Lehar: conheça o prolífico produtor que cria música eletrônica a partir de pura intuição, emoção e beleza
Lehar tambem está por trás de gravadoras como Multinotes e a Buttress Records
Lehar é um artista de origem italiana, produtor de música eletrônica, que cria música a partir da pura intuição e emoção, produzindo um som bastante espontâneo.
Seu primeiro EP ‘Sargas’ que saiu pelo selo de Offenbach, a Connaisseur Recordings, trouxe reconhecimento na música eletrônica moderna e, ao mesmo tempo, apresenta sua visão artística, com efeitos dramáticos, basslines intimistas, paisagens românticas e melodias cativantes.
A reputação de Lehar
como produtor vem crescendo continuamente desde o lançamento de seu EP
“Magic Realism” na Diynamic Music, seu single indie “Number One Hero”
com Rush Midnight na 2DIY4, sua contribuição para o álbum “10 Years of
Diynamic”, o mini-álbum “Picture”, lançado pela Diynamic Music, e o seu
“Penta EP” que foi lançado pelo seu próprio selo em 2018.
Ele também colaborou com Musumeci e contribuiu para muitos selos como Compost Black Label, Endless, My Favorite Robot, Mood Music e Lost & Found.
Enquanto os DJ sets de Lehar são caracterizados por sua abordagem
espontânea e apaixonada pela vida, ele trabalha para criar uma noite o
mais próximo possível de suas raízes musicais.
Com os sócios Musumeci e Olderic, fundou o selo Multinotes em 2018 e lançou um novo conceito de eventos chamado MUSE. A imaginação criativa de Lehar é ilimitada e transcende fronteiras, assim como sua música.
Leia a entrevista que fizemos com ele para saber mais!
Oi Lehar, ótimo falar com você. Por favor, compartilhe um pouco de sua história com o público no Brasil
Nasci em 1983 em Nápoles, a cidade da música. A relação entre a música e a cidade de Nápoles possui uma herança importante e está profundamente enraizada na cultura da cidade. Se você é napolitano, a música simplesmente faz parte de quem você é.
Aos 10 anos, por motivos familiares, me mudei para Veneza, cidade onde moro até hoje. Como para a maioria das pessoas, antes de começar a trabalhar no que sempre foi meu sonho, fazer música, passei por experiências diferentes: me formei em Marketing em Milão e comecei a trabalhar em uma agência de publicidade, mas apenas por alguns anos.
Na verdade, aos 28 anos, finalmente decidi dar uma chance à minha verdadeira paixão e depois de noites intermináveis de estúdio, e alguns pequenos primeiros shows, me encontrei após alguns anos curtindo minhas primeiras grandes satisfações.
A primeira foi quando, depois de um ano em estúdio como autodidata, consegui produzir meu primeiro EP que saiu pela Connaisseur Recordings... o resto é história ;)
Como e quando você começou na música eletrônica?
Meu amor pela música eletrônica começou há cerca de 20 anos, quando comecei a frequentar as primeiras boates. A cultura clubbing sempre foi muito vivida nas áreas de Veneza e isso me deu a oportunidade de passar noites inteiras ouvindo muitos DJs internacionais como Dave Morales, Tony Humpries, Roger Sanchez, Lil Louis Vega… música eletrônica.
No dia seguinte a cada noite, eu tinha o hábito de ir à loja de discos para comprar vinis, procurando constantemente os que mais me faziam dançar. E foi nessa época que também comecei minha coleção de discos de vinil.
Como descreve a evolução do seu som desde o início até o que é hoje? Como descreveria o som do LEHAR de hoje?
Com certeza meu som mudou nos últimos 10 anos, assim como eu. Mas o que sempre achei coerente é a veia romântica e melódica do meu som, não confundir com o que hoje se define como Melodic Techno, muito mais mainstream.
De maneira geral acredito que a busca constante por inovação e inspiração é fundamental para um artista, é a parte principal do jogo. Descobrir melodias diferentes, brincar com elas e criar algo novo é o que me faz amar de verdade o que é para mim, o trabalho mais lindo do mundo.
Você lançou músicas em selos como Diynamic, Afterlife, Connaisseur Recordings, Compost Black Label, Endless, My Favorite Robot, Mood Music e Lost & Found. Você acha que os labels podem influenciar sua música ou é a música que acaba moldando, de alguma forma, o som do label?
Não, quando estou produzindo minha música eu nunca penso na gravadora que vai lançar o trabalho, eu penso em desenvolver algo original e diferente, algo que o mercado não oferece. E quando termino a produção, tento descobrir qual é a gravadora ideal para cada lançamento.
E o selo Multinotes? Conte-nos por favor, seu conceito, como nasceu a ideia de lançar o label, quem trabalha no dia a dia, o que vai rolar em 2023
A Multinotes nasceu da necessidade que tive junto com Musumeci e Olderic de construirmos nossa própria plataforma musical onde pudéssemos expressar nosso conceito e visão de música eletrônica.
Há 5 anos decidimos unir forças e começamos a lançar músicas de artistas que gostávamos e que pudessem representar nossa ideia de som.
Junto com a gente, temos uma equipe de quatro pessoas que trabalham diariamente entre ouvir demos, pesquisa musical e gerenciamento dos lançamentos. Além disso, desde o ano passado decidimos fazer alguns investimentos para o desenvolvimento da imagem, incluindo um diretor artístico na equipe, especialmente para a organização dos showcases.
Hoje em dia a “cultura club” mudou muito: o público, se não em poucas e raras cidades do mundo, já não deseja viver apenas a experiência musical em si mas, pelo contrário, exige uma experiência puramente audiovisual. E é por isso que esta nova figura é de grande ajuda para nós.
No entanto, gostaria de esclarecer que nos adaptarmos a isso não significa para nós desvalorizar o que é e sempre será o elemento chave: a música.
O nosso principal objetivo é, sem dúvida, levar a nossa música a um público cada vez mais vasto. Estamos fazendo isso principalmente de duas formas: lançando belas músicas de novos artistas, mesmo desconhecidos, e com o desenvolvimento de showcases.
De fato, embora a Multinotes tenha nascido como uma editora underground, tem tido um crescimento cada vez mais positivo ano após ano e devo dizer que estamos muito satisfeitos como a procura pelos showcases vem aumentando e, sobretudo, expandindo pelo mundo.
Agora estamos sentindo falta do Brasil.. quem sabe não chegaremos por aí também ;)
E a Buttress Records, conte tudo que poder sobre o label. Quando foi lançado, os lançamentos…
A Buttress foi criada por mim, Musumeci e Enzo Elia em 2019. Trabalhar com um grande artista como Enzo Elia é um prazer e uma honra para mim, me dá muita motivação e ideias.
Se você voltar ao catálogo da Buttress, vai perceber que a música que assinamos pode ser definida como “música atemporal”, nunca ficará fora de moda. Isto porque nunca selecionamos a música com base na sonoridade do momento, mas procuramos continuamente surpreender os nossos seguidores com sonoridades vanguardistas.
A Buttress é de fato o resultado da nossa necessidade de lançar música de artistas que gostamos mas que têm um som único e distinto, um som que não é necessariamente voltado apenas para as pistas de dança. Gostamos de chamá-la de nossa “marca boutique”. Os próximos lançamentos serão cheios de surpresas.. vocês fiquem ligados!
Que tipo de música e artistas se encaixam melhor nas gravadoras e como os artistas podem enviar músicas?
Qualquer artista pode nos enviar músicas por e-mail, Facebook, Instagram, como preferir. Todo tipo de música eletrônica é mais do que bem-vinda, mesmo a não eletrônica.. o importante é que seja boa música.
Você lançou recentemente na TAU, gravadora de Adana Twins. Como foi trabalhar com a dupla durante a produção do EP The 26th Beginning?
Benni e Friso são dois caras queridos e amigos há mais de 5 anos, eu os conheci na família Diynamic e então nosso respeito e amizade vem crescendo ao longo dos anos.
Enviei a eles as minhas demos e imediatamente se dispuseram a apoiar o meu trabalho, são excelentes profissionais e foi um prazer e uma honra para mim tê-los ao meu lado.
Alguma tour brasileira nos planos para 2023? Compartilhe quaisquer projetos ou planos para novos fãs descobrindo LEHAR!
Junto com meu booker brasileiro Silvio buscamos as melhores datas para meu retorno ao Brasil, a última vez foi há 5 anos e ainda me lembro. Eu amei o público brasileiro e sinto saudades!
Última: sempre pedimos dicas para os novos talentos que estão na luta para fazer carreiras decolarem. Pode compartilhar algumas ideias e dicas para os caras que estão aí na batalha?
Hoje em dia tenho a sensação que ser DJ é a nova “aspiração”, a competição está cada vez maior e com todas as ferramentas que temos ao nosso dispor também é fácil conseguir sucesso em poucos anos, se não meses.
Meu conselho seria, antes de tudo, tentar ser intelectualmente honesto, mostrar sua personalidade fazendo algo novo e trazendo novas idéias e sons.
Não tenha medo de errar ou enviar seus trabalhos para os artistas que você mais curte. Tente, tente, tente...mais cedo ou mais tarde chegará a sua hora se você realmente quiser.
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Photos: Divulgação