Entrevista: a pujança de Fernando Moreno nos 20 anos da SmartBiz
Conquistas, desafios, momento atual do mercado e mais
O cenário do entretenimento é um ambiente implacável.
Aqueles que não realizam um trabalho realmente de ponta, com diferenciais criativos e estratégias eficientes que gerem resultados positivos para toda a cadeia envolvida, acabam ficando para trás.
Apostar e colocar seu coração naquilo que faz também é fundamental.
Talvez estes tenham sido alguns pontos de sucesso da SmartBiz, agência de bookings que vem atuando com excelência desde os anos 2000 e hoje possui um casting de DJs respeitável.
Atualmente, a lista completa, em ordem alfabética, inclui:
Anderson Noise, Boss in Drama, Christian Smith (SWE), DJ Mau Mau, Miss Kittin (FR), Fractal Mood, Joyce Muniz, Miss Kittin (FR), Laurent Garnier (FR), Lovefoxxx (CSS DJ set), Marina Dias, Paula Chalup, Renato Cohen, Stephan Bodzin (DE) e Vitalic (FR).
Recentemente organizou ainda tours de nomes como Tiga, Michael Mayer, Rebolledo, e Fango.
Photo: Rebolledo no Caos por Jorge Alexandre
Por trás desta desta empreitada está Fernando Moreno, que celebra os 20 anos de trabalho com a SmartBiz consciente de que até aqui vem realizando um serviço de excelência aos promotores de evento e ao público final.
Abaixo nós falamos com ele sobre passado, presente e futuro - incerto - já que, segundo ele, com a pandemia no planeta, é impossível fazer qualquer previsão no momento:
Fernando! Tudo bem? Obrigado por topar essa entrevista com a Mixmag. Não podemos começar sem perguntar como tem sido esses últimos dias em meio à quarentena. Imaginamos que sua rotina mudou drasticamente…
Fernando Moreno: Olá, tudo ótimo! Obrigado pelo espaço por aqui. Sim, mudou bastante. Embora eu ainda dedique boa parte do meu dia para a agência, como não há eventos em andamento, o trabalho é focado no entendimento do quadro atual e busca de novas possibilidades e oportunidades.
Porém, antes de atravessarmos este panorama atual, a SmartBiz vinha executando um trabalho de ponta que chega a duas décadas. O que motivou o surgimento da agência? O que te fez acreditar que daria certo?
A agência surgiu a partir de um convite do DJ Renato Lopes (hoje baseado na Dinamarca) e tinha como propósito reunir um time de DJs de qualidade, em um mercado ainda em formação, mas que já dava algumas pistas de que iria crescer e se profissionalizar.
Photo: Renato Lopes e Fernando Moreno (idealizadores da Smart Biz)
Entre tropeços e acertos, quais experiências com a SmartBiz que mais te marcaram até aqui e serviram como aprendizado?
Nos primeiros cinco anos abraçamos o mundo: tínhamos a Smartbiz for DJs (agência), SmartBiz Party (núcleo de festas), SmartBiz Café (internet café na Galeria Ouro Fino e no Shopping Villa Lobos), SmartBiz Traxx (selo), Smartbiz Radio (programa de rádio na 97FM) e ainda uma marca de roupas.
Todos esse braços trouxeram aprendizado, muitas alegrias e algumas tristezas.
Photo: Marco Carola tocando no Smart Biz Café
Em meio a tantas turnês organizadas, existe alguma que mais te marcou até hoje? Qual e por quê?
Se for para dizer apenas uma, diria que a primeira tour da Miss Kittin no Brasil - creio que na virada de ano de 2002 para 2003 - foi muito significativa.
Era o ponto alto da cena electroclash no mundo. A Miss Kittin estava no auge da fama e a festa foi organizada por um coletivo de núcleos de festas: Lov.e Club + Ultralounge + X-Demente, além da SmartBiz.
Matéria da Miss Kittin na Folha de São Paulo, 2003
Apesar de um casting mais enxuto - porém poderoso - a SmartBiz atende artistas de diferentes estilos, culturas, jeitos e trejeitos. De que forma o contato com essa diversidade interfere positivamente em você no âmbito pessoal e profissional?
Sempre tivemos foco em música de qualidade.
Embora a gente tenha se especializado em música eletrônica, trabalhamos com diversos estilos nesses anos todos.
Por exemplo, tivemos uma divisão de Hip-Hop (com DJs como KL Jay, Cia e Hum); também representamos nomes como Bonde do Rolê, João Gordo DJ set, fizemos tour de performers, bandas Indies, de Rock, de EBM, como a Front 242, a diversidade é grande...
Anúncio do Front242 na Folha de São Paulo, 2003
Agora, com turnês sendo canceladas e adiadas, quais estratégias a agência tem adotado para manter a marca em movimento e comunicativa com o público?
Ainda estamos procurando os caminhos já que nunca passamos por isso antes.
O momento exige criatividade e uma dose de prudência. No nosso caso, nesta primeira fase, o foco será os 20 anos da agência em paralelo com as ações individuais de cada artista.
É possível planejar os próximos meses da SmartBiz ou o futuro ainda é muito incerto? Como não sair dos trilhos?
Não acho possível fazer alguma previsão.
Os estudos apontam para uma abertura gradativa dos eventos, em consonância com a evolução e controles de cada cidade.
Estamos alertas para não desviar o foco, mas abertos para outras oportunidades.
A última: qual a principal mensagem ou aprendizado que você tira desse momento?
Já temos algum tempo de estrada e já atravessamos algumas crises na empresa antes.
Claro que agora ela tem outra proporção e trouxe mudanças muito significativas, mesmo que algumas delas sejam apenas temporárias.
A situação, obrigatoriamente, nos faz olhar para dentro de nós mesmos e redefinir prioridades.
Vamos superar essa juntos. Obrigado!