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ANNA TUR: dos tempos da Ibiza Global Radio e primeira residência na ilha à LOWLITA Records, Balearica Music e os shows internacionais
Entrevistamos ANNA TUR para conhecer a trajetória da artista de Ibiza que está mais quente do que nunca
Muitos artistas vivem da música. Mas poucos vivem e respiram música como a DJ e produtora de Ibiza, Anna Tur, cuja paixão pela arte começou antes mesmo dela nascer.
Sua combinação equilibrada entre house e techno já a levou a tocar em alguns dos maiores clubes e festivais internacionais do mundo.
Além da música, seu trabalho nas ondas do rádio muito contribuiu para o sucesso, reconhecimento e atual projeção internacional que ela alcançou.
Por quase duas décadas, Anna Tur foi gerente geral da Ibiza Global Radio TV, uma das mais importantes rádios dedicadas à música avançada do mundo.
Sem o trabalho dela, seria impossível entender o sucesso da emissora.
Depois da sua partida, sem deixar para trás o espírito radiofónico que tanto a caracteriza, a artista de Ibiza criou o On Air com Anna Tur. Um programa de rádio em formato podcast, no qual Anna apresenta suas músicas favoritas, lançamentos e convidados especiais, desde as figuras mais influentes da cena até os novos talentos que ela apoia.
Mas seus empreendimentos não param por aí. À sua música, atuações, transmissões ao vivo e programa de rádio juntam-se os seus projetos mais recentes: LOWLITA Records, gravadora criada por Anna com Gonçalo Miranda e Hosse, focada no groove da house music com o techno e a pegada industrial; e a Balearica Music, descrita pela própria Anna como a evolução da rádio onde, desta vez, se envolve “mais na vertente executiva e não na artística”.
Com centenas de apresentações nos cinco continentes, lançamentos de sucesso, programas de rádio, gravadoras e tantos outros projetos por trás dela em apenas algumas décadas, só podemos imaginar, para onde Anna Tur nos levará a seguir? Falamos com ela para saber mais. Confira!
Oi Anna! Ótimo falar com você! Poderia compartilhar sua história com o público brasileiro que talvez ainda não a conhece? Como você começou na Dance Music?
Olá! É um prazer poder me conectar com seu público no Brasil.
A minha paixão pela música começou muito cedo, pois os meus pais dedicaram toda a vida à rádio, e a minha mãe principalmente à música.
Ela é jornalista e DJ de rádio. Eles incutiram em mim esse amor pela música, aliás minha mãe fez rádio durante a gravidez e desde antes de nascer já me ligava a isso.
Depois estudei marketing e relações públicas, mas sempre pensando que meu destino final seria a mídia e assim foi por muito tempo. Então, em 2010, também comecei minha carreira como DJ.
Aprendi a tocar dedicando muitas horas, muitos dias, muitos meses. Me lembro de usar um equipamento antigo da Pioneer que havia sido trocado na rádio, um mixer Pioneer DJM 700 e um CDJ 1000, que só permitia usar CDs de áudio.
Aí veio a evolução para o MK2, que permitia arquivos MP3. Também toca-discos Technics 1200 MK2, que ainda tenho até hoje. Meu primeiro show foi em 2010, na lendária Space Ibiza, lembro disso com muito carinho. Eu estava super animada naquele dia.
Você foi, por muitos anos, Gerente Geral da Ibiza Global Radio TV, uma das mais importantes rádios dedicadas à música eletrônica do mundo. Como esse histórico ajuda você como artista hoje?
O que realmente me fez mergulhar na carreira de DJ foi viver cercada 24 horas por dia, 7 dias por semana, por DJs e produtores. Eu curtia vê-los trabalhar, tinha grande admiração pelo trabalho deles e fiquei fascinada pelo fato de poder fazer as pessoas curtirem a música que você toca para eles, sempre selecionada com amor, de coração, direto para o seu público.
A rádio me ajudou muito a lançar minha carreira e divulgar meu trabalho, mas chega uma hora que faz sentido diferenciar sua imagem de DJ de rádio para focar no internacional. Claro, existem algumas exceções que são DJs de rádio e tambem DJs internacionais, como Pete Tong...
Ser uma artista de Ibiza deve ter seus altos e baixos. Fale sobre os aspectos que a ajudaram - e tambem o outro lado, os desafios que você teve que superar por ser artista de Ibiza?
Você tem toda razão, ser DJ residente em Ibiza tem prós e contras. Sou grato à ilha por ter sido minha plataforma de lançamento.
Sou DJ há muitos anos e comecei como residente na ilha; desde beachclubs como o primeiro Ushuaia, que era um bar de praia, até espaços de eventos emblemáticos que já não existem mais, como a Space Ibiza, El Ayoun, Km5 Ibiza, Sushipoint, mas também em templos da música eletrônica como Pacha Ibiza, Amnesia, Café del Mar, Mambo, entre outros.
Meus primeiros 10 anos foram nas mãos de Sebastian Gamboa e sua festa Vintage Ibiza. Foi com David Moreno a minha escola.
Há um momento em que acontece a mesma coisa que acontece na rádio quando, para ser percebido como uma figura mais internacional, você tem que sacrificar tocar em lugares que não te posicionam como tal.
Muitas vezes me senti mal, porque amigos locais me pediram para tocar, mas há 8 anos venho trabalhando com uma equipe de gestão que traça estratégias que acha adequada a cada momento e tenho que ser a parte que executa esses planos. Sempre com amor e respeito.
Agora vamos falar sobre a LOWLITA Records. Quando surgiu a ideia do label? O objetivo foi para lançar música com mais liberdade ou um novo negócio?
Lowlita é um projeto criado durante a pandemia. Ter tempo para ficar em casa e planejar coisas novas fez nascer a gravadora com amigos como o Gonçalo e o Hosse, já que musicalmente nos entendemos muito. Nós nos apoiamos muito durante o lockdown e ficamos muito próximos uns dos outros.
Lowlita é o nome que demos para minha cadela de 10 anos, a Lola. Sempre que estávamos em estúdio ela vinha até nossos pés e passava horas e horas ouvindo e se expressando através de seus impulsos, como se amasse música eletrônica. Claro que trabalhávamos em volume médio, e na hora de aumentar o volume a gente levava ela pra fora, embora ela arranhasse a porta querendo entrar, hehe.
É um projeto feito e pensado a partir do amor. Um espaço compartilhado onde podemos nos expressar com música. Nunca pensei nisso como um negócio, embora obviamente seja melhor se funcionar como tal, como todas as coisas. Mas digamos que o projeto não foi criado para ganhar a vida com isso. Cada um de nós tem o próprio caminho e carreira.
Que tipo de música melhor se encaixa no label? Artistas podem enviar música tambem?
Agora mesmo o meu novo EP ‘My Girls’ está saindo; com duas originais. Uma se chama ‘Georgina’ e a outra se chama ‘Lolita’. Elas são minhas duas garotas favoritas, minha filha e meu cachorro :)
Qualquer produtor que possa apresentar um trabalho interessante, criativo e feito com amor, que te faça vibrar... é bem-vindo.
É uma gravadora aberta a novos talentos e estilos diferentes dentro da eletrônica.
Como está Georgina? Dar à luz é uma experiência inesquecível que pode mudar a forma como vemos as coisas. O que você pode dizer sobre sua perspectiva de vida, como DJ e produtora antes e depois da Georgina?
Uau, Georgina é a melhor coisa que já me aconteceu. Ela agora tem 3 meses e é um bebê muito desejado. Ter que ficar trancada e com toda essa mudança de vida, por dois anos durante a Covid-19, me fez refletir sobre muitos aspectos da minha vida.
Livrei-me de amizades que não eram amigas de verdade, tomei decisões importantes, assumi novos projetos... e também o fato de passar a querer ser mãe. Estou trabalhando há dois meses. Acredito que na sociedade de hoje também existe lugar para DJs com crianças e que isso não deve ser um estigma.
Temos tanto direito quanto os homens de constituir família, trabalhar e realizar nossos sonhos. Estou fazendo isso, embora seja verdade que tenho sorte de ter ajuda na minha maternidade. É algo muito mais mental do que qualquer outra coisa. Se você quiser de verdade, vai acontecer.
Sinta-se à vontade para falar sobre os tópicos abaixo:
Vou responder em poucas palavras, mas vou falar de forma clara e convincente.
• A experiência e a vida na Ibiza Global Radio
Algo que vai além do aspecto terreno e racional. Foi a criação do meu pai, que minha equipe e eu colocamos no topo.
Mas as coisas mudam e acho que não estar lá hoje me deixou mais feliz.
Infelizmente, meu pai faleceu há 4 anos, tudo perdeu o sentido para mim, mesmo ele não trabalhando há 8 anos lá, ele era meu melhor conselheiro, como o sábio que sempre foi.
Foram 16 anos de muita intensidade, conquistas e também de sofrimento. Você tem que colocar muito amor em projetos assim, mas as coisas começaram a ficar bem diferentes.
• O trabalho na Lowlita Rec
Pretendo continuar fazendo a gravadora crescer e posicioná-la onde precisa estar durante 2023. Com novas colaborações com artistas consagrados e novos talentos.
• O novo projeto Balearica Music
Meu sonho sendo realizado. A evolução da rádio. Mas dessa vez mais no lado executivo e não no artístico. Eu separo totalmente os dois perfis.
Você já está de volta à cabine de DJ. Já tem eventos, festivais e clubs programados nesse retorno?
Um mês depois de me tornar mãe eu já estava trabalhando. Tenho algumas datas em dezembro, em lugares como Espanha, Itália, Suíça e Alemanha.
2023 promete ser um bom ano, o primeiro trimestre está quase cheio e estamos olhando para algumas possibilidades muito interessantes.
Para o próximo verão já tenho alguns festivais e datas importantes confirmadas, mas ainda não posso revelar….
Para ser sincera, se 2023 for parecido com 2022, ficarei feliz.
Alguma turnê brasileira nos planos para o ano que vem? :)
Eu adoraria, é claro, conhecer o país. Gostaria muito de fazer em 2023, já ouvi falar muito bem da cena no Brasil e do público. Mal posso esperar! Seria a minha primeira vez ;)
Por último: sempre pedimos dicas para os novos talentos que estão na batalha. Poderia dizer algo para eles?
Sim, claro e com prazer. Você tem que lutar pelo que você sonha e quer ser. Visualize, trabalhe MUITO, sempre com muito respeito e verdadeira paixão.
Esteja ligado à indústria, vá a shows e espectáculos e observe as reacções que os artistas provocam no público, treine e nunca desista, porque muitas vezes os sonhos tornam-se realidade.
Muito obrigado pela entrevista e muito amor!
