Mergulhe no universo de Sainte Vie, artista mexicano de música eletrônica conhecido por seus cativantes live sets
Descubra tudo sobre o artista que está em fase final de finalização de seu primeiro álbum e que retorna ao Brasil em breve
O México está revelando um novo maestro da música eletrônica cujo domínio no techno melódico é acompanhado por um live set verdadeiramente mágico. Nascido como Pablo Piña na efervescente Cidade do México, em 1994, Sainte Vie vem construindo sua identidade misturando com maestria componentes eletrônicos e de world music.
Como ele compartilha sobre sua abordagem distinta: “Às vezes, componho uma música de rock primeiro com a guitarra e depois a transformo em uma faixa eletrônica”. Essa fusão de influências reflete-se em sua obra, resultando em uma experiência sonora eclética, enérgica e profundamente emocional.
Crescendo na Cidade do México, sua adolescência foi definida por um profundo fascínio pela cena do rock e do rock alternativo, o que o levou a fundar a banda Polar aos treze anos. Porém, foi na França, durante os anos finais do ensino médio, que Pablo descobriu sua paixão pela música eletrônica e suas infinitas possibilidades.
A viagem levou-o a Nova Iorque, onde aprofundou os seus conhecimentos em sound design e engenharia de som, marcando o início da sua carreira como Sainte Vie após se graduar na faculdade de lá.
Desde então, este produtor, engenheiro de som e dono da gravadora Akumandra Records conquistou reconhecimento internacional com lançamentos em selos de prestígio como Rose Avenue, Kompakt e Cercle Records, performances em palcos globais como Burning Man e Coachella, além de colaborações com NTO, WhoMadeWho e Acid Pauli.
Conectado não apenas com diferentes lugares do mundo, mas também com suas próprias emoções, Sainte Vie tem uma filosofia musical bastante sólida:
“Gosto de pensar na minha música como se fosse uma máquina do tempo que me permite voltar a memórias especiais, explorar meus sonhos, me expressar, expressar minhas emoções/sentimentos, sentir e imaginar o futuro”, uma abordagem que ressoa em cada nota de sua música e que com certeza estará presente no seu primeiro álbum, que deve chegar ainda neste ano e será dedicado ao seu pai, que faleceu recentemente.
Em breve, Sainte Vie estará de volta ao Brasil durante o Carnaval, prometendo trazer novas faixas e o encanto cativante de seu live set, uma oportunidade e tanto para vê-lo ao vivo e sentir de perto o poder da sua música. Enquanto isso, você pode mergulhar em mais detalhes ao longo da entrevista que fizemos com ele:
Olá, Sainte Vie! Obrigado por nos receber. Sabemos que você começou sua jornada musical como líder de uma banda, Polar, época da sua adolescência em que estava imerso na cena de rock alternativo da Cidade do México; posteriormente, você descobriu a música eletrônica em Paris, um percurso que transcende fronteiras geográficas e estilísticas. Como essas experiências de origem, tanto no rock quanto na música eletrônica, convergem na sua abordagem musical atual?
Olá, muito obrigado tambem! Na verdade, ainda sou muito influenciado pelo rock. Ouço muito rock, definitivamente é um dos meus gêneros favoritos! Às vezes, eu componho uma música de rock primeiro com a guitarra e depois a transformo em uma faixa eletrônica.
A forma como o rock retrata e carrega certas emoções realmente mexe comigo, e eu adoro combinar isso com as infinitas possibilidades que o mundo da música eletrônica oferece em termos de design de som e inovação.
Essas mudanças para diferentes lugares como México, França e Nova York certamente tiveram impacto na sua música. Na sua visão, essas experiências moldaram sua identidade sonora? Você absorveu elementos e referências distintas de cada lugar que viveu?
Com certeza! Eu acho que cada segundo da minha vida tem um impacto na minha música. Eu tento aprender, me mudar e viajar o máximo que posso para me inspirar e viver novas experiências que despertarão minhas emoções e me farão querer compartilhar mais sobre minha jornada, me farão querer expressar meus sentimentos através da música.
Aprender, mudar de lugar e viajar podem ser considerados o combustível do meu processo criativo. Como você mencionou na primeira pergunta, o México foi meu primeiro contato com a música, principalmente o rock. A França foi meu primeiro contato real com música eletrônica, e Nova York é o lugar onde desenvolvi meu amor e paixão pela música eletrônica (estudei Tecnologia Musical e Design de Som em Nova York e, após me formar, iniciei minha carreira como Sainte Vie lá).
Hoje seu estilo principal é o Melodic Techno, vertente que há algum tempo se encontra “no hype” da música eletrônica underground, em alguns momentos até furando a bolha e atingindo a cena mais mainstream. Como você percebe esse movimento de ascensão do estilo e de que forma busca diferenciar o que você toca e produz dos demais?
Não posso falar por todos, mas o que pessoalmente amo neste gênero é a atmosfera cinematográfica, o design de som super inovador e, é claro, como o próprio nome do gênero diz, as melodias nele.
Como artista, acredito que construir uma identidade musical forte e única é algo que acontece naturalmente, desde que você se concentre em se conectar com seu eu único, expressar o que está dentro de você, focar em contar sua própria história e se afastar de copiar os outros.
No final, cada ser humano neste mundo é diferente, e isso também pode ser aplicado à arte, se você quiser. Abraçar e explorar sua singularidade, sua personalidade. Todos nós somos diferentes por padrão. Também acho que tocar meu set ao vivo (exclusivamente minhas composições do início ao fim) me ajuda.
“Eu descreveria minha música como profundamente emocional e cinematográfica”
Seu percurso artístico inclui performances em palcos notáveis ao redor do mundo, de Burning Man a festivais europeus renomados. Esses palcos podem ser vistos como espaços de rituais, onde sua música não apenas é apresentada, mas também ganha vida. Como você concebe a relação entre sua música e o ambiente específico de cada performance? Tem como apontar qual foi a gig mais memorável ou desafiadora de sua carreira até agora?
O espaço/ambiente tem muito a ver com a performance. Há uma diferença entre:
Tocar em um show como artista principal onde todos conhecem sua música e vêm especificamente para ver você.
Tocar em um club onde nem todo mundo conhece necessariamente sua música, os sets geralmente são longos, e as pessoas estão lá não apenas pela música, mas também para socializar.
Tocar em um festival onde muitos outros artistas estão se apresentando, os sets geralmente são curtos e as bases de fãs se misturam.
Para shows de concerto e festival, gosto de tocar meu set ao vivo (apenas minhas composições do início ao fim), já que é isso que sou mais conhecido e o que mais me distingue. Para shows em clubs e sets com mais de 2 horas, também gosto de tocar DJ sets, dependendo do club e do tamanho do set, tocarei DJ set ou live set, às vezes até ambos na mesma noite.
Minha apresentação mais memorável/favorita da minha carreira até agora foi meu set ao vivo Mayan Warrior X Robot Heart no Burning Man 2019.
Você já foi capa da Mixmag México em 2021 e agora está ganhando seu espaço em nossa edição brasileira, inclusive, você tocou por aqui há alguns meses, em novembro, quando pisou no Warung Beach Club, em Santa Catarina, e na festa Body and Soul, no Rio de Janeiro. Como foram essas apresentações e o que mais te chamou atenção?
Sim! Ambos os shows foram absolutamente incríveis! Eu realmente aproveitei todos os meus shows no Brasil, mas se eu tivesse que escolher um favorito, seria o Warung, a energia lá é incrível! Eu amo como o Brasil possui tanta natureza, mal posso esperar para voltar ao lindo país de vocês!
Além dessas gigs memoráveis pelo Brasil e pelo mundo, você também já teve a chance de trabalhar com muitos artistas talentosos e renomados como Acid Pauli, Sam Shure e principalmente WhoMadeWho. Pode nos contar um pouco sobre essas colaborações e de que maneira elas impactaram no seu estilo e na sua carreira?
Sou muito grato por essas colaborações incríveis! Todas tiveram um grande impacto positivo em minha carreira, especialmente a colaboração com Acid Pauli, pois ele foi o primeiro grande artista do cenário a apoiar minha música e me deu a oportunidade de remixar uma das músicas de seu álbum, o que realmente impulsionou minha carreira. Estilisticamente, eu diria que essas três colaborações que você mencionou são bastante diferentes entre si.
No último dia 12, saiu seu remix de “Party Girl”, faixa original de Michelle Gurevich, marcando seu primeiro trabalho de 2024. Ela possui uma abordagem mais orgânica e, originalmente, tinha uma estética mais crua. Como foi trabalhar em cima dessa track? Você se dá muito bem com remixes pelo jeito, não é?
Muito obrigado pelo elogio! Eu realmente gostei do processo de fazer esse remix, tudo aconteceu de uma maneira muito natural, eu fiz o remix inteiro em um dia, uma sessão de estúdio e estava pronto!
Eu sabia exatamente como queria remixar a faixa desde o primeiro momento em que ouvi o original. Estou muito feliz com o resultado e muito grato pela oportunidade de lançar o remix! Muito obrigado, Michelle!
“A música é como uma máquina do tempo que me permite voltar a memórias especiais, explorar meus sonhos, me expressar e imaginar o futuro”
E além desta faixa, sabemos que o seu primeiro álbum também está a caminho. Existe um elemento de autorreflexão ou de compartilhar experiências pessoais que você procura incorporar, criando uma conexão mais profunda com os ouvintes?
Quero dedicar este álbum ao meu pai. Eu sempre quis compor meu primeiro álbum completo antes de completar 30 anos. Atualmente, tenho 29 anos, então estou pronto para isso. Estou muito animado com isso e feliz por dizer que tem sido um processo lindo até agora.
É válido destacar que a criação de um álbum permite uma exploração sonora mais expansiva em comparação com trabalhos mais curtos. Neste contexto, existe uma intenção específica de experimentar novas texturas, paisagens sonoras ou colaborações que se beneficiem da escala ampliada do álbum? Qual é o seu objetivo com o lançamento deste que será seu primeiro LP?
Tenho um monte de novos plugins e sintetizadores que tenho usado muito durante o processo de criação deste álbum com certeza. Também estou abordando o processo criativo de fazer este álbum de maneira um pouco diferente do usual.
Quando começo a compor uma faixa, normalmente trabalho exclusivamente nessa faixa até ela estar totalmente finalizada. Agora, para o álbum, assim que tenho os elementos principais da faixa prontos, começo a criar uma nova faixa e, assim que tenho os elementos principais dessa nova faixa prontos, pulo para a próxima faixa nova.
A ideia é focar em fazer o núcleo de todas as faixas primeiro para que as faixas realmente tenham uma forte conexão entre si e se encaixem bem com a sensação/conceito/tema geral do álbum.
Então, assim que tenho 14/15 esboços fortes (núcleo das faixas / elementos principais das faixas), começo a me concentrar em finalizá-los, escolho minhas faixas favoritas e finalizo o álbum.
Não podemos deixar de perguntar também sobre os shows audiovisuais que você está promovendo através da Vortex, colaborando com diferentes artistas visuais como Jason Ting, Jacob Stillman, Dimitri Thouzery, F3… de onde surgiu essa ideia e como você seleciona os artistas que estão ao seu lado nesse projeto?
Sou fã das artes visuais desde sempre. Acho que visuais e música se complementam lindamente, então é basicamente assim que nasceu o show Vortex Audio / Visual.
Inicialmente, começou apenas com visuais de F3 e Dimitri Thouzery, depois comecei a adicionar mais artistas. Eu sigo de perto um monte de artistas visuais, então sempre que surge a oportunidade de colaborar, entro em contato com eles.
“Quero dedicar meu primeiro álbum ao meu pai”
Já que estamos nos encaminhando para o final da entrevista, gostaríamos de fazer uma pergunta um pouco mais profunda: como você descreveria a filosofia por trás de sua música? Existe uma mensagem ou emoção específica que você busca transmitir?
Eu descreveria minha música como profundamente emocional e cinematográfica. Às vezes, gosto de pensar na minha música como se fosse uma máquina do tempo que me permite voltar a memórias especiais, explorar meus sonhos, me expressar, expressar minhas emoções/sentimentos, sentir e imaginar o futuro.
Dentro de alguns dias você estará de volta ao Brasil, desta vez tocando no Carnaval, provavelmente a época mais agitada e eufórica do ano em nosso país. Quais as expectativas para este retorno e o que o público brasileiro pode esperar de diferente desta vez? Obrigado!
Estou muito animado! Eu sei que será incrível! Eu amo o Brasil! O público brasileiro pode esperar ouvir algumas faixas novas minhas com certeza. Muito obrigado por me receber!
“A forma como o rock retrata e carrega certas emoções realmente mexe comigo, e adoro combinar isso com as infinitas possibilidades que o mundo da música eletrônica oferece em termos de design de som e inovação”
Follow Sainte Vie: Instagram | Facebook | Soundcloud