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Miss Kittin: longevidade da DJ mantém electroclash vivo entre artistas mais novos da música eletrônica

Um pouco sobre a história do electroclash na música eletrônica

  • Mixmag Team
  • 7 January 2021

Fãs de música eletrônica que não tiveram a chance de viver os anos 1980 têm muitas razões para considerar quem ainda não conseguiu “abandonar” o amor pela década como meros saudosistas.

Mas tal visão ignora o fato do quão vital a estética daquela década e as inovações musicais que ali surgiram e foram também desenvolvidas permitiram que a música eletrônica virasse o fenômeno que ela é até hoje.

Sem o desenvolvimento dos sintetizadores à época, como o Minimoog Model D, incorporando cada vez mais instrumentos e também o famigerado metrônomo para marcar as batidas daquilo que se tornaria a música eletrônica da década, não teríamos chegado aos festivais e arenas que reúnem fãs de todo o mundo para assistir a seus DJs favoritos.

Também não teríamos o que ocorreu já no fim dos anos 1990, com o surgimento de tantas ramificações e artistas célebres do estilo pelo mundo todo.

Na esteira desses estilos, veio também o electroclash. O “electro”, nesse caso, vem da principal base desse estilo, o electro que dominou as pistas na década de 1990.

Já o “clash” vem por conta dos vários estilos que inspiraram sua criação, desde o new wave oitentista até o electropop dos anos 1990.

Enquanto estes estilos musicais inovadores geralmente têm “pais”, o electroclash inova também por ter uma “mãe”: Miss Kittin, a icônica DJ francesa.

Hoje em dia, ela é uma veteraníssima da indústria, realizando apresentações em palcos físicos, como ocorreu no W Amsterdam em uma parceria com a revista Mixmag, e nos palcos virtuais de espaços como o Lost Horizon.

Na década de 1990, criações inspiradas pelo seu amor por música clássica e jazz, baseando-se ainda na música eletrônica, geraram um dos mais divertidos gêneros musicais dos tempos recentes.

Colaborações

Tanto o electroclash quanto Miss Kittin ganharam seu primeiro papel de destaque com o lançamento da música “Frank Sinatra”, em 1998.

A marcação da música, feita com um sintetizador típico e uma bateria eletrônica simples, mas com ritmo contagiante, complementa muito bem as letras com teor caótico e engraçado.

Além disso, essa faixa traria uma das marcas registradas de Miss Kittin: sua colaboração com outros nomes de peso da cena, como The Hacker, que contribuiu com a produção do single que lançou tanto a carreira de Kittin quanto o electroclash para o sucesso.

Miss Kittin faria ainda outras diversas parcerias icônicas ao longo da carreira, sendo uma delas com Felix da Housecat – que já se apresentou no Lab da Mixmag –, outro importante nome da música eletrônica, em 2002.

A canção “Madame Hollywood” foi um dos singles do álbum de Felix, Kittenz and Thee Glitz, e usa a voz e o sotaque característicos de Miss Kittin para contar os anseios de uma artista que deseja fazer parte do (louco) mundo da cidade californiana.

Um ano depois, Miss Kittin faria uma nova parceria que marcaria sua carreira. Em colaboração com a dupla Chicks on Speed, mais conhecida por suas artes performáticas, o trio lançou a música “Schick Shaving”, jogo de palavras com a marca de barbeadores Schick e com a palavra “chick”, que em inglês pode significar “mulher jovem”.

A mais recente colaboração de destaque em que Miss Kittin esteve envolvida ocorreu em 2019. A francesa se juntou à brasileira DJ Anna para criar “Forever Ravers”, uma celebração da sensação de participar das grandes “raves” de música eletrônica independentemente da sua especificação de estilo. Não por menos, a música tem um dedo no electroclash e também no techno moderno desenvolvido por Anna.

Não é incomum ver artistas de música eletrônica saírem tanto da cena quanto dos holofotes em geral assim que o estilo musical com que trabalham deixa de estar no auge das paradas de sucesso. No entanto, este não foi o caso com Miss Kittin, que continua na ativa e performando nos mais diferentes palcos.

No fim de dezembro de 2020, a artista se reuniu com DJ Sneak, Hito, Nicole Moubader e Pan Pot para a realização de um show no Lost Horizon, um dos maiores palcos virtuais do mundo.

O Lost Horizon foi organizado pelos criadores do Shangri-la, uma das áreas mais famosas do festival musical britânico Glastonbury, com a intenção de prover digitalmente a experiência de observar as artes modernas e rebeldes que fazem parte do Shangri-la físico, junto com a possibilidade de assistir a shows através de transmissões ao vivo.

Com a sua participação nos palcos do Lost Horizon, Miss Kittin entra fundo no paradigma das transmissões e shows ao vivo, que trazem um novo modelo ao mundo do entretenimento por mostrarem que é possível se conectar aos fãs não só em festivais e palcos físicos, mas também em espaços digitais.

O show virtual de Kittin é mais uma evidência de como o mundo do entretenimento tem mudado nos últimos tempos, permitindo que as conexões musicais, visuais e afins sejam feitas fora de arenas e salas de cinema, chegando às telas que temos em casa.

Essa transformação é evidenciada também nos shows virtuais que podem ocorrer tanto nas já famosas transmissões ao vivo do YouTube como também pelo ShowIn, uma nova plataforma de shows virtuais que permite que artistas cobrem ingresso para dar acesso às suas apresentações. O setor da música, no entanto, é apenas um dos que vêm sendo transformados pela tecnologia.

Outros setores que vêm lançando mão da tecnologia de streaming há alguns anos são a indústria de jogos de cassino online, com plataformas como a Betway oferecendo serviços de “live cassino”, e a indústria televisiva e cinematográfica.

Por meio do uso das tecnologias de streaming e HD, hoje é possível jogar uma série de modalidades de cassino, como roleta, bacará e blackjack, como se estivesse dentro de um estabelecimento físico, jogando inclusive com um crupiê de verdade.

Já quanto ao setor do cinema e da televisão, para além de Netflix e Amazon Prime Video, temos também o conglomerado de mídia Globo lançando o Globoplay, plataforma de streaming sob demanda de filmes, séries e até novelas que agora transmite também os canais Globosat, como Multishow e Globo News, pela internet.

A próxima fronteira para os shows virtuais e o mundo de entretenimento em si será provavelmente a tentativa de popularização da realidade virtual.

De fato, festivais virtuais como o já mencionado Lost Horizon têm uma dimensão em VR que ainda não é acessível para uma boa parte do público-alvo por conta das limitações de preço e de "hardware" que a plataforma impõe.

Mas considerando o pioneirismo e a capacidade de romper barreiras da música eletrônica em si, algo que Miss Kittin já fez e ainda faz em suas músicas, não seria surpresa se daqui a alguns anos o VR se tornasse um aparelho comum entre os fãs de festivais virtuais de música.

Não deixe o electroclash morrer

Miss Kittin é um exemplo invejável de longevidade no mundo musical, que no alto dos seus 47 anos continua a fazer boas colaborações com artistas mais novos.

Ela não está sozinha nesse âmbito, uma vez que outros artistas da cena, como o supramencionado Felix da Housecat e o grupo Ladytron, também continuam ativos. Entretanto, exceto por colaborações como a de Miss Kittin com Anna, o estilo parece estar estagnado.

Parte disso pode ser devido ao fato de seu auge já ter passado há anos, com outros estilos musicais ganhando a preferência dos fãs e das rádios neste processo. Ao mesmo tempo, existem alguns artistas jovens que podem não ter um pé tão fincado no electroclash, mas que, em seus álbuns, exibem influência de artistas como Miss Kittin em algumas de suas músicas. Esse é o caso da cantora pop Poppy, da artista de synth-pop Uffie e também da DJ Anna.

Quiçá este será o futuro do electroclash, servindo como base de inspiração para novos artistas da década que está terminando e daqueles que surgirão nos próximos anos.

No fim das contas, o mais importante é não deixar o gênero cair em total esquecimento, mantendo seu legado vivo através dos veteranos, que quando se juntam aos “novatos” sempre trazem como resultado músicas impossíveis de não serem acompanhadas pelo menos com o bater de um pé e com o balançar da cabeça.

Images: Reprodução

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