Documentário Eletronica:Mentes é apresentado no festival In-Edit Brasil
A história dos primórdios da música eletrônica brasileira
Foi apresentado no último feriado de Corpus Christi (20 de junho), no Festival In-Edit, o documentário 'Eletronica:Mentes', que a Folha descreveu como o preenchimento de uma “lacuna num cenário em que a música eletrônica brasileira praticamente não tem registro além das gravações de áudio.”
O filme aparenta ir rumo a um resumo da história da música eletrônica tupiniquim, mas depois percebemos que não é algo exaustivo; ele se concentra em determinados artistas e histórias, desde os anos 60 até bem ao presente – só faltando mesmo os experimentos futuros, que poderão passar pela inteligência artificial e pela sua incorporação na produção de música como já vem sendo feito em outras latitudes.
Jocy de Oliveira (foto abaixo) e Jorge Antunes, dois pioneiros da cena dos anos 60, surgem com registros visuais de seu trabalho, mostrando como se fazia, experimentava e inovava naquele tempo e com os meios tecnológico à disposição.
A forma como Jorge Antunes fintou as autoridades da época, “importando” um synth do exterior escondido em um cesto de bebê, mostra como, de forma involuntária, o filho de Jorge Antunes também ficou fortemente ligado, desde seus primeiros tempos, a estes desenvolvimentos criativos.
The Radio Droids
Alex Kidd e Savio Lopes, do Radio Droids, estão entre os nomes mais recentes da música eletrônica que já surgem em “Eletronica:Mentes” descrevendo processos e abordagens criativas.
Seu primeiro disco, “Pop Machine”, fala de “cowboys, guerra nuclear e serenatas psicadélicas”, com o projeto unindo os sintetizadores de Kidd à guitarra de Lopes.
Cri du Chat
Pouca informação se encontra atualmente, na internet ou fora dela, sobre o Cri du Chat, o mais importante selo de música eletrônica e alternativa da história da música brasileira.
“Eletronica:Mentes” não passou ao lado deste fenômeno editorial, de curta duração mas que deixou uma marca absolutamente incontornável e que os amantes da música eletrônica – dos mais antigos aos jovens que procuram conhecer a História – não podem deixar de abordar.
A importância da trilha sonora
A Folha citou ainda, e tendemos a concordar, que este é um filme para quem já conhece a música eletrônica e já está enturmado com sua evolução histórica.
Para quem desconhece o tema, a “matéria de estudo” é um tanto pesada. De qualquer forma, para os curiosos e interessados sobre a cena eletrônica nacional, esse é sem dúvida um filme “harcore”, onde o espectador pode saborear cada ideia, cada informação - e cada parte da trilha sonora, concebida precisamente para demonstrar as diferenças entre os artistas e criar os contrastes necessários para compreender toda esta evolução artística e criativa.
Confira em seguida a trilha sonora completa:
“Sambinha do Piscapunga”, Anvil FX
“O gago”, Arthur Joly
“Não Quero Mais Acordar”, Arthur Joly, Monkey Jaham
“Samba da Furadeira”, Loop B
“Farinha Digital”, Pedro Osmar e Loop B
“Cidade Industrial”, Agentss
“Kraker Bumb”, Anvil FX
“Space Cowbow”, The Radio Droids
“Professor Digital”, Agentss
“The Lonely Man”, LORE
“Onírico”, Jocy de Oliveira
O conjunto da trilha sonora reflete precisamente esta perspectiva histórica, trazendo desde nomes bastantes recentes até personagens com mais de 20 ou mais de 30 anos de atividade, como é o caso de Loop B, Anvil FX – e outros como Dino Vicente ou Arthur Joly. Não sendo um exaustivo documentário histórico, “Eletronica:mentes” é um documento essencial para quem, no futuro, quiser fazer um.
Exibido no Matilha Cultural (na Rua Rego de Freitas, São Paulo), o documentário foi realizado por Denis Giacobelis, Paulo Beto e Dácio Pinheiro.
Imagens:
01. In-Edit Brasil
02. Jocy de Oliveira (arquivo pessoal via Vice)