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Nezello 10 anos: um artista com muitas histórias para contar

Na região Sul do país, um nome vem ganhando território e muitos novos fãs e admiradores de seu trabalho

  • Marllon Gauche
  • 5 June 2020

Higor Nezello já pode colocar no currículo que possui uma década de serviço prestado à indústria da música eletrônica, tempo que o fez amadurecer e que o faz hoje colher algumas das conquistas mais significativas da carreira - inclusive gravou ontem um live set especialmente para o Warung Beach Club.

Pela influência que ele possui atualmente (principalmente no estado de Santa Catarina) e por todos os movimentos que ele já foi responsável em executar em prol do desenvolvimento da cena, nós entramos em contato com ele e resgatamos alguns momentos que provam que ele é merecedor do seu reconhecimento até aqui.

Mixmag: acreditamos que uma parte fundamental na trajetória de todo artista iniciante são as residência exercidas em festas e clubs. Pra você imaginamos que elas tenham sido super importantes...

Nezello: Sim, foram um dos principais pilares na minhas carreira. Logo no começo tive no Container, em Joinville; de lá entrei para o Sonnora Club, em Lages, que abriu um leque enorme para o mercado; na sequência fui residente no Field Club em Papanduva.

Todas essas marcas faziam um belíssimo trabalho e isso refletiu em mim, foi de onde a base de fãs do Nezello começou a chegar. As pessoas de Balneário Camboriú (minha atual cidade) começaram a dar valor pro meu trabalho quando passei a ser reconhecido fora daqui.

Além disso, o som de cada lugar foi uma base muito importante no molde musical, consegui tanto absorver coisas novas como apresentar a minha própria cultura, levando aos clubs onde fui residente a minha história e a música que eu acreditava.

E nessa estrada de residências teve um acidente, literalmente. Você acabou não desistindo de tocar mesmo depois de minutos antes ter batido o carro… como foi isso?

Foi na época do Carnaval, peguei a caminhonete que meu pai tinha recém comprado, não tinha nem seguro ainda. A gig era em Papanduva, fui com uns amigos pra lá, eu dividiria a pista com Dashdot, Chemical Surf e residentes do club.

Quando estava chegando perto do estacionamento do club, já era noite e eu me perdi numa curva, bati numa árvore de eucalipto gigantesca, todos ficamos bem, mas era fumaça e airbags pra todo lado. Em resumo, deu perda total no carro e o club nem estava aberto ainda.

Nisso eu já estava pensando em desistir da festa, mas um amigo que estava comigo (e está até hoje, Maicon Pelissaro) falou: ‘Ou você toca ou você toca, não tem escolha. Se você desistir o prejuízo no futuro vai ser muito maior’.

Então eu fui. Mão sangrando, marca de cinto no pescoço, mixava só com uma mão, a outra ficava no gelo e eu ia intercalando [risos], foi o set inteiro dessa forma.

Mas no fim foi uma tragédia que ainda deu tudo certo. Mais engraçado foi o público inteiro do club após eu ir caminhar na pista me perguntando se estava tudo bem comigo por conta do acidente. [mais risos]

Estar na hora certa e no lugar certo também é importante, concorda?

Concordo e muito!

Inclusive teve um dia em que eu tocava no Terraza de Floripa, eu tocava 1 hora da manhã. Toquei, mas aí avisaram que o DJ das 6h tinha faltado e eu fui o escalado para substituí-lo.

Resultado: toque mais umas 4 horas, até quase 10 da manhã, depois de mim ainda tiveram outros DJs, ou seja, todos eles ficaram ali vendo minha apresentação. A casa estava lotada, era um festival, tinha muita gente na pista.

Eu achava que nem tinha bagagem pra comandar uma pista daquelas, mas vi que quando fui colocado a prova consegui me superar, e aquilo me reacendeu.

Depois dessa experiência sempre quis ir atrás de mais conhecimento, mais estudo. Foi algo realmente muito especial…

Outro ponto de virada foi a festa de 2 anos do coletivo Seas, que você mesmo é idealizador. Por que esse evento foi tão especial?

Foi um dos maiores marcos da minha carreira, mesmo sem eu estar presente em boa parte da produção do evento até minha chegada no país. Nessa época eu tava estudando e tocando na Austrália - outra experiência muito marcante pra mim.

A questão é que eu tive que ajudar a projetar a festa de lá, e até então seria nossa maior e mais importante edição. De um evento que só acontecia em clubs passou a ser em um local próprio no formato de festival, com quatro pistas e quase três mil pessoas… foi um absurdo.

Nesse momento eu percebi que eu podia contar com todos que estavam ao meu lado. Mesmo de longe vi que o Nezello podia movimentar muita gente e foi aí que a Seas começou a ser mais conhecida no circuito nacional.

Chegando de viagem, ajudei nos finalmentes do evento, no qual também me apresentei depois do gringo Hector Couto vendo um mar de gente ali para presenciar, escrever comigo aquele set que pra mim foi um dos mais intensos da carreira finalizando a festa com direito a pedido de "Mais uma / Eu não vou embora".

Agradeço a todos que estiveram e ainda estão juntos comigo nessa.

E você ainda tem uma grande referência no meio disso tudo, que é a Aninha...

Cara, a Aninha…

Como eu falei antes, sou de Joinville, foi onde aprendi a discotecar e absorver música com um maestro chamado Jeison Torres.

Após isso a Aninha foi uma das primeiras pessoas que eu vi tocar e na hora já fiquei admirado pelo trabalho dela, descobri como ela é uma pessoa incrível, com simplicidade, carisma e uma excelente artista.

Minha carreira inteira se baseou em torno da visão dela, eu sempre a questionava e ela sempre me respondia, dava conselhos nunca se negou a ajudar, me auxiliou em tudo, na minha vida e carreira, até quando precisei de contratos pois eu não tinha agência na época e ela estava com a 24bit. Tanto que também acreditou muito na Seas comigo e agregou demais no coletivo.

Hoje eu carrego ela como uma das principais referências: tanto em determinação como em consistência.

O sonho dela sempre foi ser uma referência naquilo que ela fazia e eu aprendi isso com ela, afinal, da vida não carregamos nada físico e ser lembrado como uma referência de coisas boas é o que importa.

Espero que ela saiba o quão importante ela foi e continua sendo pra carreira do Nezello.

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Photos: Divulgação

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