3 Coisas Que Todo Festival Deveria Fazer
Exemplos a serem seguidos
Nem só de um lineup atrativo e um conceito único vive um bom festival. Pelo menos não mais, numa época em que os festivais pipocam aos montes, tornando mais difícil a tarefa de se destacar na multidão.
Na super temporada de festivais da Europa e dos Estados Unidos, três festivais inovaram na estrutura ou na experiência oferecida ao público, criando exemplos que precisam ser seguidos mundo afora:
1 Fazer teste de substâncias abertamente
O britânico Secret Garden Party se tornou o primeiro festival do Reino Unido a oferecer teste de substâncias para o público. O melhor: em parceria com autoridades de saúde e segurança locais.
Alguns festivais oferecem orientação sobre redução de danos, mas geralmente não dão um passo tão avançado quanto o do Secret Garden Party por receio de serem enquadrados em brechas das leis anti-drogas locais. O festival britânico virou o jogo e trouxe as autoridades para o seu lado.
Durante o festival, cerca de 200 pessoas utilizaram o serviço. Foram encontrados cerca de 80 componentes preocupantes, como sulfato de amônia, normalmente utilizado em inseticidas. Aproximadamente 25% das pessoas optaram por descartar suas substâncias após os testes.
2 Transformar o livestream em uma experiência coletiva
A sacada foi do Tomorrowland, através da ação UNITE. No lugar de apenas oferecer a transmissão ao vivo do festival para que as pessoas pudessem acompanhar na solidão de suas casas, neste ano o Tomorrowland criou uma conexão direta com livestage em eventos em sete países nos cinco continentes: Colômbia, México, Índia, Japão, África do Sul, Alemanha e Israel.
Fãs puderam acompanhar a transmissão dos shows do palco principal no segundo dia de festival, intercalados com sets de DJs in loco e com direito a palco com cenografia à la Tomorrowland.
3 Contribuir com o empoderamento feminino
Casos de assédio e estupro em festivais são notícias tão recorrentes quanto internações e mortes por uso inadequado de substâncias. Atento a isso, o festival norte-americano Electric Forest criou uma programação extensa dedicada às mulheres.
Além de um acampamento feminino, com equipe de suporte o tempo todo, o festival também realizou palestras com mulheres envolvidas na indústria da música e dos festivais e encontros com as mulheres por trás da produção do festival. O objetivo foi criar um ambiente de inspiração "com o maior empoderamento e apoio possíveis" para as mulheres.
Priscila Brito é jornalista e melômana. É editora do Festivalando e nos últimos dois anos foi a 15 festivais em 12 países.
Main Photo: Tomorrowland Unite
Secret Garden Photo: Samantha Milligan
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