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Coluna Mister Jam: a produção nacional

Mister Jam fala sobre a produção de música eletrônica brasileira

  • Mixmag Brazil Staff
  • 1 June 2015

A academia está bombando. Na rádio pulsa um hit com batida house, synths frenéticos e uma vocalista "gringa" entoa um refrão contagiante que impulsiona os alunos em seus treinos.

Um deles até cantarola a melodia da música, entre séries de supino. Ninguém desconfia, mas a música que está no ar é uma produção nacional e a cantora provavelmente mora lá no Rio de Janeiro, ou aqui em Sampa... ou em Brasília.

A história da produção de música eletrônica comercial do Brasil vem de longa data, mas pode-se dizer que tornou-se realmente relevante a partir de 1995, quando um grupo de 'producers' e seus artistas tomaram de assalto as rádios FM jovens do país, consequentemente as pistas, chegando a frequentar trilhas sonoras de novelas globais.

De lá pra cá, cada geração contribuiu à sua maneira, gerando hits, revelando nomes, numa lenta mas constante (r)evolução. Muitos são os personagens dignos de citação. Muitas são as histórias que mereciam ser contadas aqui: do pioneirismo de Gregão ou Memê, passando por Tibor Yuzo, FC Nond, Alessandro Tausz, Cuti, Tom Hopkins e Joe K, entre outros.

Mas hoje, convido-os a conhecer a história que vivenciei e a traçar, comigo, uma ponte comparativa entre 1995 – 2005 e 2015.

Apertem os cintos e vamos embarcar em uma viagem no tempo, rumo a 1991, quando Paulo Jeveaux (a quem considero meu mentor - o cara que praticamente me ensinou o que sei de produção) trabalhava em bases para versões dos hits dos anos 70, com a pegada mais "moderna" (entenda-se moderna para a época, a pegada house 90s) para um show que fazia em companhia da cantora Sandra Gottlieb.

Os dois rodavam com sucesso, de terça a domingo, apresentando-se em baladas do Rio de Janeiro.

Tudo mudou quando em 1994 a música 'Rhythm of The Night', da Corona, chegou aos ouvidos de Jeveaux: com arranjo aparentemente simples, o segredo seria buscar timbres próximos e como a vocalista era uma brasileira (Olga de Souza), foi a fagulha que o motivou a tentar "beliscar" uma fatia desse mercado, afinal o estilo praticamente dominava as rádios.

Ao ser apresentado a DJ Nino Carlo, investiram em uma primeira experiência: a música 'No One To Answer', foi produzida com o que havia de mais avançado na época: DX 7, sampler S 550, e uma clássica DJ 70. Jeveaux gravou os vocais de Sandra com seu SM 58 em um Akai de rôlo, em sua casa.

A mixagem acabou sendo feita em um estúdio emprestado. Nascia assim o primeiro hit da cantora Gottsha.

Esse era ainda um mundo sem internet, no qual o único jeito para se divulgar música era o enviar a faixa em CD para as rádios ou para os DJs!

Realidade não tão longínqua, mas para muitos DJs da nova geração, um trâmite absurdamente jurássico em tempos de MP3, SoundCloud, MixCloud, Beatport e outras ferramentas.

Era o dobro, talvez o quádruplo da dificuldade para se promover uma track!

Uma vez distribuída para diversos DJs e radialistas formadores de opinião, entre eles o locutor André Gasparetti, a música subiu nas paradas e garantiu seu lugar na programação da Rádio RPC.

Preconceitos sempre existiram e mesmo um dos selos precursores do estilo, a Spotlight Records demorou a comprar a idéia logo de início, até constatar de vez o inusitado sucesso da faixa de Gottsha. Rendeu-se pouco tempo depois, fechando contrato para o primeiro álbum da artista.

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