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Talkbox caminha para completar a segunda década de carreira em ótima forma

Confira entrevista exclusiva com o DJ e produtor Ricardo Gomes

Marllon Gauche
12 August 2020

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Desde o release de Old But Gold, você tem mantido um ótimo ritmo de novas produções. Como você se divide entre o estúdio e as pistas? Tem um ambiente favorito ou você se sente bem em ambos?

Ocorreu um tempo que já recusei algumas gigs para focar em novo material e por justamente estar em uma fase de transição sonora, onde gostaria de afinar meu estilo para poder mostrar para o público uma identidade única.

Hoje em dia não tenho preferência de local, me sinto muito bem nas festas tocando e mostrando toda minha visão na música e também me sinto mega confortável com meu ritmo em estúdio colocando em prática algumas ideias espontâneas, até mesmo nos dias difíceis sem inspiração.

Em 2018, você lançou B.S.O.D., primeiro álbum de sua carreira. Sabemos que a construção de um LP é mais desafiadora que a de um EP e queremos saber: como foi o processo de produção dessa obra pra você?

Foram 2 de foco nesse trabalho, começou em 2016 com a ideia de um EP de 2 faixas, Apex e Contemplate, vi que se conectaram muito bem. Em seguida, surgiu a Point of Return e Solitude e logo vi que isso tinha potencial de se tornar algo maior.

Finalizei outras faixas, mantive o ritmo e surgiu a ideia de um álbum.

Porém, ainda sentia que faltava algo e então convidei o vocalista russo GOSHA que é um grande músico e amigo que gravou uma letra e assim surgiu a faixa Alter ego que ganhou duas versões.

Com tudo finalizado mostrei a demo do álbum para Rafael Yapudjian que de imediato já aceitou e lançou em sua gravadora, A Casa Records.

Dentro de todos os meus trabalhos até então, creio que esse foi o mais detalhado e talvez até o mais importante, envolveu bastante sentimento, pois todo seu processo de criação levou dois anos e ocorreu em fases bem diferentes da minha vida, transparecendo bastante isso em algumas faixas.

O remix de Reelin’ para Ernesto chegou ao top 100 da Beatport, uma grande conquista para qualquer produtor. O que mais você vislumbra pela frente como um objetivo na carreira?

Emplacar o Top100 sempre foi um sonho, não apenas por estar lá, mas por saber que minha música está sendo consumida, tocada e visualizada mundo afora por DJs sejam eles famosos ou não.

Números são apenas estatísticas, mas isso me deu bastante base e confiança para seguir outros trabalhos que também conseguiram boa visibilidade.

Pela frente sigo com o mesmo ideal, fazer minha música ser tocada e alcançar o máximo de pessoas que compartilham da minha visão e quem sabe com o bônus de novamente chegar no ranking.

Peace & Tension, seu mais recente lançamento, dialoga muito bem com o Deep House, mas traz uma levada bem melódica, hipnótica e até introspectiva. Essa é uma estética que você tem explorado mais ultimamente?

Eu sempre achei interessante misturar os influências e sentimentos.

Nessa música não foi diferente, quis em algumas partes deixar claro a diferença entre a paz e a perturbação emocional, usei timbres específicos que conectam e também passam esse misto de sentimentos, o vocal, que pra mim foi um dos pontos fortes e feito exclusivamente para essa música, também tem uma comunicação bem bacana com o ouvinte.

Sempre flertei com o introspectivo, mas tenho também meu outro lado mais clássico para um estilo de som mais segmentado.

Além de tudo o que falamos e mesmo com o futuro bastante incerto, quais são seus planos para os próximos meses?

Mesmo sem gigs e com o mundo parado, estou aproveitando esse tempo para me atualizar em todos os aspectos.

Tirando da gaveta muitas músicas que estavam atrasadas, pesquisando, revendo minhas playlists, sem contar em mais estudos na área da produção musical.

É difícil falar em planos pois não sabemos quando tudo isso irá acabar, mas afirmo que estou trabalhando muito mais do que esses últimos anos acreditando que minha música possa ser muito mais ouvida e consumida mundo afora.