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‘Prisma Techno’, 50 anos e homem na lua; uma super entrevista com Anderson Noise!

Pioneiro do techno fala sobre "Deadline", seu debut EP com o selo capixaba

  • Marllon Gauche
  • 16 July 2019
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Soubemos que você nasceu apenas 7 horas após Neil Armstrong se tornar o primeiro homem a pisar na lua.

Agora, você lança um EP pela Prisma Techno que se conecta bastante com este fato histórico. Como foi produzi-lo e o que de mais especial poderemos ver nas faixas?

Nasci exatas 7 horas depois desse feito. O mais engraçado é que depois desses 50 anos eu vou estar nos EUA e bem próximo de onde foi lançado o foguete.

Lançar com a Prisma já era uma vontade minha, tudo foi se encaixando para sair nessa data, algum evento tinha que acontecer e foi escolhido o EP para ser lançado especialmente nesta data.

Quando eu estava produzindo as faixas eu não estava muito nessa onda, aconteceu naturalmente, eu mandei as músicas para o Thito [Prisma] e ele disse:

‘É esse mesmo”, e aí bateu com a semana do meu aniversário, perfeito para celebrar também os 50 anos desse do homem na lua, não tinha forma melhor para comemorar isso.

Tá tudo muito legal, desde a capa, os remixes, o conjunto todo está muito bacana, tô bem feliz com o lançamento.

Como você chegou até a Prisma para o lançamento de Deadline? Profissionalmente e pessoalmente, o que esse trabalho representa pra você?

Eu já conheço o Thito há muitos anos, somos amigos desde quando ele morou em Belo Horizonte. Um dia ele veio me dar parabéns pelos 20 anos da Noise Music e eu também o parabenizei pelo trabalho na Prisma, a conversa evoluiu de forma natural e logo veio o convite.

O Thito está fazendo um trabalho muito bacana, admiro muito o trabalho deles, o respeito de ambas as partes fez com que chegássemos numa decisão bem rápido e aí as coisas caminharam do jeito que tinha que ser.

Além da Prisma e da própria Noise Music, a lista de selos por onde você já lançou é gigante. O que de melhor você tira desse relacionamento com tantas gravadoras?

São tantos e tantos labels que o mais legal é o aprendizado que você tira com cada um deles, sempre existe uma troca de informação e conhecimento de ambas as partes.

Hoje o país tem várias boas gravadoras e selos independentes que estão fazendo um trabalho excelente, e eu acho que essa troca é necessária, porque só com collabs e lançamentos em outros labels você aprende a melhorar o seu trabalho.

Eu só tenho a agradecer a todos que aceitar me lançar mesmo eu tendo o Noise Music, porque alguns tem preconceito com isso.

A minha opinião é que quando a música é boa, ela tem que ser lançada, sem nenhum tipo de preconceito. Tá na hora de todos abrirem mais as portas, o mundo é grande, as possibilidades são enormes e é preciso deixar as coisas fluírem para andarem bem.

No começo da sua carreira, sem internet ou qualquer outra plataforma digital, como você e outros artistas buscavam promover os trabalhos?

Era fazer o vinil, colocar debaixo do braço e ir a caça aqui no Brasil quando vinha algum DJ. Eu tive a felicidade de logo no início do Noise Music de conseguir uma distribuidora legal e uma agência de divulgação bacana.

Então eu deixava os vinis lá, pagava o correio, comprava o papelão para colocar o vinil e eles enviavam para as casas dos DJs, geralmente para outros países. Não era uma divulgação barata, mas sim cara e trabalhosa, porém era muito prazerosa de se fazer.

Era uma coisa bem artesanal, gosto de comparar como uma cerveja artesanal, perto do que são as grandes hoje… você sente no paladar que é diferente das outras, sabe? Pra mim, que sou um amante de cerveja, é uma ótima comparação.

Para finalizar, de onde vem suas maiores inspirações para criar uma música ou dar vida a alguma ideia? Histórias? Natureza? Experiências de vida? Obrigado pela conversa!

Geralmente as boas ideias surgem quando eu não estava fazendo nada, o que é bem difícil, porque toda hora estou fazendo alguma coisa [risos].

Nos meus trabalhos com o Nie Myer [Anderson Noise, Henrique Portugal, Lelo Zanetti] que mistura Jazz, Bossa Nova e música eletrônica, existem algumas histórias, visível principalmente nas músicas feitas com o Milton Nascimento.

Conheça o Nie Myer, projeto de Anderson Noise, Henrique Portugal e Lelo Zanetti.

Existem também algumas histórias tristes.

Na Savassi By Night, 10º música do álbum ‘Pra Sempre’ do Lulu Santos, na hora que ele estava gravando o violão aqui em casa, meu pai teve uma parada cardíaca, então tive que sair correndo e o primeiro abraço que ganhei foi dele. Depois, na hora que voltava para mexer na música, sempre lembrava do meu pai.

Música para mim não começa com uma ideia, e sim mais ‘fuçando’ e gravando, e aí as coisas vão andando.

No mais é isso, música às vezes não tem como explicar sua própria criação, sua inspiração, ela simplesmente acontece, você se deixa levar e as coisas vão aparecendo naturalmente. Obrigado pelo espaço e pela conversa!

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Imagens: Divulgação, Juliano Conci, Della Rocca

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