Entrevista: Digitaria
Sucesso internacional made in Brazil
D.A: Como é ser mulher num meio quase que totalmente masculino? Rola muito machismo?
D.C: Ser mulher nesse meio pode trazer alguns dissabores e existe machismo sim.
Por fazer dupla com um homem, 95% das pessoas pensam que ele que está encarregado da maior parte do trabalho, quando na verdade tudo é muito bem distribuído entre os dois.
Uma vez o Daniel esteve doente e eu fui discotecar sozinha. A primeira coisa que o promoter me perguntou foi se eu precisava de um DJ de apoio, para fazer as mixagens pra mim...
Creio ser muito mais difícil para uma mulher passar credibilidade, e quando você vai muito bem em uma apresentação sempre tem aqueles que se impressionam porque "é uma mina tocando..."
D.A: Cite algumas pessoas, selos, produtores que foram importantes na sua carreira.
Comecei a apreciar dance music no fim dos anos 90 com aquela onda Big Beat que estourou com o Prodigy, Chemical Brothers...
Não era uma grande entusiasta, mas essas coisas eram tão grandes que chegavam naturalmente em mim, e eu adorava.
Paralelamente eu era louca por Grunge e rock dos anos 70, e tocava guitarra em bandas de rock da escola.
Meus idolos eram o Kurt Cobain, David Bowie, Hendrix e por aí vai...
Entrando nos anos 2000 comecei a frequentar os clubs da minha cidade - Belo Horizonte - e foi onde o electroclash entrou com tudo na minha vida.
Não se tratava só da música, eu era muito jovem e me apeguei àquilo como uma filosofia de vida. O divisor de águas foi quando escutei pela primeira vez "Frank Sinatra" da Miss Kittin & The Hacker.
Estava louca pelo label "Gigolo Records" e o destino quis que alguns anos depois o primeiro lançamento da minha carreira fosse com eles.