Search Menu
Home Latest News Menu
Cover Stars

Cover Story: Mergulhe no fascinante reino sonoro de Chris Lake

Conversamos com Chris Lake dias antes dele vir ao Brasil como atração principal de dois shows do Festival 'NAFF'

  • Marllon Gauche, Rocío Flores | Photos: Corey Wilson
  • 31 March 2023

O prolífico músico britânico Chris Lake ainda mantém o mesmo senso de curiosidade e fascínio que tinha quando descobriu seu processo criativo de fazer música em tenra idade. Sua discografia é monumental e atualmente é uma das principais referências na cena contemporânea da House Music.

Após tantos anos de trabalho duro e incontáveis turnês ao redor do mundo, Lake criou a Black Book Records, um selo dedicado a apoiar e nutrir talentos da nova geração de DJs e produtores.

Além disso, neste fim de semana Chris Lake retorna ao Brasil mais forte do que nunca, apresentando dois shows em duas cidades a segunda edição do ‘NAFF’ Festival, criado em conjunto com seu parceiro, FISHER.

Estamos completamente certos de que ele nos encantará com o melhor de sua música, incluindo a nova faixa ‘Beggin’ (a ser lançada em 21 de abril) que ele produziu recentemente com Aluna ou a nova e bombástica versão VIP da faixa ‘Deceiver’ feita com Green Velvet.

A Mixmag Brasil sentou-se com o brilhante DJ e produtor para dar aquela atualizada sobre as notícias mais quentes dele, incluindo o esperado B2B com FISHER no Festival Coachella, onde eles encerrarão o outdoor stage no último dia do evento, entre outros assuntos.

Olá Chris! Obrigado por nos receber. Não podemos começar a falar sobre outra coisa que não seja seu retorno ao Brasil para a segunda edição do NAFF, desta vez em dois locais diferentes! O que está em sua mente (e em seu coração) agora?

Eu estou definitivamente animado em retornar ao Brasil. Eu já me diverti muito visitando o país ao longo dos anos. O Brasil foi uma parte enorme do meu início de carreira; eu sempre fazia diversos shows pelo país pelo menos duas vezes por ano. Depois, quando me mudei para a América, minhas viagens se tornaram menos frequentes até provavelmente por volta de 2017, quando comecei a retornar um pouco mais.

‘Só Track Boa’ foi um dos shows que fiz com FISHER em 2018. Nós dois tocamos em shows solo no palco principal e depois disso, fizemos um B2B no palco Garden, onde tocamos por horas; foi um momento decisivo para FISHER e para mim. Nossa equipe nos deu a ideia que nos inspirou a acreditar na magia que tínhamos no B2B tocando juntos, e então criamos todos esses planos e o que queríamos fazer.

Ironicamente, uma das grandes coisas que planejamos fazer depois de terminar nosso set na ‘Só Track Boa’ era se apresentar como headliner no Coachella, o que já anunciamos há alguns meses e agora faremos no mês que vem. Estamos muito animados com isso. O plano era fechar o palco externo no domingo, o que faremos, e estamos emocionados.

O Brasil é inspirador para mim. Eu fiz tantos shows incríveis aí e ser capaz de realizar eventos como ‘NAFF’ com FISHER tem sido incrível, amo fazer isso. Foi uma pena que foi complicado fazer eventos durante a COVID, então tivemos uma pausa de três anos mas agora estamos de volta fazendo acontecer. Estamos incrivelmente animados com isso!

Você sabe, temos ótimos parceiros no Brasil. Uma das coisas que fomos muito específicos é que queríamos encontrar locais incríveis; tinha que encontrar a vibe e lugares que inspirassem a gente e nos fizessem querer ir e realizar o evento. Felizmente, vamos realizar três shows; estamos felizes em marcar presença e passar um fim de semana agitado e exaustivo no Brasil.

Você está na cena há mais de 20 anos... isso é bastante tempo! Certamente passou por muitas transformações. O que mais te motiva a continuar fazendo o que faz?

Tudo é impulsionado apenas pelo fato de me fazer feliz e preencher meu processo criativo. Eu amo absolutamente fazer música e amo fazer música para fazer as pessoas se sentirem bem. Na raiz disso, faço música para me sentir bem, esse é o meu principal objetivo, e meu segundo pensamento é fazer as outras pessoas sentirem o mesmo.

Eu acordo todos os dias e estou animado em me fazer feliz primeiro com a música. Parece simples, eu posso parecer bobo para muitas pessoas, mas acho isso muito eficaz, e quando toco para as pessoas e sinto que esse trabalho é validado, é incrivelmente satisfatório; esse ciclo me mantém em movimento e eu simplesmente amo. Ainda sinto a mesma coisa que sentia quando era adolescente e fazia música, isso definitivamente me mantém jovem por dentro.

“O Brasil é inspirador para mim. Eu fiz tantos shows incríveis no país e poder realizar eventos como ‘NAFF’ com FISHER tem sido incrível, amo fazer isso.”

Com sua extensa carreira na cena, você tem como dar oportunidades a novos artistas, certo? Muito disso acontece por meio da Black Book Records, sua gravadora fundada em 2017. Como funciona a curadoria? Você tem uma equipe para ouvir as demos e decidir o que será lançado?

Sim, é engraçado você perguntar isso! Essa é uma parte desafiadora de administrar uma gravadora. Especialmente em 2023, esta geração tem muitos produtores musicais; muitas pessoas estão fazendo house music. Acho que muitos produtores se sentem atraídos por gravadoras como a Black Book Records porque os lançamentos que apresentamos têm bom desempenho, por isso tenho orgulho de como fazemos os lançamentos parecerem com a arte e as promos. Isso faz com que muitas pessoas queiram fazer parte disso.

Recebemos muita música, e é bastante desafiador ouvir tudo, mas tentamos. Tentamos melhorar nossos métodos e dar nosso feedback às pessoas quando ouvimos sua música. É muito trabalho; eu preciso de ajuda para fazê-lo. Tenho menos tempo para ouvir demos, mas tenho ótimas pessoas trabalhando comigo, me ajudando a encontrar os próximos lançamentos e artistas que queremos apoiar e ajudar a desenvolver.

No cerne disso, queremos ajudar a desenvolver os próximos headliners. Queremos estar envolvidos no desenvolvimento de artistas que continuarão a inspirar a próxima geração e tentar encontrar artistas que abordem as coisas de maneira diferente e tenham o Fator X. É ótimo estar envolvido no desenvolvimento de artistas dentro da cena, assistir ao crescimento deles e aumentar a empolgação na cena em geral.

Vários artistas que lançaram pelo selo ainda tiveram a oportunidade de tocar com você nas “Block parties” da gravadora, certo? Você sente que a vibe mudou desde antes da pandemia até agora? Você acha que o mercado está saturado?

O mercado está saturado há muito tempo; é bem normal. Mas realmente depende de como você quer olhar para a coisa; tem tantas gente tentando fazer música, promovendo eventos e fazendo muitas coisas dentro da indústria, sim, pode ser problemático, mas também pode ser inspirador, porque no fim das contas, minha equipe e eu não estamos focados no que as massas estão fazendo, estamos focados em tentar descobrir como podemos aprimorar continuamente as coisas e torná-las melhores, mais empolgantes, fazendo block parties e encontrando locais únicos - nos esforçamos para encontrar espaços diferentes, fazer algo diferente do que os outros fazem.

“Só Track Boa foi um dos shows que fiz com FISHER em 2018. Tocamos solo no main stage e depois B2B no palco Garden, onde tocamos por horas; foi um momento decisivo para FISHER e para mim.”

Quais são os principais pontos da evolução da marca até agora?

Além da música, estou incrivelmente orgulhoso da direção de arte dentro da Black Book Records, e pode ser uma das partes mais fortes do selo. Colocamos muito tempo e esforço em tentar ser inovadores e inspiradores. Sinto que um bom indicativo do quanto você anda inspirando as pessoas é quando outros copiam você, e nós já fomos muito copiados, o que nos mantém em constante mudança e melhorando o que fazemos, mas eu gosto disso, gosto do fato de que estamos inspirando pessoas e sendo copiados, isso nos mantém avançando, então é legal.

Nos eventos, estamos constantemente descobrindo quais eventos podemos realizar que melhor representem o selo, parece um ótimo momento. Muitas vezes temos que ir aos lugares e montar as coisas do zero, o que é muito desafiador, mas, no final, temos a sorte de realizar grandes eventos com muitas vendas, que as pessoas adoram e estão realmente animadas em acontecer de novo. Sempre tentamos evoluir e fazer coisas diferentes. Muitos dos shows que vamos fazer serão diferentes dos anteriores. Estamos constantemente tentando avançar.

Como são criadas as ideias para o merchandising? Você colabora mais diretamente ou indiretamente nas peças que são criadas?

Existe um esforço colaborativo, mas isso depende do item. Eu sou muito exigente em fazer bons itens que as pessoas possam guardar, que durem bem, tenham bons designs e as pessoas se orgulhem de usar, que não pareça algo que você queira jogar fora após o primeiro uso; não estamos interessados nisso, queremos fazer ótimos itens, e a última coisa que pensamos é o lucro, assim como em tudo, porque acredito que se você acabar fazendo coisas boas, o resto funciona. Essa é a abordagem que adotamos.

“É ótimo estar envolvido no desenvolvimento de artistas dentro da cena, assistir o crescimento deles e aumentar a empolgação na cena em geral.”

Em seus shows recentes, você valoriza a conservação do oceano e a erradicação do plástico em seus eventos. Desde quando essa mudança aconteceu ou começou a acontecer?

Para ser honesto, essa foi uma inspiração que tive quando eu fui ao Burning Man. As fundações e a ética por trás do evento eram incrivelmente inspiradoras. Por exemplo, os participantes e sua abordagem mental, não deixando marcas no local e buscando não serem desperdiçar as coisas. Eu achei isso muito inspirador, me permitiu olhar para várias partes da minha vida e da vida de outras pessoas, questionando o que poderia ser melhorado.

Infelizmente, no mundo em que vivemos, se você perguntar o que pode ser melhorado, a resposta será absolutamente tudo. O trabalho é enorme, tentando descobrir como podemos ter um estilo de vida sustentável sem destruir a Terra onde vivemos, então isso me impulsionou a começar a fazer mais e mais perguntas.

À medida que meu nome crescia, comecei a me perguntar como poderia usar isso para incentivar as pessoas com quem trabalhava em shows a tentar empregar práticas que pudessem melhorar os eventos, usando menos plástico descartável e coisas assim, tentar ser mais sustentável. Não posso dizer que sou um especialista ou que sei absolutamente tudo, mas tenho interesse e quero melhorar. Todos devemos nos esforçar para melhorar as coisas para serem sustentáveis.

Sustentabilidade não deveria ser uma palavra suja; sustentabilidade deve ser algo empolgante. No final do dia, ser sustentável significa que a humanidade pode continuar fazendo as coisas para sempre, e isso é incrível porque é legal pensar que eventos podem acontecer para sempre sem destruir o planeta.

Há muito trabalho a ser feito, e não é fácil. Não quero demonizar as pessoas pelas práticas que estão fazendo agora, mas sim tentar encorajá-las a começar com as mudanças mais simples. Sempre viajo com uma garrafa de água e a reabasteço em vez de comprar uma garrafa de plástico toda vez. Coisas assim realmente podem fazer a diferença.

No início da sua resposta, você disse que foi inspirado pelo Burning Man, um evento que começou com uma filosofia fantástica sobre viver em um mundo sustentável onde dinheiro real não existe. Você considera que o núcleo central de uma celebração como essa perdeu seus valores iniciais?

Absolutamente, essa é a minha percepção. No entanto, não posso dizer que conheço intimamente porque ainda não voltei, já que nunca estou disponível quando o Burning Man acontece. Mas definitivamente é minha percepção. E, claro, o dinheiro parece mudar as coisas e quando mais pessoas se aproximam do evento com dinheiro, ultrapassando alguns dos fundamentos éticos do que o evento deveria ser, isso é problemático.

“Gosto do fato de que estamos inspirando pessoas e sendo copiados, isso nos mantém avançando, então é legal.”

Falando agora dos shows, além do ‘NAFF’ no Brasil, alguns dias depois você sobe ao palco do gigante Coachella com FISHER. O que o público pode esperar de diferente neste show especial?

Bem, conheci FISHER há cerca de oito anos. Quando nos conhecemos, simplesmente nos conectamos; tenho a sorte de chamá-lo de um dos meus melhores amigos; ele é um ser humano fantástico e é impossível não se divertir quando ele está por perto.

Nós nos inspiramos musicalmente; compartilhamos o mesmo empresário e temos membros da equipe semelhantes. Então, é realmente muito fácil para nós realizar esses eventos. Às vezes, em eventos, você pode ver que colocam dois DJs para tocar juntos, e pode ser um pouco confuso quando eles têm equipes diferentes; colocar todos na mesma página é difícil, mas para FISHER e eu é realmente fácil. Nossa amizade e conexão musical podem ser sentidas quando tocamos juntos; nos divertimos muito.

Também temos amigos e familiares conosco quando estamos fazendo shows juntos; não fazemos isso com muita frequência, mas quando fazemos, reunimos todos e nos divertimos pra caramba. Uma das melhores maneiras de descrever nosso B2B é ter uma festa com nossos amigos e convidar outras pessoas para se juntar a nós, e é isso que sentimos que é um B2B. Simplesmente amamos; estamos muito orgulhosos do que fazemos.

No início de março, você lançou uma versão VIP do hit “Deceiver”, com Green Velvet, uma faixa que fez parte do 50º lançamento da Black Book. O que você destacaria sobre esta nova versão?

Durante a pandemia, um dos meus melhores amigos, Chris Lorenzo, me ligou e disse: “Chris, tenho um desses shows drive-in na Califórnia e realmente quero que você faça uma versão VIP de uma de suas faixas, qualquer uma para o meu set”. Eu disse: “Cara, não estou afim disso, então não”.

No final da ligação, cerca de uma hora depois, passei uma hora tentando ver se conseguia fazer algo, e fiz essa versão em uma hora e enviei para ele. Ele tocou, e teve uma das melhores reações da noite. Ele tinha uma cópia da faixa, eu tinha outra, e dei uma para FISHER.

Foi uma daquelas faixas que teve uma reação incrivelmente boa. No começo, eu queria mantê-la só para mim. Eu disse a todos que não queria lançá-la e a mantive para meus sets. Eu não sei porque, naquele momento, senti que nos últimos meses, estava colocando tanto trabalho em minha próxima música. Mas as pessoas continuavam me perguntando sobre a faixa, então eu a lancei.

“Conheci FISHER há cerca de oito anos. Quando nos conhecemos, simplesmente nos conectamos; tenho a sorte de chamá-lo um dos meus melhores amigos.”

O que você pode compartilhar sobre como personalidades como Green Velvet contribuíram para sua visão musical?

É impossível não se inspirar em Green Velvet, sua discografia é incrível e sua relevância até hoje é impressionante. Ele é excepcionalmente relevante para a juventude atual; ele é único. Eu o amo; sua personalidade é contagiante, e suas contribuições musicais têm sido sentidas por gerações. Dizer que trabalhei com ele me deixa muito orgulhoso.

E olhando para frente, temos o single ‘Beggin’ (a ser lançado em 21 de abril) em colaboração com Aluna, que já tivemos a chance de ouvir, e é incrível! Vocês já se reuniram no estúdio para essa missão?

Tivemos várias sessões em estúdio, criando essa música. Eu não tinha encontrado a Aluna antes e fiquei realmente impressionado com ela; é uma artista fantástica; estou muito feliz com a faixa que criamos juntos; simplesmente parece diferente e mal posso esperar para as pessoas ouvirem.

Por fim, gostamos sempre de pedir dicas ou mensagens de encorajamento para aqueles que estão no início de suas carreiras, lutando por seu espaço. O que você diria a eles?

No fim das contas, o mais importante é que você precisa encontrar o que te faz único. Isso é o que você realmente precisa. Não é tentar encontrar o som ou imitar a pessoa que está em alta agora.

Você só precisa descobrir a parte da sua música que te torna excepcional. Não tenha vergonha de mostrar essa singularidade; abrace-a; é a coisa mais poderosa que qualquer artista tem.

Obrigado!

Follow Chris Lake on Instagram | Facebook | Soundcloud

Follow Black Book Records on Instagram

Photos: Corey Wilson

Next Page
Loading...
Loading...