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Shubostar: Cosmic Disco produzido na Coréia do Sul direto para a cena da música eletrônica underground internacional

Shubostar, nome por trás da UJU Records, artista produz techno a partir de elementos disco e sons interestelares

  • Words: Rocío Flores | Photos: Zohar Shitrit
  • 22 March 2023

Artista da Coreia do Sul, Shubostar aprendeu a comandar com maestria a poderosa onda de uma cena underground em constante evolução. Sua paixão por sons e melodias elétricas é integrada por uma chuva acelerada de meteoros sonoros que dispararam em alta velocidade em terrenos comandados por seu estilo “Cosmic Disco”, que foi construído com base na Italo Disco e ampla variedade de elementos techno. Baixos pesados e baterias retrô trazem à tona sons contemporâneos estelares da música eletrônica.

Em setembro de 2018, Shubostar pegou o touro pelos chifres ao lançar a UJU em parceria com a artista Daryung Kim, plataforma criada para lançar os próprios singles e artistas que ela admira. No meio do ano passado, Shubostar nos presenteou com o “Orbit Drive-In EP”, que saiu pela “Permanent Vacation”, um lançamento de quatro faixas cósmicas que elevam a consciência das pessoas em direção a galáxias coloridas e surreais, onde a melodia de seus sintetizadores e toques disco nos guiam a uma maratona na pista.

“Circoloco DC10”, “Mayan Warrior” (Burning Man), “EDC México”, “Zamna Festival”, “Robert Johnson”, “Lux Fragil”, “Phonox” e “fabric” em Londres são alguns dos magníficos espaços onde seu estilo galáctico já foi apreciado pelo público. Agora chega de papo e confiram uma exclusiva entrevista com Shubostar.

Oi, Shubo, estamos felizes em recebê-la na capa da Mixmag Brasil. Como foi 2022 tanto no pessoal como no profissional?

Olá a todos e obrigado por me receberem, é uma honra ser a nova artista de capa! 2022 foi o meu ano mais incrível até hoje. Viajei para 23 países, visitando um total de 52 cidades, fiz muitos amigos novos, comi comida deliciosa de todo o mundo e bebi muitas coisas boas.

Lancei dois EPs em gravadoras como Permanent Vacation e minha própria UJU Records, além de participar de 5 compilações com faixas originais, vários remixes e sets para nomes como HOR, BBC Radio1 e Keinemusik, para citar apenas alguns. Foi além de qualquer expectativa!!

Mal posso esperar para mostrar as músicas que estão a caminho e tocar em cidades novas em 2023. <3

Ásia, Oriente Médio, Europa e México são alguns dos lugares que você visitou. Você arriscaria dizer que toda essa riqueza cultural inspira você em suas próximas produções?

Absolutamente! Na minha opinião, a arte é o resultado de experiências de vida. Isso significa que você precisa de entrada para ter saída. Você pode ter vários tipos de entradas, como ler um livro, assistir a um filme, encontrar amigos e assim por diante.

Minha maior entrada é e sempre será viajar! Ver novas cidades, experimentar comida local, conhecer pessoas locais... me faz sentir que estou viva! Fazer música é para mim viver meu presente como fazer yoga ou meditação. Viajar me treina a viver meu presente, e isso me dá muita energia para fazer música!

Antes de ser convidada para tocar em todos esses shows, você mesma curtia raves? Pode compartilhar uma aventura de quando você ia na balada na Coreia, Tailândia ou no México?

Comecei a ir à festas aos 23 anos. Eu sei, é bastante tarde, mas tudo depois aconteceu muito rápido. Levei apenas um ano para ir de baladeira para me tornar um DJ... foi amor à primeira vista! Posso afirmar claramente que minha experiência com festas aconteceu mais como DJ do que como clubber, mesmo que de vez em quando ainda goste de ir para o outro lado e dançar junto com a multidão. :)

Quero compartilhar com vocês a história da minha primeira rave na Coreia: eu era uma espécie de adolescente punk. Quando estava no ensino médio, costumava ouvir indie punk coreano. Um dia, fui a um festival de rock que foi organizado em uma piscina pública muito grande... e a pista de dança era uma piscina meio cheia! Eu estava usando jeans e realmente não estava preparada para isso, mas meus amigos e eu continuamos dançando por 4/5 horas sem parar com o corpo molhado. Foi o momento em que senti pela primeira vez na vida a palavra “liberdade” por todo o meu corpo!

Como apresentaria seu estilo cósmico para os que ainda não conhecem sua música?

Ahhh, ótima pergunta! Basicamente, é uma mistura de disco com alguns elementos mais techno. Os anos 80 são minha maior inspiração, com linhas de baixo marcantes que você também pode encontrar na Italo disco e os tipos de caixas clássicas dos anos 80, só com alguns elementos techno/cósmicos por cima!

Ainda assim, o Cosmic Disco em si tem uma história: o gênero nasceu com a lenda italiana Daniele Baldelli, que inventou a música cosmic/afro. A próxima onda veio do norte, da Noruega, onde artistas como Todd Terje, Lindstrøm e Prins Thomas levaram esse estilo a um novo patamar.

Você também pode encontrar uma onda diferente chamada Space Disco, surgida na Europa em meados dos 1970, caracterizada por camadas de sintetizadores oscilante, efeitos sonoros orientados para o espaço (armas a laser, naves espaciais, etc.) e um som geral futurista. Todos esses gêneros e seus antecedentes misturados fizeram com que eu chamasse o que toco de Cosmic Disco: eu me inspirei um pouco em cada um deles e fiz com que se tornassem meu som característico, com um pequeno toque pessoal influenciado também pelos sons de videogames e minhas raízes!

No passado, era comum ter novos gêneros inventados, mas hoje em dia é a era em que os DJs tocam vários gêneros para criar sua própria “mistura” de som. Eu mesmo toco vários gêneros, mas todos eles têm o tema comum de um toque “Cósmico”. Portanto, não apenas minhas produções, mas também minhas mixagens podem ser chamadas de Cosmic Disco!

“Viajar me ensina a viver o presente e me dá muita energia para fazer música”

Como os sons interestelares da Italo disco chegaram até você?

Depois que aprendi a tocar música, ouvia todos os tipos de música por pelo menos 10 horas por dia. Em comparação com outros países europeus, as gerações jovens coreanas não estão realmente familiarizadas com todos os sucessos da música disco mundial... Eu tive que me atualizar dia a dia com eles!

Encontrei o álbum nu-disco da Hedkandi e, naquele exato momento, percebi que meu coração se inclina mais para a música melódica do que para a música repetitiva. Quando ouvi sons melódicos de sintetizador pela primeira vez, senti como se pudesse ver a cor de cada sintetizador. A consequência natural, é claro, foi me apaixonar pela Italo disco. A linha de baixo que você pode encontrar nela sempre me inspirou como o som do motor de uma nave espacial!

Quem foram suas primeiras referências na Coreia?

Minhas primeiras referências musicais na Coreia foram definitivamente Crying Nut, Lazybone, Byul.org, Lucidfall e Misoni!

Crying Nut e Lazybone são bandas de Indie/Punk Rock coreanas. Foram meu primeiro amor... O primeiro CD que comprei na vida com minhas economias foi o primeiro álbum do Crying Nut! Byul.org, Lucidfall e Misoni também são bandas de Indie, mas orientadas para o folk e ambient. Música emotiva! Ambos os lados descrevem bem as influências musicais da minha juventude, com roupas punk para uma garota selvagem e emotiva :)

Você imaginava que sua música teria o alcance e apoio que você tem atualmente de artistas conhecidos e novos públicos?

Para ser honesta, eu nunca sequer sonhei em fazer turnês mundiais, ver artistas renomados apoiando minha música ou tocar em clubs e festivais famosos pelo planeta... tudo foi tão natural que ainda preciso entender isso! Eu sempre quis ser eu mesma: fazer o que quero, viver onde quero, trabalhar apenas quando quero.

Algumas pessoas me perguntam se tenho um club ou festival dos sonhos onde gostaria de tocar, não consigo responder porque nem mesmo pensei nisso! Meu maior desejo é criar boa música e melhorar minhas habilidades em estúdio, tudo o mais virá passo a passo, como sempre foi.

Quando nos conhecemos na Cidade do México, você mencionou que costumava produzir música para videogames e que o ‘anime’ desempenhou papel crucial em sua vida. Quão importante isso foi para você em relação à versatilidade em suas produções atuais? Especialmente na história por trás da faixa ‘Spiegel’.

Eu me formei em uma escola secundária especial chamada “Korean Animation High School”, onde minha especialidade era programação de jogos de computador. Lá eu aprendi a fazer jogos de computador! Um dia percebi que a programação de computadores não era meu caminho nem minha paixão, então tive que encontrar um caminho diferente para me formar: decidi mudar minha especialidade para a criação de música de videogames. Visitei um professor responsável pelas trilhas sonoras de filmes e ele me deu o Cakewalk 3.0, um programa de música que tinha apenas um som por instrumento. Ele me ensinou como usar o programa e comecei a fazer melodias midi com ele.

Não foi difícil para mim, pois eu costumava tocar guitarra e piano, e foi assim que comecei a produzir música! Como minha especialidade era programação de jogos de computador, costumava jogar muitos jogos de computador. Eu costumava passar mais tempo na vida virtual do que na vida real. A música de fundo estava sempre em meus ouvidos e eu me sentia muito confortável ouvindo-a. Acredito que amo esses tipos de sons também por causa disso!

Fiz ‘Spiegel’ durante o primeiro lockdown da pandemia. Ficar na casa dos meus pais sem sair me levou de volta à minha juventude: a garotinha jogando jogos de computador o dia todo sozinha em casa, muito sensível e frágil. É por isso que ‘Spiegel’ tem um som cinematográfico e parece que saiu direto de um videogame!

Que tipo de música você teria produzido naquela época se tivesse o conhecimento técnico que possui hoje?

Às vezes eu escuto as músicas que fiz no início da minha carreira: muito cruas, inacabadas, mixagem ruim... mas todas elas são muito preciosas para mim. Eu amo cada momento da minha carreira de produtora, mesmo que nos estágios iniciais soasse muito áspero. Cada passo do meu caminho me levou até aqui, então é por isso que amo cada música que fiz. Concluindo, eu não acho que mudaria algo ou voltaria a fazer algo diferente!

“Quando ouvi sons de um synth melódico pela primeira vez, senti como se pudesse ver a cor de cada sintetizador”

Você também é chefe de um selo, a ‘UJU’ Records se tornou algo significativo para você e para todos os artistas que lançaram sua arte lá. O que pode nos contar sobre seu começo e o que podemos esperar no futuro?

Eu me mudei para o México e comecei a trabalhar muito duro para produzir minha própria música, dizendo a mim mesma “se eu não puder produzir algo bom desta vez, devo desistir da música”. Felizmente, algo bom saiu e ainda estou aqui :)

Meu objetivo era produzir uma faixa por dia e finalmente comecei a criar meu próprio estilo. Finalmente, fiz várias demos que realmente gostei e as enviei para muitos selos, mas 90% deles não responderam e os outros 10% disseram que poderiam lançar minha música em 1/2 anos. Eu absolutamente não queria esperar tanto tempo!

Um amigo então me perguntou “por que você não abre seu próprio selo?!” e eu concordei totalmente! Foi nesse momento que decidi começar meu próprio selo chamado “UJU”, que significa espaço ou cósmico em coreano. O mesmo amigo que me deu essa sugestão brilhante fez um logo para mim e depois pedi a um amigo pintor coreano que fizesse as artes para o selo.

O próximo grande projeto da UJU inclui a primeira compilação do selo, onde planejo convidar para colaborar todos os artistas que influenciaram a mim e a meu estilo!

Depois do sucesso de “Jigsaw” na Permanent Vacation, você lançou o EP “Orbit Drive-In”. O que aconteceu em sua mente e corpo no processo? Como isso influencia sua abordagem à criatividade e inovação?

O título “Spiegel” vem do personagem principal da minha animação japonesa favorita, “Cowboy Bebop”, chamado Spike Spiegel. Depois de terminar essa faixa, eu queria fazer mais faixas relacionadas às minhas animações japonesas favoritas.

Quando eu estava no ensino médio, eu costumava passar mais tempo com a mídia japonesa do que a coreana: animações japonesas, programas de TV, música, filmes. Portanto, essa é parte das minhas raízes!

Orbit Drive-In é uma estação espacial que você pode encontrar em Cowboy Bebop. A forte linha de baixo me deu a ideia de usar esse nome. A voz de “Nekono Uta” é retirada do anime “Escaflowne”. Há uma música “Nekono Kimochi (sentimento de gato)” por um personagem de gato-mulher e eu amei! A tradução de “Nekono Uta” significa exatamente Canção do Gato.

“Tiempo y Lugar” também está relacionado à minha juventude. Eu costumava tocar teclado em uma banda de rock e, para me reconectar com isso, eu queria fazer algumas faixas com uma atitude de rock, não estritamente eletrônica. Neste momento da minha jornada, conheci o talentoso cantor Galera em Madrid durante minha turnê e adorei sua voz única... pedir a ele para participar desta faixa foi consequência natural!

O que você pode nos dizer sobre sua conexão musical com Jennifer Cardini e sobre como ela empodera você?

A primeira conexão que tive com Jennifer foi através de um remix que fiz para “Ghost Of Arms”, o segundo single do ótimo álbum do Curses na Dischi Autunno. Jennifer me convidou para participar do seu programa na Aire Libre para o Dia Internacional da Mulher no ano passado. Nós nunca nos conhecemos pessoalmente (ainda!), eu só a vi tocar duas vezes antes de entrarmos em contato, uma vez no ADE e outra no Berghain, mas tenho certeza de que nos encontraremos em breve.

Eu a admiro muito porque ela apoia muitas artistas femininas e precisamos de mais disso em nossa cena. Também estamos planejando fazer algo em breve em seus selos, então fique de olho!

Você acha que as mulheres tem ganhado mais visibilidade e aceitação em gêneros como indie dance, dark disco e Italo?

Nós sempre fomos ótimas, é que as pessoas começaram a prestar atenção nas artistas femininas nos últimos anos. Eu também devo dizer o seguinte: uma das razões pelas quais podemos ver mais artistas femininas atualmente é porque os direitos das mulheres foram melhorados por vários movimentos e protestos, tornando um pouco mais fácil para as mulheres enfrentar novos desafios em comparação com antes.

Ainda vejo muitas amigas mulheres com medo de experimentar algo novo ... Entendo alguns de seus medos porque tivemos que cuidar de tantas coisas quando crescemos em comparação com os homens, o que nos levou a tomar mais cuidado com tudo.

É por isso que quando vejo amigas hesitando em fazer algo, sempre as encorajo e digo “você consegue!”. O mundo mudou, agora é mais fácil para as mulheres do que antes, mas ainda temos muitas montanhas altas para subir ... o caminho está longe de ser concluído!

“Sempre fomos ótimas, é que as pessoas recentemente começaram a prestar mais atenção em artistas mulheres.”

Como seu trabalho e criatividade se relacionam com o mundo? O que gostaria de melhorar na cena por meio de sua arte?

Para mim, ser DJ é canalizar. Cada DJ tem sua própria frequência e se a multidão tiver uma frequência semelhante, eles vibram com a música. É um pouco como encontrar o canal certo no rádio. Nós passamos pelos canais e, quando algumas músicas chamam nossa atenção, ficamos. Tento captar a multidão com músicas empolgantes e poderosas e, quando as pessoas começam a me seguir, mostro o que queria mostrar. Meu objetivo é espalhar uma energia brilhante e de alta frequência para as pessoas!

Recentemente, você lançou a poderosa faixa ‘Thunderer’. O que pode nos dizer sobre sua composição e os tons obscuros em que ela vive? Como você costuma mergulhar na escuridão para criar melodias?

Depois de entrar no projeto “Next Wave Acid Punx” de Curses com minha faixa AYA via Eskimo Recordings, comecei a ouvir Front 242 de novo. Tirei muitas ideias das músicas deles. Foi assim que mergulhei nessa faixa - com uma vibe club new beat e linha de melodia dark, baterias mais fortes e ácidos efeitos sonoros. Criar faixas diferentes dos meus sons típicos sempre renova minha criação e eu realmente gosto disso!

O que você pode contar sobre o próximo EP Live at Robert Johnson? Do que se trata?

Tive a oportunidade de tocar no Robert Johnson há alguns meses e foi um show memorável, para dizer o mínimo. As três horas que passei no palco me fizeram sentir como se estivesse em um filme... a energia da multidão era algo especial. Entendi imediatamente por que as pessoas dizem que este club é lendário e como trabalharam duro para criar tal atmosfera. Por isso, significa muito para mim lançar um EP no selo de um club tão importante!

A primeira faixa que fiz foi Éternité. Eu queria criar uma faixa com uma vibe francesa sexy e sombria. Durante a turnê na Europa alguns anos atrás, conheci Alexandra em Frankfurt, e ela me enviou seu poema. Sua voz era única e as letras eram bonitas. Era perfeitamente adequado para a minha faixa.

Queen Millennia veio depois - o nome vem (de novo!) de uma famosa animação japonesa sequência de Galaxy Express 999. Para ser honesta, não consegui assistir todos os episódios porque é uma série enorme. A melodia triste do synth me lembrou o personagem principal Promethium, então nomeei essa faixa em sua homenagem.

Siestar veio a seguir - o título original era “Gospel”, pois o pad usado nela soa como se fosse um cantor gospel. Eu queria fazer uma faixa rápida, dançante e brilhante, e o resultado foi melhor do que o esperado! Espero que você goste pelo menos metade do quanto eu amo.

Por último, mas não menos importante, nasceu “Dolphin Dream” - faixa-título. Quando a faixa estava quase pronta, eu senti que faltava algo. Um dos pads que usei nela tinha o nome de “Dolphin Dream” e me lembrou de um trio de DJs da Cidade do México chamado Magic Dolphin Club, que são amigos meus. Eles sempre usam sons de golfinhos nos sets, então fiz o mesmo, adicionando sons de gaivotas. Gosto de pensar que esta faixa é dedicada a eles, com belos sons da natureza nela!

“Meu objetivo é espalhar energia vibrante de alta frequência para as pessoas.”

Além deste EP, você tem alguns remixes chegando; o que mais gosta nos remixes? Mencionamos isso porque no ano passado você lançou bons remixes como: ‘Frei Sich’ de Oberst & Buchner, ‘Italominati’ de Romain FX, ‘Feeling Electric’ e, claro, sua fantástica colaboração com Biesman na faixa ‘Across the Universe’ lançada pela Watergate Records. Como foi para você trabalhar em todos esses remixes? Qual foi o favorito ou o mais desafiador de fazer?

Quando você faz uma original, trabalha nela de 0 a 100, mas com remixes na maioria das vezes, já temos algumas ideias vindas da música original. Como às vezes não é meu som típico, ideias realmente loucas podem surgir e é muito divertido. É por isso que eu amo fazer remixes!

O mais desafiador foi definitivamente o remix de “Italominati”. Eu estava enfrentando meu primeiro inverno cinzento e frio em Berlim naquele momento. Também foi o início da segunda onda da pandemia, então muitos shows foram cancelados, o que me levou a ficar em casa. Naquele momento, eu não percebi, mas estava sofrendo de uma profunda melancolia. Eu não tinha inspiração e nenhuma energia.

Minha turnê no México estava planejada para janeiro, então eu tinha que terminar antes de sair, de qualquer forma. Me forcei a trabalhar, mas não estava feliz com o resultado. De repente, um amigo visitou minha casa, viu meu projeto aberto no laptop e tentou adicionar um elemento.

A partir dessa pequena dica, finalmente consegui terminar meu projeto e ele se tornou meu remix favorito!

Não é um remix, mas vamos falar sobre a faixa colaborativa com Biesman - trabalhar com Joris foi muito fácil e rápido e, claro, divertido! Eu trouxe um arp e ele fez uma linha de baixo que se encaixou imediatamente. Estávamos tocando sem falar e encontramos algumas camadas naturalmente. Depois de uma curta pausa para um lanche, quase terminamos a faixa. Foi muito inspirador trabalhar com ele. Tudo aconteceu muito rápido e naturalmente!

Qual é o papel da busca por música em seu trabalho como DJ e produtora?

Quando sinto falta de ideias para produzir música, ao invés de descansar, eu busco novas músicas. Alguma linha de baixo, melodia ou arpejo sempre acaba me inspirando. Começa com a tentativa de replicar aquele som, mas é claro que o resultado acaba sendo muito diferente e traz algo totalmente novo e original, o que é sempre o melhor.

Especialmente quando se trata de discotecagem, a busca é tudo. Eu tento seguir toda a linha do tempo do meu SoundCloud. Por isso, às vezes leva muito tempo para checar tudo quando volto das minhas turnês. Eu não busco apenas para tocar músicas em meus shows, eu faço isso também para vários gêneros como ambient, música antiga e assim por diante. Foi assim que comecei minha série de mixes chamada “Cosmic Voyage”. É minha paixão pura. Quando estou cansada de ouvir músicas de clubs, quando me sinto solitária ou melancólica, achar novas músicas para gravar um novo mix de Cosmic Voyage me cura e acalma minha alma.

Algum plano de lançar um álbum completo?

Tudo no seu tempo! Claro, está na minha lista. Mas primeiro, quero estabilizar na vida. Sempre estive em cidades diferentes, mudando de apartamento e cidade com muita frequência. Quero encontrar uma casa e me estabilizar para construir meu estúdio primeiro. Quando eu tiver meu set-up pronto, trabalharei num álbum completo com uma variedade de estilos, com certeza!

Para concluir, qual a primeira coisa que vem à mente quando falam sobre a América Latina? E o que há de mais coreano em você?

Arroz com feijão? Ahahah brincadeira! Bela natureza, comida deliciosa, pessoas muito gentis e amigáveis, língua espanhola. Eu só estive no México, Guatemala e Colômbia até agora, mas sempre quis descobrir outros países... O Brasil é o próximo da lista, é claro!

O traço mais coreano em mim é que sou muito educada talvez. Em nossa cultura, respeitamos uns aos outros até demais, então às vezes perdemos nós mesmos para cuidar de outros. Entre os coreanos, tudo bem porque podemos ver e reconhecer isso sem nem mesmo falar. Para estrangeiros, porém, às vezes é difícil reconhecer isso. Lembre-se, quando você ver seus amigos coreanos e achar que eles estão sendo muito gentis, pense duas vezes e tente entender se eles estão apenas tentando ser educados!

Obrigado por me receber, Mixmag Brasil! Mal posso esperar para visitar mais países na América do Sul, tocar música e dançar com vocês!

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Cover Photos: Zohar Shitrit

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