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Interviews

Falamos com Enamour, que acaba de lançar seu EP de estreia pela Get Physical Music

Argot EP chegou na última sexta (13) com três faixas originais

  • Maria Angélica Parmigiani
  • 16 May 2022

Autodidata, aplicado e talentoso, o artista tem mostrado uma promissora carreira de crescimento exponencial nos últimos anos, alcançando o alto escalão da música eletrônica global.

Sua assinatura sonora traz uma dualidade capaz de funcionar tanto para as pistas quanto para momentos de maior contemplação, sempre visando em camadas emotivas dentro do Deep, Progressive e Melodic, tanto para House, quanto para Techno.

Em pouco tempo, ele construiu uma base de fãs ao redor do mundo, após EPs bem recebidos em renomados selos como Anjunadeep, Last Night on Earth, Einmusik e Desert Hearts. Agora, ele faz sua estreia no selo alemão, bem conhecido por ser uma chancela de peso.

Em Ergot o artista traz uma mistura bem coerente entre suas abordagens para a pista, como na faixa-título que abre o EP, mas revela também momentos mais ambientais e psicodélicos, como em “Dreamland”, a segunda faixa.

“Hang In There” traz um baixo maleável que percorre a faixa sobre acordes filtrados, dando um ar bem cósmico à faixa.

Conversamos com o artista americano para saber mais sobre o EP, sua carreira e projetos futuros. Confira!

Olá Enamour, tudo bem? Primeiramente obrigada pela conversa. É a primeira vez que temos vocês aqui e por isso, conte-nos brevemente sobre sua relação com a música eletrônica. O que te influenciou, por onde começou, o que te encanta?

Olá! Estou muito bem, obrigado por me receberem!

Eu descobri a música eletrônica pela primeira vez através de artistas experimentais como Flying Lotus e Aphex Twin.

Na verdade, eu já gostava de eletrônica com Daft Punk, Crystal Castles e The Bloody Beetroots, mas então meu mundo se abriu com a explosão do EDM nos EUA.

Acho que meu gosto sempre se inclinou para sons experimentais e complexos, essa influência definitivamente encontrou seu caminho na minha música também.

Sua identidade sonora caminha entre a linha tênue da introspecção e dos sons de orientação mais dançante, mas é possível notar que você valoriza a musicalidade em suas criações, independente do objetivo. Como isso se formou em você e na sua base artística?

Tenho certeza que todos sabemos, mas ouvir música pode ser uma experiência mágica e transformadora. Eu acho que é quase sempre um vocal ou uma melodia que realmente permite que essa magia exista.

Um ótimo groove ou sons malucos podem ser emocionantes, seja em um clube ou em casa com fones de ouvido, sem uma música real por trás disso não acho que ela possa se tornar atemporal ou ter esse efeito de mudança de vida em um ouvinte.

Um dos meus principais objetivos como produtor e DJ é inspirar os outros, por isso a musicalidade é sempre um fator importante.

Li na internet que você é uma pessoa que pratica ioga. Você, enquanto artista, entende que uma filosofia milenar como esta tem impacto direto na arte e nos processos criativos e na própria condução da carreira? Pergunto isso, pois é perceptível essa camada mais “meditativa” em seu som, mas essa pode ser só uma leitura pessoal (risos).

Sim, totalmente! Eu acho que ioga e meditação, respiração e atenção plena em geral realmente desbloquearam uma tonelada de potencial criativo e felicidade dentro de mim.

Alguns dos meus melhores trabalhos criativos aconteceram durante o lockdown, quando não havia pressão e eu podia simplesmente acordar, ler, meditar, fazer ioga e nem mesmo olhar meus e-mails ou mídias sociais por dias a fio.

Acho que a espiritualidade desempenha um papel maior no meu processo criativo agora e é muito melhor assim. Essas práticas também me ajudaram imensamente a gerenciar minha saúde e emoções ao lidar com o estresse de turnês, viagens, rejeição, etc.

Falando de forma mais palpável, seu EP pela Get Physical traz bem esse equilíbrio entre faixas que funcionam na pista e no fone de ouvido, especialmente a segunda e terceira faixa. Conte-nos mais detalhes sobre o compilado e o que você buscou trazer no selo alemão.

Como você disse, eu queria que as faixas fizessem muito efeito na pista de dança, mas também tivessem uma doçura para os ouvidos de quem quisesse mergulhar mais fundo por conta própria.

As três faixas foram escritas juntas como um EP conceitual para levar o ouvinte através das fases de uma jornada psicodélica – com toda a alegria, bobiça, euforia e confusão que vem com isso.

Philipp Jung, da gravadora, tem apoiado muito meu trabalho desde o EP que fiz com a gravadora-irmã deles, Kindisch, então achei que seria uma boa opção lançar este no Get Physical.

Aliás, estamos falando de um selo bem renomado. Você já figurou catálogos grandes também como Anjunadeep, Last Night On Earth, Days Like Night, Yoshitoshi e muitos outros. Como aconteceu a conexão com a GPM? É mais um importante passo na carreira, certo? Como você enxerga sua carreira neste momento?

Sim, estou muito empolgado por lançar em um selo histórico em que tantos dos meus artistas favoritos lançaram. A conexão aconteceu primeiro através do meu EP no Kindisch; Eu estava conectado a eles através de Adisyn, outro artista da gravadora e grande amigo meu.

Estou feliz com o andamento da minha carreira, considerando que o projeto Enamour tem menos de 5 anos e já realizei tantas coisas que não esperava quando comecei. Dito isto, sou muito ambicioso e sei que estou apenas começando e há muito mais pela frente.

E pensando na sua própria construção enquanto artista. O que notamos é que, em pouco tempo, você construiu fãs ao redor do mundo, o que impacta diretamente em números, além da benção de alguns titãs como Sasha e Above & Beyond. Você sente que chegou em um lugar satisfatório para sua própria faceta artística ou é cedo para dizer?

Não tenho certeza se ficarei totalmente satisfeito, pois sou um pouco perfeccionista e estou sempre tentando crescer.

Estou confiante de que meu melhor trabalho ainda está por vir e continuo me surpreendendo com algumas das coisas que estou escrevendo.

Também estou trabalhando em um álbum agora, e ter um trabalho lançado pode me permitir mudar mais facilmente o foco para novas ideias e sons depois.

Quanto às turnês, acho que ainda nem alcancei a superfície. Adoro fazer turnês pelos Estados Unidos, pois é meu país natal, mas adoraria alcançar todos esses fãs em todo o mundo e fazer uma turnê mais pesada na América do Sul, Europa, Ásia, etc.

Você atua nas linhas melódicas e progressivas da música de pista. Nos últimos tempos, é possível notar que sonoridades destas esferas e também abordagens mais hipnóticas tem tipo uma procura alta tanto no House quanto no Techno. Você concorda? Por que você acha que as pessoas têm buscado esse tipo de música para as experiências na pista de dança?

Concordo, acho que os fãs estão esperando e curtindo mais a música melódica/progressiva nos últimos anos e estou muito feliz com isso. Acho que há um tempo e um lugar para a música de festa sem muita substância, mas não é muito sustentável para um set inteiro.

É preciso haver emoções mais fortes e os ouvintes perspicazes querem ser levados em uma jornada. Não tenho certeza de quando ou por que o “progressive” ganhou uma má reputação, mas nunca conheci alguém que não goste quando é bem feito.

É uma ótima combinação de grooves hipnóticos que você pode pegar enquanto as melodias mantêm seu interesse e variam as emoções dentro de um set.

Recentemente, a criação do selo “melodic house & techno” realmente borrou as linhas entre todos os gêneros e ajudou os fãs a aprender que eles gostavam de mais subgêneros do que pensavam inicialmente.

E para fecharmos, como tem sido esse novo momento de carreira após o período de isolamento e quais são os passos futuros que você pode compartilhar conosco? Alguma chance de vir para o Brasil? Obrigada!

Tem sido muito bom agora que as coisas estão de volta à ativa. Muitas músicas estão finalmente sendo lançadas e estou ocupado em turnê pela América do Norte no momento.

Eu tenho dois grandes remixes saindo neste verão com os quais estou empolgado – um para Gardens of Babylon e outro para Armada.

Também retornando ao Anjunadeep para um EP ainda este ano, além de alguns outros lançamentos que não posso mencionar.

Adoraria vir ao Brasil e tocar, nada planejado ainda, mas quero fazer acontecer em breve.

Acompanhe Enamour no Instagram.

Photos: Divulgação

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