Entrevista: Carlo Dall Anese
Um papo com um dos maiores nomes da dance music nacional
O que anda ouvindo ultimamente?
Eu escuto muita música eletrônica, essencialmente. Tenho escutado muito dubstep, uns trips-hops e umas coisas muito malucas.
É a tecnologia, tem uns caras que estão fazendo umas coisas incríveis, e isso é o que tem me fascinado embora seja bem distante do que eu tenho tocado, mas é a evolução da tecnologia na música eletrônica - eu acho que foi o Skrillex que abriu essa porta e chutou esse balde, abrindo uma caixa de pandora, meio que dizendo "olha, dá pra fazer um monte de coisas aí, vamos se virar".
Então tem uma geração de caras por aí fazendo sons extremamente avançados, com muita tecnologia, que realmente é legal demais, misturando video, auto mapping, e tem coisas que a gente vê na internet que impressionam muito.
Eu escuto muito rock, curto rock clássicos tambem, mas costumo falar que nós como DJs temos obrigação de tocar de tudo. Tocar o que a gente toca é uma opção mas ouvir a gente tem como obrigação.
Eu escuto de tudo mesmo, desde o 'sertanejão' - tem coisas ótimas e outras que dá até dor de ouvido - estudo o funk, estudo o axé, tudo, dentro ou fora de moda eu escuto mesmo pra saber qual é, o impacto que isso causa nas pessoas, e porque as pessoas escutam isso.
Para quais artistas da cena nacional você tiraria 'o chapéu'? E para quais não?
Essa é uma questão muito difícil de responder porque tem tanta gente talentosa e tanta gente ruim, que fica até complicado
a gente incluir ou deixar de incluir alguem.
Falar bem eu posso falar nomes, falar mal não posso, não é minha política de trabalho. Mas entre os caras que andam fazendo um trabalho legal, o Gui Boratto é um mestre, é um cara que não se corrompeu nunca, de maneira alguma e é 100% fiel ao som que ele faz, criou uma sonoridade nova.
Não existem dúvidas de que ele criou um estilo de música que é Gui Boratto style. É um cara low profile, super talentoso, conheço ele muito, pessoalmente. É um cara que considero bem legal, até amigo, sei lá, até certo ponto. Ele é realmente um mestre da coisa.
Outro cara que tá me chamando a atenção é o Alok, que vem fazendo um puta trabalho. Ele tem um pacote muito legal, é o cara jovem, bonitão, que toca um som diferente que a galera curte, mas ao mesmo tempo não viaja tanto na maionese.
Ele é filho do Swarup, um cara com quem eu já toquei algumas vezes. Um cara que tem uma bagagem musical, que fala legal com essa geração nova, tem um pacote completo que a turma nova tá precisando.
E ao contrário de pessoas que ficam putas por surgirem caras novos, eu fico é extremamente feliz, e mais feliz ainda de poder dizer que ouví coisas desses caras, que toco músicas deles, como Gui Boratto e o Alok, que produzem um puta som legal.
Independente de ser uma produção muito avançada, simplista ou não, geralmente são diferentes e bem legais.
Que conselho você daria para produtores e DJs novatos que estão apenas começando?
Acho que o grande pulo do gato é conhecer todo tipo de música. A segmentação é uma coisa que se pode fazer nos sets, mas se não tiver bagagem, não tem condições de seguir adiante.
Ele fica limitado e burro, é aquela coisa, tudo anda tão misturado, mas o underground critica o mainstream, e o mainstream critica o underground principalmente porque um não escutou as músicas do outro. Isso é algo muito importante, emblemático.
Precisa ficar em contato com a música tanto nos gigs e nos eventos, como ouvindo música.
Eu costumo dar o exemplo do surfista, o cara para aprender a surfar tem que estar no mar, quando tem onda boa, quando tem onda ruim, quando o mar tá flat, para melhorar a remada, ou não.
Ele tem que estar no mar e surfando, assim ele vai sempre aprendendo as nuances da coisa.
O novato tem que ficar ouvindo música boa, ruim, seja eletrônica ou não, ele tem que ir nas festas, nos eventos, nos bons e nos ruins.
Não adianta ele só ir na XXXperience e no Dream Valley uma vez por ano e achar que quer aquilo para ele.
A realidade não é só isso, os grandes festivais são poucos e disputados a bofetadas, por isso todo mundo tem que ir em todas as gigs e ver como a coisa funciona de verdade.
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