Do Brasil à Austrália: entrevistamos LoopBass
Saiba mais sobre a história do DJ baseado na Gold Coast
Na sua biografia, você descreve seu som como “plural e moderno”. O que exatamente isso significa? Quem está na pista pode esperar quais sonoridades?
Minha entrada no universo eletrônico foi através de festas de Psy Trance em Goiânia, cidade onde nasci.
Em 2013 me mudei para o Rio e comecei a frequentar alguns clubs que tocavam mais techno e tech house, como o antigo Cave, em Copacabana.
Hoje construo minhas apresentações principalmente a partir destas duas influências (Psy e Techno).
É um desafio bem interessante, pois antigamente essas duas vertentes atraíam públicos completamente distintos, mas com a popularização da música eletrônica em geral no mundo todo, está cada vez mais comum ver eventos que possuem suas origens no Psy Trance tocando outros estilos e vice-versa.
É partindo dessa nova realidade e da mistura de vertentes na bagagem que descrevo meu som como algo ‘plural e moderno’.
A música está sempre se transformando, assim como seus estilos. Atualmente estou seguindo uma linha mais noturna, bassline groovado, mixagens longas e um toque sombrio.
Gosto de um som dançante, porém, durante alguns momentos, costumo ter uma pegada mais séria.
Por aqui na Austrália já tive a oportunidade de demonstrar meu som em eventos como Our Room, We Love Australia e Elsewhere, todos na Gold Coast, fiz warm up pro Victor Ruiz em Byron Bay e também me apresentei no Impulse Festival, em Brisbane.
Referências são sempre fundamentais na identidade de qualquer artista. Atualmente qual DJ/produtor mais te inspira e por quê?
São principalmente os artistas brasileiros de techno que estão estourando aqui fora.
Nomes como Victor Ruiz, Anna, Alex Stein já são figuras conhecidas nos maiores festivais da Australia e foram eles que me influenciaram no início de carreira.
Sam Paganini, Oliver Huntemann e Dubfire também são presenças garantidas nos meus sets a bastante tempo.
Confesso que nos últimos meses tenho inserido bastante influências do progressive house também, graças ao excelente trabalho de artistas como Stan Kolev e Matan Caspi.
Você atualmente está baseado na Austrália, certo? Quando aconteceu essa mudança e quais foram os principais motivos que influenciaram você a tomar essa decisão?
Meus principais motivos de sair do Brasil foram os mesmo de muita gente que está aqui atualmente.
Estava insatisfeito no emprego e com a situação do Brasil estava entrando.
Eu não sabia até quando iria durar no trabalho, então resolvi antecipar as coisas.
Larguei tudo e vim tentar a vida na Austrália.
O que você pode nos contar a respeito da cena eletrônica de onde você está hoje? Há clubs representativos? Festivais, núcleos, gravadoras… O que te mais interessante acontece por aí? Há predominância de algum gênero específico?
Cena eletrônica aqui é um pouco recente se comparada com o Brasil.
A menos de cinco anos haviam poucos festivais de música eletrônica e a cena underground ainda não era muito conhecida.
Assim que a brasileirada começou a chegar no país a coisa mudou [risos]. Já temos nomes fortes em Sydney como a label Season X e a 43 Degrees Records, comandadas por brasileiros.
Artistas e amigos como Hoten e Manu Neves estão estourando em Sydney e em outras cidades.
Na Gold Coast existem clubs como Elsewhere e Next Level que sempre trazem nomes de respeito na cena.
Os espanhóis da El Primo productions também estão crescendo forte com seus eventos, sem falar da We Love Australia, festa que já virou tradição na região, também dirigida por brasileiros.
Festivais como Bohemian, Rabbits, Earth Frequency, Elements e Rainbow Serpente são rotas certas para turnês de grandes atrações.
Dentro das grandes cidades o tech house e o techno já estão bem consolidados e o psytrance também vem ganhando bastante força com alguns nomes brasileiros que sempre aparecem por aqui, como Fabio Leal e Jacob.
Uma pergunta mais pessoal… na sua opinião, o que um DJ precisa ter para se conectar com pessoas que consomem música de forma distinta? Como você busca atingir diferentes públicos com a sua música?
O DJ precisa estar na pista de dança de festas e festivais, no meio do público, seja na caixa esquerda ou na direita.
Tem que viver o front, pois ali sim ele vai saber como se conectar com o público para quando subir no palco vibrar na mesma frequência.
Isso é o que sempre tento seguir e estou satisfeito com o resultado.
E o que você tem planejado para sua carreira no futuro? Digo, quais ações estão sendo tomadas no presente para que LoopBass torne-se um nome presente na indústria eletrônica?
Já temos muitos planos para próximo ano, mas o que posso adiantar no momento é que a produção musical será o foco em 2020.
Também estou trabalhando para expandir o nome LoopBass para outras cidades e, quem sabe, outros países.
Ainda não tenho a data definida, mas no próximo ano podem esperar uma tour pelo Brasil!
Para finalizar, qual seria o principal conselho para quem está começando ou para aqueles que ainda não encontraram seu espaço? Obrigado pela conversa!
Primeiro defina se é hobby ou profissão, entenda os player do mercado e trate sua carreira como um trabalho sério. Obrigado pelo espaço, Mixmag!
Imagens: Divulgação LoopBass