Sven Väth no Brasil: falamos com o ícone do Techno antes de sua apresentação na Time Warp
Artista alemão revisita passado, fala de sua conexão com a América do Sul e com os vinis, além de revelar o que espera para o futuro
Um dos pontos que reforça isso com certeza é a sua relação com o vinil. Em que momento você percebeu que o vinil era mais do que apenas um meio de reprodução, mas sim uma forma de arte e que o manteria com você para o resto da sua vida?
Eu me apaixonei tanto pelo meu ofício que não conseguia me imaginar me expressando musicalmente como DJ de outra forma que não fosse por meio de dois toca-discos e um bom mixer. Prefiro manter a simplicidade e me concentrar na mixagem e na música em si, e ver o que surge a partir disso.
As extensas configurações técnicas e digitais que alguns dos meus colegas usam simplesmente não me atraem. Mexer constantemente nos botões e usar aparelhos que criam efeitos artificiais nunca me interessou. Para mim, o vinil é mais do que apenas uma mídia; é uma forma de arte que exige engajamento e autenticidade, e é por isso que optei por mantê-lo ao longo de minha carreira.
Inclusive, gostaria de saber também a sua opinião sobre a enxurrada de novos lançamentos que saem diariamente. São tantos novos trabalhos pra ouvir que é impossível acompanhar tudo. Você, por outro lado, lança de forma bem mais espaçada. Como você enxerga essa relação na indústria musical de hoje?
Concordo plenamente. Atualmente, é incrivelmente difícil manter uma visão geral de todos os novos lançamentos. É por isso que prefiro me concentrar apenas nos lançamentos em vinil, e até mesmo isso é muito trabalhoso.
Eu me vejo como um selector que dedica tempo e paciência para encontrar faixas com groove, coração, profundidade e um pouco de peculiaridade. Essa abordagem seletiva me ajuda a permanecer conectado à essência do que acredito que torna a música especial, em meio à enxurrada de novos conteúdos no setor musical atual.
Aproveitando esse assunto, você poderia nos falar um pouco mais sobre o relançamento de L'Esperanza? Inclusive, há uma versão muito interessante de Len Faki sob seu alter ego Hardspace… conte-nos mais sobre.
Len Faki criou a edição de “L'Esperanza” há cerca de um ano e meio, mas, naquela época, eu não achava que ela estava pronta para ser lançada. A edição que ele fez se baseia no remix original de “L'Esperanza” do Vision of Shiva de 1992. A abordagem de Len sob seu pseudônimo Hardspace traz uma nova perspectiva, ao mesmo tempo em que homenageia a pegada clássica da faixa.
Sven, indo para um lado um pouco mais leve da nossa conversa, gostaria de saber o que você faz para relaxar quando não está tocando ou produzindo? Ou nos dias de descanso entre um show e outro… Algum hobby que os fãs não conhecem? Você tem prezado pelo cuidado da sua saúde física e mental?
Estabeleci uma estrutura em minha vida que me ajuda a equilibrar meu ano de forma eficaz. Isso inclui um tratamento anual de desintoxicação com Ayurveda todo mês de outubro, com o objetivo de limpar o corpo. O tratamento dura dez dias, e eu sigo um regime rigoroso por dois meses depois, durante os quais me abstenho de álcool e adoto uma dieta vegana temporária.
Além disso, eu me foco muito no meu condicionamento físico e tento passar um tempo de qualidade com minha família e amigos. Essas práticas são cruciais para manter minha saúde física e mental, permitindo que eu me recarregue e me mantenha afiado para minhas apresentações e trabalhos de produção.