Entrevista: Alfonso Tan e sua estreia na Adesso Music com 'You Can’t Stop Me'

Agora falando mais especificamente da cena eletrônica de Seattle, o que você pode nos contar de mais interessante a respeito? A vida noturna da cidade tem bastante opções relacionadas ao underground? O que está mais “em alta” por aí no momento?

Uma das coisas mais interessantes sobre a cena de Seattle é que você precisa pesquisar um pouco para saber aonde ir. A cena eletrônica de Seattle é próspera, mas uma grande parte dela não é amplamente divulgada.

Temos alguns locais grandes onde os grandes headliners vão, mas muitas vezes as melhores vibes e galeras estão em outros lugares. É útil perguntar a alguns moradores locais se você estiver visitando e não confiar apenas na publicidade ou no Google.

Há várias opções clandestinas disponíveis: pop-ups diurnos em parques públicos, raves com ingressos impressos apenas por e-mail, renegados sob pontes de rodovias e muito mais. Ultimamente, tenho observado muitos eventos menores (com menos de 100 participantes) surgindo com uma energia incrível. O espírito DIY está vivo!

Seattle é linda no verão e, com a temporada prestes a decolar, os eventos ao ar livre serão os mais badalados. Há um clube na cobertura no distrito industrial com uma excelente vista da cidade que será frequentado por pessoas de todas as partes da cena.

Em termos de som: Seattle tem muitas opções de house, deep house e tech house, mas o techno e a música eletrônica de BPM mais alto estão ganhando popularidade.

Recentemente você estreou pela Adesso Music com a faixa “You Can’t Stop Me”. Esse deve ser seu trabalho mais importante até agora como produtor, certo? Como aconteceu essa conexão com a label? Você esperou a resposta por quanto tempo?

Alfonso Tan: Sim, eu fiz, e sim, é! Esse é um grande marco em minha jornada como produtor, e estou muito feliz com isso. Eu me senti muito bem com o que criei, mas não tinha certeza de para onde enviar, então fui até o RekordBox e dei uma olhada no que eu tinha tocado em meus sets recentemente.

Parecia combinar com a vibe de algumas faixas do Adesso que eu realmente adoro, então pensei: “por que não?” Localizei o endereço de e-mail do A&R da Adesso e entrei em contato. Demorou cerca de uma semana para receber uma resposta, e fiquei muito feliz por eles quererem a faixa!

A partir daí, assinamos a papelada e passamos pelo processo de masterização da faixa no estúdio deles, depois agendamos e lançamos.

Sabemos que essa faixa tem algumas características bem diferentes, como o barulho do BART em segundo plano e um vocal bem quente. Compartilhe esses detalhes do processo criativo com a gente.

Geralmente, gosto de usar ruídos de fundo para dar ambientação à minha música. O objetivo dessa música era criar um house groover para manter a pista de dança em movimento, e sempre achei que o movimento do transporte ferroviário tinha paralelos com isso.

Felizmente, consegui encontrar uma boa gravação do som que o BART (Bay Area Rapid Transit, em São Francisco) produz. Em um volume baixo, ele fornece o ambiente para a trilha e contribui para sua vibração.

Com relação ao vocal, eu queria algo com alma, com letras que dessem força à pista de dança. Me deparei com o sample de “You Can't Stop Me” e ele me pareceu perfeito para a bateria, o baixo e os sintetizadores que criei.

Geralmente, os samples de vocais são pré-processados (EQ, reverb etc.), mas, felizmente, esse era um sample seco. Prefiro trabalhar com esses samples porque posso processá-los de modo que se encaixem melhor nos outros elementos da faixa.

Usei equalização, reverberação, compressão, duplicação e panning estéreo para dar ao vocal seu calor e amplitude. Também fizemos um resample do vocal para criar alguns swells e outros efeitos para mantê-lo cheio e fresco.

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