DJ residente da Music On, LEON lança EP pela Laguna Music e fala sobre este novo trabalho em entrevista exclusiva
Do Music On à Laguna Music: mais de 20 anos redefinindo o House italiano e global
Imagine um artista que cresceu inspirado pelos trabalhos de Danny Tenaglia, Todd Terry e Laurent Garnier... é quase impossível dar errado, concorda? Bem, essas inspirações são as de LEON, DJ e produtor italiano que se consolidou como um dos grandes nomes da cena House de seu país.
Com uma carreira que já soma mais de 20 anos, LEON demonstrou sinais de ser um artista promissor desde muito cedo, isso porque ele foi um dos produtores responsáveis por ditar novos caminhos para o House por volta de 2010, ainda no início da sua trajetória.
Com um approach bem interessante e diferente do que estava sendo feito na época, o DJ italiano chamou a atenção de grandes nomes e conquistou suportes de estrelas como Steve Lawler, Luciano, Carl Cox, Loco Dice, Ricardo Villalobos, Tiefschwarz e Matthias Tanzmann, apenas para citar alguns.
Além disso, conquistou a posição de DJ residente da festa Music On, de de Marco Carola, e assumiu residência também em clubs italianos famosos como Cocoricò e Il Muretto.
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Sua discografia também impressiona. Seus trabalhos já foram estampados em muitas das grandes labels globais de House/Tech House, Cecille, Saved, Viva Music, Moan, Defected, Hot Creations e Crosstown Rebels são algumas delas, além de comandar hoje o seu próprio selo, Futura.
Agora, em um momento especial da carreira, LEON assina um novo trabalho pela Laguna Music, gravadora brasileira que está celebrando 10 anos de história em 2024, parceria que reflete como a label curitibana está cada vez mais com um alcance global de respeito.
O release Pay Cash chegou oficialmente no último dia 20 com três faixas originais super atuais. Entre potência e elegância, o produtor italiano mostrou que consegue ser dinâmico dentro de um mesmo trabalho, sem perder a coesão com a sua identidade.
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Aproveitamos essa conexão para uma entrevista exclusiva com ele:
Q+A: LEON
Olá, Leon. Obrigado por nos receber. Lendo sobre sua trajetória, vimos que você cresceu ouvindo Danny Tenaglia, Todd Terry e Laurent Garnier, nomes que ajudaram a moldar o House em diferentes épocas. Esses caras ainda influenciam o som que você produz hoje?
Olá, é um prazer fazer esta entrevista com vocês. Eu cresci ouvindo Danny, Laurent, Todd, mas também Masters At Work e Mood 2 Swing, fascinado por um som mais americano do que europeu. Com o tempo, também me aproximei do techno de Detroit, que me influenciou em algumas coisas.
Hoje, muitos desses artistas se tornaram meus amigos, o que é incrível, eu nunca teria imaginado isso. Ainda sou um pouco influenciado por eles, porque o estilo e os ensinamentos deles permanecerão na história e são a base do house e do techno.
Seus primeiros lançamentos chegaram em 2009, certo? Nesse mesmo ano, você já estampou selos de prestígio como VIVa Music, Rebirth e a Cecille. Você consegue resgatar na memória qual era o seu pensamento na época para conseguir alcançar esses labels tão cedo?
2009 foi um ano incrível. Estive em algumas das gravadoras mais importantes e até alcancei o número 1 nos charts. Também me lembro da Cocoon. Foi um período em que eu estava cansado da vida que levava. Eu trabalhava com meu pai, e era um trabalho muito difícil.
Quando eu voltava para casa após o trabalho, sempre ia para o estúdio fazer música, e algumas faixas surgiam em 2 ou 3 horas de trabalho porque eu estava com um sentimento de raiva e queria ser DJ/produtor, viajar pelo mundo e começar a me tornar conhecido. Então, sim, tenacidade, consistência e essa raiva foram fundamentais para eu conseguir lançar músicas nessas gravadoras.
Mixmag BR: Ao longo dos anos, você explorou várias facetas do House e incorporou novas influências no seu trabalho. Como você descreveria a evolução do seu som até então?
Essa é uma boa pergunta. Comecei a comprar meus primeiros vinis em 1995, então estou ouvindo música e sendo DJ há quase 30 anos. Depois, comecei a produzir em 2007, e sou uma pessoa que faz muita pesquisa musical, especialmente para os meus sets, porque nasci como DJ.
Não me vejo como produtor, faço faixas porque gosto. Talvez por isso minhas produções, assim como meus sets, sejam muito ecléticos. Sou influenciado por muitos gêneros e não consigo fazer apenas um. Minha produção reflete meu jeito de ser DJ. Gosto de tocar de tudo e surpreender as pessoas.
Acreditamos que tem sido cada vez mais difícil apresentar um trabalho original e realmente fresh nos dias atuais. Na sua visão, o que é preciso para não cair na mesmice e se diferenciar de tantos produtores que existem no mercado hoje?
Hoje tudo é difícil. Tudo mudou e é tudo muito rápido. Tendências nascem e desaparecem rapidamente, e é difícil ter uma fórmula mágica para ser original. Na minha opinião, você precisa entender o que realmente gosta, o que mais te emociona, e seguir seu gosto.
Depois, com técnica, você tenta fazer o que gosta da melhor maneira possível. A qualidade sempre traz retorno. Ter uma grande cultura musical também ajuda muito, porque o passado sempre volta. Você só precisa aproveitar o momento e reinventá-lo da melhor forma.
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Bem, já que estamos falando de coisas atuais, vamos falar também do seu novo release pela Laguna Music. É a primeira vez que você lança por uma label brasileira? Como aconteceu essa conexão com a label?
Sim, é a primeira vez que lanço por uma gravadora brasileira, estou empolgado. O Brasil é um país tão bonito, tão grande, tão colorido. Eu amo.
Me aproximei da Laguna porque gostei de alguns lançamentos anteriores que toquei. Gosto da identidade visual deles e das festas. Espero tocar lá um dia. Os caras são muito legais.
E o que você acompanha da nossa cena? Você tem alguma memória especial de quando visitou o nosso país?
Toco na América do Sul há muitos anos. No geral, gosto muito da cena. O Brasil é incrível. Tem cultura, as pessoas acompanham a música e há clubes incríveis como Warung, D-EDGE, Club Vibe, Surreal Park e muitos outros. O público é sempre muito forte, eles sabem como fazer festa.
Agora falando especificamente sobre Pay Cash. Cada track possui uma vibe diferente, não é? ‘Pay Cash’ é mais séria e groovada, enquanto ‘Festival’ é mais elegante, e ‘Jacky’s Loop’ é mais linear. Pode nos falar um pouco sobre a ideia por trás deste EP?
Sim, claro. Pay Cash tem um som mais “trendy”, muito mais do Norte da Europa, com referências a Londres e Amsterdã. Ela nasceu porque eu queria me aproximar desse tipo de som. Festival e Jackie’s Loop são parecidas.
Festival é definitivamente mais para grandes pistas de dança, me faz pensar na cena de Ibiza, e foi isso que me inspirou. Já Jackie’s representa um pouco o meu lado mais obscuro, mais profundo.
E quais são as próximas novidades? O que já está planejado para o início de 2025? Algo que você esteja ansioso em compartilhar? Obrigado!
Para 2025, tenho planejados alguns lançamentos importantes na Pitch Rec e na Three Six Zero. Depois, haverá o relançamento da minha gravadora, Futura, que será apenas em vinil, e o primeiro lançamento será meu, junto com artistas como Reflex Blue e Boss Priester. E, com certeza, estarei em turnê pelo mundo.
Instagram: LEON
Imagens: Divulgação