Não desista do trampo diário: a geração de DJs que trabalha noutras profissões sem abandonar os sonhos na Música Eletrônica

"Por que não arruma um emprego?" um cara bêbado uma vez gritou para Liam Wax, que estava tocando em Hoxton.

Mas aquele era, na verdade, o emprego de Liam: tocar pops clássicos e animados para a galera no fim de semana em East London.

Era assim que ele financiava sua carreira como Desert Sound Colony, uma estrela em ascensão na nova onda de tech-house do Reino Unido.

Liam deixou essa vida para trás no ano passado, tornando-se um DJ e produtor em tempo integral e conquistando duas apresentações no famoso Panorama Bar.

Tudo rolou depois que o novo gerente do espaço de eventos de Hoxton "se esqueceu" de contratá-lo e ele percebeu que o seu trabalho 'real' como DJ estava micando.

"Viajo muito agora e ouço DJs reclamando de todo tipo de coisa", diz ele. "Esse trabalho definitivamente me ajudou a ter uma nova perspectiva."

É um fato marcante que o mundo dos DJs profissionais reflita o restante do mundo em geral.

Numa postagem no Facebook, ao comentar sobre a volta ao trabalho casual, Eric Cloutier, de Detroit, que fez parte de um especial da Mixmag em 2019, comentou sobre como os cachês altíssimos dos headliners estavam estrangulando as oportunidades dos artistas de cachês mais baixos de ganhar a vida com a música.

Muitos DJs fazem verdadeiros malabarismos ao conciliar as atividades no entretenimento & música eletrônica com trabalho ou emprego em período integral (ou meio período).

Como os empregos podem ajudar ou mesmo impedir o sucesso?

Será que todo mundo nasceu para ser DJ profissional e fazer música em tempo integral?

E se você tivesse a chance de desistir do emprego, o que faria?

Colhemos depoimentos de alguns artistas brasileiros de nossa lista sobre como andam equilibrando os sonhos de sucesso na música eletrônica com empregos e jobs paralelos.

Em meados de 2000, iniciei na área da produção musical de forma auto didata.

Trabalhava durante a semana em horário comercial e procurava nas horas vagas fazer minhas pesquisas e aplicar as novas técnicas nas produções.

O tempo era curto. Cada minuto voltado ao propósito de me aperfeiçoar na produção era (e ainda é...) muito precioso.

Após alguns anos, já com responsabilidades de pai e trabalhando como Agente Público na área da segurança pública em São Paulo, consegui administrar meu tempo e cursar a primeira Faculdade de Produção de Música Eletrônica da América Latina, na Universidade Anhembi Morumbi.

Ainda hoje, trabalhando de segunda a sexta-feira, e com horários ainda apertados, consigo manter meus trabalhos como DJ e Produtor, contando com a ajuda e compreensão da minha família, pois a dedicação que temos que ter para alcançar nossos objetivos nesse ramo é muito grande.

Continuo fazendo música de madrugada em meu homestudio, com filhos no colo, cansado, com sono, porque se quisermos alcançar o reconhecimento e o sucesso que queremos, temos que trabalhar com força de vontade, organização e muita disciplina.

E desta forma, em meio a outras atividades, hoje colho bons frutos de todo esse empenho, entre releases em gravadoras expressivas, gig's e a conquista da minha própria gravadora.

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Vinicius Rodrigues Gonçalves, 23 anos, encara uma jornada de 8h, de segunda à sexta, no Detran-SP, terceirizado pela Fundação Vanzolini, onde presta serviços de suporte à web conferências.

O dia-a-dia diante da tecnologia é o que garante a grana para as despesas de casa, mas sempre há um espaço, seja no intervalo do almoço, de noite em casa e até de madrugada para estudar ou fazer um novo som.

Nooka é o nome dado ao seu projeto de progressive trance, que desde 2018 vem estudando e trabalhando bastante nas horas vagas para conseguir alavancar sua carreira na cena.

Atualmente, está entre os DJs e produtores que compõem o time da agência Núcleo Bookings, a qual tem ajudado a promover sua imagem ao público, mostrando todo seu trabalho como artista e que gerencia sua agenda para participações em festas.

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Além de DJ e Produtor de música eletrônica, sou Designer e Diretor de Arte há 15 anos e, hoje, esse ainda é o trampo que paga minhas contas e me permite investir no desenvolvimento da minha carreira como artista, seja através de cursos, equipamentos, softwares, etc.

Mas como a música eletrônica sempre foi e continua sendo minha grande paixão, procurei uma forma de incorporar isso no dia a dia do meu trabalho "convencional" de DA na Jovem Pan.

Foi aí que criei o Undertalk JP, um Podcast onde recebo convidados para discutir os mais variados assuntos dentro do universo da música eletrônica underground.

Esse projeto, além de me manter motivado e em contato constante com a música, me proporciona um networking muito bom!

Através do Podcast já tive a oportunidade de conhecer grandes ídolos como: Binaryh, DJ Murphy, Andre Salata, Alex Justino, entre outros.

Inclusive deixo a seguir o link para quem quiser conferir os papos que rolaram com essas feras. Clique aqui para ouvir!

Enfim, acho que o segredo é persistência e preparação (treinar todos os dias, ao menos um pouco) para quando a oportunidade aparecer, porque uma hora ela aparece!

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Aqui quem digita é o Pedro Henrique que juntamente com meu amigo Leonardo Pignata formamos o Projeto AudioClass, atualmente somos residentes da Circus Music Festival e Eco Eletronic Culture Open Air.

O nosso projeto é relativamente novo, porem somos DJs há mais de 10 anos e sempre convivemos com a carreira dupla.

Sou Administrador de Empresas e o Leonardo Engenheiro Agrônomo, e por mais que sejam áreas diferentes, temos hábitos muito parecidos para conciliar emprego "formal" e a carreira artística.

Como nossos empregos paralelos não são ligadas ao meio artístico, é muito importante estar de bem com corpo e mente para conciliar as duas carreiras.

Organizamos nosso tempo durante a semana, colocamos metas produtivas no estúdio, isso ajuda a focar e nos organizar, sempre deixando nossas redes sociais ativas.

Mas não é fácil, tem muito sacrifício em relação a poucas horas de sono e o cansaço sempre aparece, mas vale a pena, afinal, sucesso sem trabalho não existe!

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Ter um emprego ou estudar enquanto trabalha para construir uma carreira artística não é uma tarefa fácil, e exige extrema dedicação e comprometimento.

A chave para conseguir fluir está na organização, assim como no emprego, existem horários, compromissos e metas, e não deve ser diferente para seu projeto artístico, definir horários para produzir, para estudar e até para descansar e realmente segui-los de forma consistente irão te garantir uma evolução considerável.

Acima de tudo, sempre manter na cabeça seus sonhos e seus objetivos é crucial para se manter firme nesta caminhada, e quando perceber, não precisará mais de emprego e enfim poderá viver de música.

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