ao ser perguntado sobre seus pilares para o sucesso contínuo.
Ele também faz seu voto ao valor fundamental da originalidade – tópico que entende muito bem, por ter criado uma assinatura sonora que se coloca no meio entre movimentos culturais brasileiros, beats minimalistas de Tech House e muita percussividade.
Acenando para os aspirantes, ele lembra: "sempre sejam autênticos, porque a cópia vai estar sempre um passo atrás; pratiquem MUITO; e estejam também com o inglês na ponta da língua, porque é um diferencial".
Ser Diferente É A Sua Maior Força
Artista que se tornou querida no Brasil, em especial nos últimos dois anos, a premissa artística de Curol encara a autenticidade como uma missão.
"Me sinto feliz e satisfeita, não somente por mim, mas por outros nomes selecionados ali e que estão dispostos a fazer um som diferente no Brasil. Hoje temos muitos artistas que estão direcionando a música brasileira de forma inovadora no mercado mundial", conta a artista mineira que tomou as pistas nacionais com seu estilo de Afro House interconectado a diversas referências.
Em ascensão plena e recém-estreante no Rock in Rio, Curol também já havia sido selecionada para o Future of Dance de 2021, além de ter em seu "CV" o prêmio Women's Music Event na categoria DJ Revelação.
"Atribuo tudo o que estou vivendo hoje inteiramente à minha dedicação. Sem isso, não apareceriam oportunidades e, a partir delas, não faria decisões melhores como tenho feito, procurando me aperfeiçoar e fazer entregas cada vez melhores. O foco é proporcionar experiências para o público", explica.
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É importante acreditarmos que é possível, e levar nossa jornada com a confiança em tal autenticidade. Afinal, antes de Parasita (filme do diretor sul-coreano Bong Joon-ho) protagonizar a premiação do Oscar, por exemplo, até parecia que certos espaços eram para poucos.
"É importante que os artistas em desenvolvimento não desistam de seus sonhos e, principalmente, não desistam de ser diferentes. Assim, você ganha uma representatividade em cima daquilo que você está criando. Mesmo que demore, as oportunidades vão aparecer; façam dessas as melhores escolhas de suas vidas", comenta Curol.
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"Terceiro Mundo", Who?
"Atribuo a vitória a todo o setor, não apenas a quem está nos holofotes", comenta DJ Glen, que também está entre os selecionados de 2022.
"Me destaca muito a resiliência, a criatividade de sobrevivência em um ambiente hostil, a ambição de rebater toda a negatividade absorvida em toda a caminhada e provar, principalmente, para nós mesmos, a grandiosidade do que estamos fazendo. Ser artista no Brasil é muito difícil e, para provar nosso valor, às vezes temos que ser os melhores do mundo", completa.
DJ Glen foi reconhecido, certamente, após um ano de excelência em sua já longa e consistente trajetória no cenário. Entre suas conquistas nos tempos recentes, o DJ e produtor conseguiu espaço no seleto time da All My Friends, label do expoente do Bass House, Destructo, com quem fez, inclusive, collab.
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A parceria deu oportunidade para que Glen abrisse o show dele em 7 estados americanos diferentes, além de ter sido convidado pra tocar no Friendship, em 2023 — o maior cruzeiro dos EUA, que já está sold out desde junho.
Este ano o viu viajar muito em turnês internacionais, agitando as pistas de cidades da América do Norte e da Europa. Além disso, Glen e sua esposa Nana Torres promovem eventos eletrônicos no club de Americana por mais de 6 anos, onde só em 2022 receberam nomes como Ardalan, Joyce Muniz, Victor Lou e, muito em breve, também devem receber Curol.
Para ele, embora compreenda a globalização da dance music, é importante o destaque internacional para o cenário brasileiro. "É muito gratificante ser mencionado em um ranking que não está relacionado a anúncios em revistas", conta.
"O reconhecimento internacional pela cena daqui e pelos artistas que conseguiram se destacar com algo genuíno é a prova de que estamos caminhando com nossas próprias pernas", completa o artista.
Outras novidades
Glen aproveitou para contar em primeira mão que deve soltar em breve um EP pela gravadora de Walker & Royce, uma collab com Luke Andy que já tem feito sucesso pelas pistas globais e foi amplamente tocada no Dirtybird Campout da Califórnia, onde se apresentou recentemente. Uma tour para promover o release também será realizada em dezembro.
Confira na íntegra os artistas selecionados para os rankings da 1001 Tracklists: clique aqui.
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