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Adana Twins: donos de gravadora, A&Rs, produtores e duo DJs famoso por tocar os long-sets mais quentes ao redor do mundo

Entenda como a fusão do amor de Benjamin pelo hip-hop e a paixão de Friso pela música eletrônica se tornou um sucesso global

  • Mixmag Team
  • 25 October 2022

Adana Twins é uma dupla alemã que trabalha junto desde 2006, unindo o amor de Benjamin pelo hip-hop e a paixão de Friso pela música eletrônica para produzir lançamentos altamente conceituados que formam a base de seu sucesso global.

Seus primeiros triunfos levaram a bookings em todo o mundo, entregando uma visão musical única às pistas em todos os continentes, com o apoio de uma ampla gama de nomes da cena dance, incluindo a lenda da Radio 1 Pete Tong, Solomun, Tale Of Us e outros.

Agora firmemente estabelecidos na cena global da dance music e um dos mais populares artistas de Indie Dance, os Adana Twins agora são respeitados como donos de gravadora, A&Rs e produtores, enquanto inspiram DJs que curtem tocar long sets.

Nós os entrevistamos para a nova capa da revista. Confira a seguir!

Tudo bem, pessoal? Poderiam contar a história do Adana Twins para o público brasileiro que ainda não os conhece?

Benjamin: Temos que voltar no tempo para 2004. Naquela época, ambos começamos a estudar design gráfico e novas mídias na Fábrica de Design em Hamburgo.

Durante esse tempo nos tornamos bons amigos e curtimos várias festas juntos. Então começamos a organizar festas para nossos colegas de escola e pensamos que poderia ser divertido tocar música nessas festas juntos também.

Um dia uma amiga do Friso, que trabalhava no Hamburg Foo Club, nos viu tocando em uma dessas festas e gostou tanto que pediu para tocarmos no seu aniversário. Até então, não tínhamos nome como dupla, pois apenas tocávamos por diversão.

Ela disse: gente, precisamos de um nome para o flyer da festa em uma semana. Nós dissemos ok, vamos pensar sobre isso. E nos encontramos para um brainstorming em um restaurante turco e pedimos Adana Kebab.

Quando o Kebab chegou, dissemos: vamos fazer algo mais engraçado e nos chamar de Adana Twins apenas para esta noite. Bem, obviamente se a coisa foi bem mais longe que apenas mais uma noite.

Com o novo nome na bagagem, começamos a tocar todos os finais de semana em um barzinho chamado Pooca. Começava às 23h e terminava entre 8h e 10h. Esta foi a melhor escola que poderíamos ter.

Organizamos festas em locais off e fomos os primeiros a trazer o som Ed Banger para nossa cidade. Então um dia nos encontramos com Andre Stubbs. Naquela época, ele era o dono da Neidklub & Baalsaal.

Agora ele toca o PAL, meio que o lar dos DJs em Hamburgo. Ainda tocávamos a noite toda uma ou duas vezes por ano. Ele nos pediu para organizar festas em seus clubes. Então viramos residentes do Neidklub e tivemos nossa série de festas todas as quintas em Baalsaal.

Para estas festas convidamos o Keinemusik. Acho que foi a primeira festa deles fora de Berlim. Outros convidados foram Renaissance Man, Surkin, Strip Steve e muitos mais.

E ao passo que fomos ficando um pouco mais velhos, nossa música foi mudando cada vez mais para deep house e nos tornamos residentes do Club Ego, do Solomun, o que nos aproximou da equipe Diynamic.

Durante esse tempo começamos a produzir e com o nosso ‘Everyday EP’ na Exploited conseguimos avançar e nossas vidas mudaram completamente. O resto é história…

Friso: Sim, como Benjamin disse, começamos a produzir música em 2009. Em 2012 lançamos nosso primeiro single de sucesso ‘Strange’. Foi o pontapé inicial da nossa carreira de DJ.

Enquanto éramos residentes no club Ego de Solomun em Hamburgo, convidamos artistas como Mind Against pela primeira vez para Hamburgo ou Acid Pauli que fizeram um remix maravilhoso de nossa música ‘Strange’.

Falando em lançamentos… tivemos duas músicas de sucesso no Diynamic: ‘Uncompromising’ e ‘My Computer’. Este último foi um divisor de águas, nos empurrando direto do Melodic para os principais artistas do gênero Indie Dance, onde nos sentimos muito confortáveis até hoje.

Ao mesmo tempo, nosso parceiro de longa data Pete Tong nos convidou para gravar um ‘Essential Mixes’ para seu programa na BBC 1. Quando era adolescente, isso era um sonho nosso. Este também foi o momento em que nossa longa amizade com o selo e clube berlinense Watergate começou.

A maioria das pessoas provavelmente nos conhece pelo mix que fizemos no selo. Uma das faixas exclusivas foi nosso remix para a faixa ‘Roar’ de Patrice Bäumel, que se tornou um dos hits daquele ano.

Outro marco foi provavelmente nosso set para Cercle. Não é nenhum segredo que a equipe Cercle vem fazendo um dos melhores trabalhos do mercado no momento. Por isso, ficamos mais do que felizes em ter a oportunidade de tocar um DJ set em um local tão maravilhoso, o Palais Longchamp em Marselha.

No set tocamos um de nossos remixes de maior sucesso: a faixa acid house do início dos anos 90 ‘Higher State Of Consciousness’ de Josh Wink.

Como os arquivos originais daquela época foram perdidos, colocamos com muito amor um acid bassline e fizemos duas versões diferentes. Josh gostou tanto que pediu para enviarmos nossa bassline… que honra!

Os Adana Twins agora são DJs, donos de gravadora, A&Rs e produtores. Qual é o próximo passo da dupla?

Friso: Provavelmente precisamos nos tornar cantores ou estrelas de cinema ;) Não, acho que é um espectro bastante diversificado e criativo em que estamos operando e no qual ainda há muito a descobrir.

Após a pandemia,muitas coisas mudaram, e você pode ouvir isso na música e nas baladas. Há uma nova geração festeira, jovens cheios de energia. Com certeza é um momento emocionante.

Nós, como artistas, também tivemos que nos questionar e ver se o que fazemos ainda está atualizado e se encaixa nos novos tempos. Felizmente isso acontece e ainda gostamos de curtir com a galera como se não houvesse amanhã.

É a mesma coisa com a gravadora, tudo é um processo em constante mudança, nos questionamos nas conversas e no final também com as pessoas na pista de dança. Se eles não gostam mais da música que produzimos, que lançamos na gravadora e tocamos, nosso trabalho simplesmente não faria mais sentido.

Estou especialmente ansioso para a próxima vez, em termos de produção. Você pode experimentar muitas coisas de novo, encontrar novos gêneros, em suma, simplesmente um momento emocionante e quanto mais louco o mundo fica, mais precisa de arte, cultura e música!

Benjamin: Como estamos profundamente ancorados na música e na nightlife, posso imaginar que criaremos uma agência para impulsionar cada vez mais nossos artistas TAU. Como amamos nosso empresário, pode ser uma boa ideia se fizermos isso juntos. Vamos ver o que o futuro traz.

Além disso, sou vegano e, na minha cidade natal, Hamburgo, sinto falta de um restaurante requintado totalmente à base de plantas. Claro que existem boas opções, mas nada comparado ao que você encontra em Tel Aviv, Los Angeles, Nova York e por aí vai. Então talvez isso também seja um projeto para o futuro.

Eu também adoraria construir uma comunidade TAU com eventos, além da música. Podem ser noites agradáveis de cinema, eventos gastronômicos, aulas de ioga ou simplesmente exposições de arte. Um espaço criativo que conecta as pessoas e que te proporciona bons momentos.

Um bom exemplo é o ‘The Underground Museum’ em Los Angeles. Se pudéssemos fazer algo assim com o TAU seria simplesmente fantástico. E definitivamente em breve começaremos a expandir nosso merchandising TAU.

Falando agora sobre a TAU, o label nasceu para lançar música própria de forma independente ou foi mais um novo negócio?

Friso: Existem vários aspectos. Em geral, tivemos a ideia de começar nossa própria gravadora há muito tempo, mas como sempre: coisas boas levam tempo. Certamente um ponto é poder lançar nossa música independentemente, é claro.

Tem muitas vantagens práticas quando tudo vem de uma fonte e simplesmente temos ainda mais liberdade quando se trata de nossa música. Isso nos permite definir muito melhor a nós mesmos e nosso ambiente musical.

Estamos sempre à procura de novas músicas e novos artistas com talento e, ao mesmo tempo, escolher música nos ajuda a aprimorar e desenvolver nosso som.

É ótimo dar uma plataforma para outros músicos como Innellea, Economist ou Biesmanns. Michi (Innellea) fez o primeiro lançamento no TAU como um jovem talento e agora ele é uma estrela. Estamos muito felizes por ele. Trabalhar com tantos artistas é, claro, um grande presente!

Benjamin: Mas o selo também nos dá a oportunidade de desenvolver novos formatos e viver toda a nossa criatividade.

Em termos de música, podemos criar diferentes formatos e estilos por conta própria: Já rolou uma compilação chillout e nossa compilação anual Spektrum Various Artists que sempre sai em novos formatos.

Na última vez fizemos uma revista impressa que apresentava todos os artistas em detalhes, e no ano anterior foi uma fita cassete.

E a compilação Ambient veio como uma caixa limitada em madeira Palo Santo. Por isso a chamamos de Palo Santo. TAU é o nosso playground onde podemos fazer coisas novas que sempre quisemos fazer.

Na verdade, a gênese do nome TAU descreve muito bem a história e o conteúdo. Antes da gravadora, tivemos a ideia de abrir um club no bairro vermelho de Hamburgo, na Reeperbahn. O nome da rua vem do chamado “Reepschläger”.

Artesãos que faziam cordas para navios. TAU é a palavra alemã para corda. Essas cordas grossas são feitas de vários fios individuais para criar um “TAU” rígido que mais tarde resiste ao vento e intempéries.

É semelhante ao label: um grande cosmos que combina muitas ideias e categorias individuais em uma forte construção geral.

Que tipo de música se encaixa melhor no label e como artistas podem enviar suas músicas?

Friso: Como nossa compilação anual, sempre estivemos dentro de um espectro de música eletrônica, então existe uma frequência aqui.

Como sempre gostamos de tocar sets longos, você pode pensar na música do selo como uma noite inteira que tocamos. No começo a música é mais calma, talvez nem tenha bumbo, depois fica mais rápido, mais rock, cheia de energia, às vezes pode ir ao techno, e voltar.

Há momentos de bom humor, o êxtase de discoteca, rola a piração, e vira afterhour. É muito eclético. Adoramos misturar faixas inéditas com jóias antigas, tocando ao longo de décadas da história da música. Dando ao antigo uma nova camada de tinta, uma nova versão. Eu acho que o Derek de Cercle uma vez chamou isso de retrofuturo. Isso resume muito bem.

Benjamin: Temos a sorte de trabalhar com artistas maravilhosos, mas é claro que estamos sempre à procura de novos talentos, novas músicas e influências.

Infelizmente, nem sempre podemos ouvir tudo o que nos é enviado, mas na maioria das vezes você percebe rápido quando alguém se esforça para enviar mais do que apenas um e-mail padrão.

Claro que também olhamos no Soundcloud ou Instagram...

Se for a música certa, ela encontrará seu caminho ;-)

Tem 6 releases saindo entre agora e o fim do ano (incluindo Watergate 20 Years). Como gerenciam agenda tão cheia?

Friso: Como dividimos o trabalho entre dois, na verdade só rola metade do trabalho. É uma vantagem ser um duo. O único problema é que às vezes os dois querem fazer tudo ;)

Como em um bom relacionamento, um ajuda o outro e se você consegue trabalhar simultaneamente, tudo acontece ainda mais rápido.

Sempre fizemos música separadamente e juntos no estúdio. Rola o mesmo com os lançamentos. Alguns deles são de Benjamin, alguns meus e alguns produzimos juntos no estúdio. É ótimo, você produz uma faixa e recebe feedback imediato. Isso acelera bastante todo o processo.

Benjamin: De qualquer forma, estou realmente ansioso com as novas faixas. É visível o quanto estamos nos divertindo no estúdio novamente.

O primeiro é o nosso novo single chamado ‘Snake Ritual’, que sempre incendeia a pista e atualmente é o destaque em nossos sets, seguido de um remix que fizemos para Curses e Local Suicide. Ótimos vocais, vibe rock legal.

Temos uma nova bomba acid na compilação Spektrum mencionada antes com Jasmine Azarian, que também foi destaque em uma faixa VTSS no ano passado e que também teve sua primeira exposição no lendário Louvre em Paris.

E fechamos o ano com uma faixa da compilação Watergate com vocais misteriosos de um artista que permanecerá sem nome. Ah, e tem nosso primeiro remix na TAU para nosso bom amigo Lehar. Este é realmente legal e mostra nosso amor pela música emocional longe da pista de dança.

E 2023 vamos começar com um remix para Jan Blomqvist, que é da mesma cidade que eu. Que coincidência!

Podem contar algo sobre o novo single Snake Ritual?

Benjamin: Atualmente esse é o destaque em nossos sets. Ao produzir a música eu quis explorar sons diferentes, que você não está acostumado no Adana Twins. Está a um passo do nosso som retro-futuro para uma vibe mais orientada à percussão.

Quando terminei a batida, estava brincando com algumas ideias e de repente encontrei esse som de flauta em um de nossos plugins VST chamado repro-1 e em um minuto fiquei tão inspirado que foi super fácil escrever esse gancho.

Esse não é um sample. É 100% Adana Twins. Depois de tocarmos várias vezes, fizemos algumas mudanças. No começo, tinha uma pausa clássica ao som da flauta. Mas eu não ficava 100% feliz com isso tocando.

Então alterei no intervalo da flauta para uma mudança de tempo construída com o som ARP2600 da faixa. E agora funciona super bem na pista. Prova de que é importante testar muito todas as nossas faixas antes de lançá-las.

Algum projeto paralelo ou novidade que vocês possam compartilhar com o público brasileiro?

Benjamin: Acho que essa foi a entrevista mais longa que já fizemos e já falamos bastante.

Como estamos expandindo nossas noites da gravadora TAU para outros países, definitivamente esperamos fazer uma no Brasil em breve, já que amamos muito o país!

E existem rumores de que começamos a trabalhar em um álbum. Mas ainda está nos estágios iniciais e estamos descobrindo qual direção tomaremos.

Quando será a próxima turnê brasileira? :)

Com certeza em 2023! Nossa agência de bookings já está trabalhando nisso.

A última: sempre pedimos dicas para os novos talentos que estão na batalha. Podem dizer algo para essa galera nova?

Benjamin: Sempre acredite em você mesmo. E se as pessoas zombarem de seus primeiros resultados, provavelmente é melhor não acreditar nelas.

Eu me lembro claramente de quando fiz meu primeiro beat na adolescência. Fiquei muito orgulhoso e mostrei para alguns dos meus ‘amigos’. Eles tiraram sarro e eu fiquei tão frustrado que parei de fazer música.

Felizmente, quando me mudei para Hamburgo, anos depois, comecei de novo. Não foi fácil para mim terminar músicas e mostrar a outros.

Mas meu ambiente em Hamburgo era muito melhor e aqui encontrei verdadeiros amigos e me conectei com outras pessoas da minha cidade natal novamente, com as quais eu não estava conectado quando era mais jovem.

E bem, o que posso dizer: Esses supostos amigos que zombavam de mim agora têm os mesmos empregos chatos ao estilo 9h-17h e ainda moram na mesma pequena vila enquanto eu realizo meus sonhos: viajando ao redor do mundo, tocando música para pessoas incríveis, e posso me dar ao luxo de viver disso.

Também me ajudou muito entrar numa rotina diária no que diz respeito ao meu processo de produção. Isso significa que meus filhos me acordam às 7, depois de levá-los para o jardim de infância por volta das 9h, começo a trabalhar em estúdio.

É um ritual fazer o café e acender um incenso para entrar em uma vibe legal. Eu também gosto de trabalhar em um estúdio limpo e não bagunçado. Essas pequenas coisas estão me ajudando muito a ser criativo.

Também às vezes pode acontecer de você ter dias em que não é tão criativo. Mas tudo bem. Não se estresse demais. Dê um tempo. Quando isso acontece eu faço outras coisas. Ouvir música, fazer coisas de escritório ou simplesmente relaxar e não fazer nada.

E o esporte também é muito importante para eu ficar mais focado. Depois de um fim de semana com todo o estresse da viagem, o boxe me ajuda a clarear a mente e voltar aos trilhos.

Ah, bem… acho que no começo da carreira provavelmente ajuda ter um plano B. Eu trabalhava em tempo integral em uma agência de publicidade.

Eu tive tanta sorte que minha chefe Jo Marie disse: “Pare de trabalhar para nós e faça música em tempo integral. Vemos que você ama isso. Se não der certo, volte para cá!” Mais uma prova de que precisamos ter pessoas ao seu redor que acreditam no que você está fazendo…

Friso: Concordo. Acredite em você e cerque-se de pessoas boas. Mas certamente é sempre bom fazer algo que você ama. Independente da música.

Para nós, foi assim: no começo, trabalhamos muito em empregos ‘reais’ e nossa vida musical era mais um hobby. Até que pudéssemos viver da música. Para encurtar a história: a paixão é importante para realizar os objetivos e sonhos!

Por exemplo, montei uma agência de design com amigos e tocava nos fins de semana e produzia música à noite. Então acordei com meus sócios que não precisava trabalhar às segundas-feiras para poder descansar.

Depois vinham as quintas-feiras, quando muitas vezes voava para algum lugar e, finalmente, meus parceiros de negócios me disseram que estavam muito felizes por mim e pelo meu sucesso, mas que talvez fosse hora de viver completamente como músico.

Era importante me cercar de pessoas boas. Amigos que apoiam minha paixão. Acho que isso foi parte integrante do meu sucesso e me deu a oportunidade de seguir meu caminho – passo a passo.

Claro, há sempre uma boa dose de sorte envolvida, estar no lugar certo na hora certa, e assim por diante... É uma boa ideia morar em cidades maiores onde há muitos clubs, músicos e produtores que você pode conversar e ter sorte.

Para mim, conhecer outras pessoas é uma grande parte do ser humano. Como seria a vida se você não pudesse encontrar amigos e conhecer novas pessoas?

Clubs são lugares para conhecer gente e eu sairia muito se quisesse me tornar produtor ;)

Photos: Philipp Gladsome

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